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White Fleet
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A frota de lugres bacalhoeiros era conhecida em todo o mundo como a “White Fleet” porque todos eles tinham os cascos pintados de branco, com velas também brancas. Uma necessidade surgida durante a
Segunda Grande Guerra em que Portugal não participou por se ter declarado pais neutro no conflito.
Originalmente cada armador pintava os seus navios com a cor de que mais gostava e muitos bacalhoeiros tinham o casco pintado de cor de sangue de boi com uma risca amarela na amurada.
Na
1ª Grande Guerra foram vários navios nossos afundados pelos Alemães, incluindo um lugre que fazia a viagem inaugural e cujos tripulantes foram obrigados a tentar atingir terra em escaleres a remos, em alto mar, ao largo da Galiza.
E conseguiram...
Durante a
2ª Grande Guerra os lugres
Delães e
Maria da Glória foram afundados em
1942 por submarinos alemães. Do Delães todos se salvaram, mas do Maria da Glória apenas sobreviveram sete tripulantes que com fome e em desespero
até comeram o cão do navio...
O comandante do lugre, capitão Sílvio Ramalheira foi um dos sobreviventes e demorou muitos meses a recompor-se.
Depois destes naufrágios, tomou-se a decisão de pintar os navios de branco com o nome e a nacionalidade bem pintados no costado e a bandeira portuguesa nas amuras e nas alhetas.
Foi assim que, a partir de
1943, a nossa frota bacalhoeira ficou mundialmente conhecida por
"White Fleet".
Esta decisão foi tomada de acordo com os
Aliados e comunicada a todas as partes em conflito.
A frota de pesca portuguesa passou a navegar em grandes comboios de lugres brancos, com velas brancas e sem contactos rádio durante a travessia, proibidos pelos
nazis Alemães.
Os bacalhoeiros distinguiam-se bem de qualquer outro navio em alto mar…
Só os nossos barcos tinham esse aspecto e eram belíssimos. Os mais bonitos de todas as frotas de pesca em qualquer parte do mundo.
Aqui se mostram e se conta uma resumida história dos
4 mais conhecidos veleiros portugueses da pesca do bacalhau, alguns com mais de 70 anos, 3 deles em perfeito estado de conservação, um nos
Estados Unidos, outro na
Marinha Portuguesa e o terceiro propriedade da firma
Pascoal & Filhos.
Um quarto
está ainda a aguardar restauro e foi também adquirido pela
Pascoal & Filhos.
São eles o “
Gazela Primeiro” construído em
madeira na viragem para o século XX, o “
Creoula” e o “
Santa Maria Manuela”, gémeos e o “
Argus”.
Estes três últimos construídos em
aço e com características muito semelhantes.
Os gémeos foram construídos lado a lado nos estaleiros navais da CUF na Rocha Conde de Óbidos em Lisboa em
1937 para a Parceria Geral de Pescarias e Empresa de Pesca de Viana e o “Argus” na Holanda em
1938.
Os “gémeos” foram lançados à água no mesmo dia,
10 de Maio de 1937.
Primeiro o Santa Maria Manuela e
um minuto depois, o Creoula.
Momento solene este que contou com a presença do
Presidente da República, Gen. Óscar Carmona, e de muitas personalidades do Estado Novo.
Cerimónia abrilhantada pela da
Banda da Armada, tendo na ocasião sido prestadas honras militares por uma companhia de Marinha proveniente do
N. E. Sagres.
Portugal fica agora com uma frota única no mundo. Três veleiros de quatro mastros!
Vamos visitar estas belezas, exemplo dos muitos lugres que protagonizaram centenas de campanhas de pesca na
Terra Nova e Groenlândia durante mais de 90 anos e com 2 a 3 milhares de pescadores por época..
Mas o tempo do bacalhau pescado à linha e em dóris de um só homem, acabou.
E no entanto esse tempo ficou para sempre entranhado nas redes daqueles que o viveram.
Talvez mais de um quarto de milhão de portugueses tenha participado.