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O Prémio Grünenthal/ASTOR 2016 acaba de ser atribuído a uma equipa de médicos da Unidade de Dor do Centro Hospitalar do Porto, por um caso clínico sobre a doença de Buerger, e a uma equipa de médicos da Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de Cascais pelo estudo sobre a dor aguda e incidência de dor crónica pós-alta.
«Com este trabalho verificámos que a estimulação elétrica medular é uma terapêutica eficaz no tratamento da dor e na melhoria da perfusão tecidular na doença de Buerger, podendo melhorar a recuperação funcional destes doentes e atrasar ou evitar a necessidade de amputação», explica Dalila Veiga, médica anestesiologista da Unidade de Dor do Centro Hospitalar do Porto.
A doença de Buerger é uma doença inflamatória das veias e artérias de pequeno e médio calibre que se apresenta com isquemia dos pés e das mãos, e tem maior prevalência no género masculino e em fumadores.
«Para este caso clínico acompanhámos uma doente de 60 anos, com antecedentes de tabagismo e seguimento em consulta de cirurgia vascular por úlceras digitais e dor nas mãos com 14 meses de evolução que foi posteriormente referenciada para a unidade de dor crónica. Após a colocação de um estimulador elétrico medular a doente reportou ausência de dor e melhoria das úlceras digitais, tendo sido iniciada redução da terapêutica analgésica.»
A equipa de investigadores do Hospital de Cascais, igualmente vencedora do Prémio Grünenthal/ASTOR, desenvolveu um trabalho que teve como objectivos avaliar a dor aguda durante o internamento em Unidade de Cuidados Intensivos e investigar a incidência e impacto da dor crónica nos doentes após alta.
Para essa investigação foi realizado um estudo retrospectivo da dor durante o internamento, através da análise de várias escalas de dor e a avaliação da dor crónica, através de entrevista telefónica nos doentes com 6 a 12 meses pós-alta.
«Os resultados apontam que mais de metade dos doentes após a alta hospitalar sentem dor crónica, 22 por cento refere que a mesma está localizada na articulação do ombro. Essa dor tem interferência na atividade em geral, na disposição, na capacidade de andar a pé, no trabalho, nas relações pessoais, no sono e no prazer de viver. Verificou-se que os doentes com dor crónica tinham níveis mais elevados de dor avaliada no internamento», explica Raquel Almeida, uma das investigadoras deste projecto vencedor.
«Concluímos com o nosso estudo que a dor crónica apresenta grande incidência em doentes com alta da Unidade de Cuidados Intensivos. A avaliação sistemática da dor e o seu controlo são fundamentais dado que níveis maiores de dor aguda estão associados a maior incidência de dor crónica», conclui.
O Prémio Grünenthal/ASTOR destina-se a galardoar trabalhos originais em língua portuguesa sobre aspetos de investigação clínica no âmbito do tratamento da dor, ou descrição de casos clínicos, da autoria de profissionais de saúde e apresentados sob a forma de comunicação oral.
Este prémio foi entregue no Convénio da ASTOR (Associação para o Desenvolvimento da Terapia da Dor) que teve como objetivo criar um espaço de informação, debate e discussão de ideias e propostas de melhoria no âmbito do diagnóstico e tratamento da dor crónica e aguda e da dor no doente oncológico.
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