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Foi 11 vezes à urgência e não detetaram tumor fatal de 1,6 quilogramas

Lordelo

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Durante três anos, uma jovem de Recarei, em Paredes, deu entrada 11 vezes no serviço de Urgência do Hospital Padre Américo, em Penafiel.

Em todas as ocasiões, os médicos apresentaram o mesmo diagnóstico: estado de ansiedade. Sara, 19 anos, acabou por morrer, dois dias depois da última passagem pelo hospital. A autópsia revelou um tumor com 1,670 quilogramas alojado na cabeça. Os pais exigem justiça e avançaram para tribunal.

Apesar de a rapariga vomitar, ter perdas de consciência e não controlar a urina, nunca a submeteram a uma tomografia axial computorizada (TAC) ou ressonância magnética. Os pais de Sara Moreira alegam que houve negligência médica, numa ação administrativa para efetivação de responsabilidade civil extracontratual contra o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), ao qual pertence o Hospital Padre Américo.

IN:JN
 

Feraida

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Foi 11 vezes à urgência. Diagnosticaram-lhe ansiedade e morreu de cancro

Sara foi 11 vezes às urgências do Hospital de Penafiel


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| ARQUIVO/GLOBALIMAGENS

Sara Moreira tinha 19 anos e morreu depois de três anos de idas consecutivas às urgências. Ordem dos Médicos promete processo disciplinar

Ao longo de três anos, Sara Moreira, de 19 anos, natural de Recarei, Paredes, deu entrada 11 vezes nas urgências do Hospital Padre Américo, em Penafiel. Segundo o Jornal de Notícias, de todas as vezes o diagnóstico foi o mesmo: estado de ansiedade.

No entanto, Sara viria a morrer dois dias depois da última passagem pelo hospital, em 2013, e a autópsia revelou que tinha alojado na cabeça um tumor com 1,670 quilogramas.

Nunca, nas suas idas ao hospital, foi submetida a uma TAC (tomografia axial computorizada) ou uma ressonância magnética, que poderiam ter sido fundamentais para um diagnóstico correto.

Os pais de Sara alegam que houve negligência médica e avançaram com uma acção em tribunal contra o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, ao qual pertence o hospital de Penafiel, pedindo uma indemnização. Ao JN, sublinham: "Não perdoamos os médicos. Perdemos uma filha que, se fosse tratada, ainda poderia estar connosco", dizem Mário Moreira e Maria de Fátima Silva.

Sara Moreira terá começado a sentir fortes dores de cabeça em 2010, tinha na altura 16 anos. Dirigiu-se então ao hospital pela primeira vez, tendo recebido o diagnóstico que havia de lhe ser sempre entregue: ansiedade. Às dores de cabeça, referem os pais, ter-se-ão juntado vómitos e incontinência, que a obrigaram a pedir assistência médica mais dez vezes. O diagnóstico nunca mudou. "diziam-me que só andava nervosa por causa dos estudos", recorda a mãe. Chegaram a fazer-lhe um teste de gravidez.

A 8 de Janeiro de 2013, Sara foi pela última vez ao hospital. Morreu em casa dois dias depois.

O Hospital Padre Américo não quis pronunciar-se sobre o caso, alegando ao JN que o processo corre no Tribunal de Penafiel em segredo de justiça e que os factos aconteceram num período anterior à tomada de posse da actual administração.

O Ministério Público, segundo o jornal, abriu um inquérito após a morte de Sara, que não resultou em acusação ou arquivamento até agora. Foi perante este impasse que os pais decidiram avançar para tribunal com uma acção cível, para pedir indemnização ao Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa.

Questionado pela Antena 1 sobre o caso, o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, admitiu que se trata de uma situação estranha e lamentável e que a Ordem irá abrir "imediatamente um processo disciplinar", se este ainda não tiver sido aberto.


Fonte

Obs: Como se processos disciplinares tratassem doentes:shy_4_02:
 

Feraida

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Inquérito à morte de jovem com tumor aguarda há ano e meio por parecer de peritos

Sara foi vista na urgência do hospital de Penafiel 11 vezes em três anos. Na véspera de morrer desmaiou na escola. INEM foi chamado, mas jovem recusou ir para o hospital porque não a levavam a sério.

Família de Sara vive do rendimento mínimo e suportava a custo deslocações ao hospital Fernando Veludo

Na véspera de morrer, Sara desmaiou mais uma vez na Escola Secundária de Penafiel, onde frequentava o último ano de um curso profissional para auxiliar de educação. Como das outras vezes, os profissionais da escola chamaram o INEM. A ambulância veio, mas Sara, então com 19 anos, recusou-se a ir ao hospital. Preferiu assinar o termo de responsabilidade. Aos professores justificou a recusa: estava farta de correr para o hospital de Penafiel e de não a levarem a sério. No dia seguinte, 10 de Janeiro de 2013, morreu em casa.

O parecer do INML será determinante para o inquérito-crime à morte de Sara. Mas os factos já recolhidos não parecem complicar muito a vida dos peritos. A pedido dos pais da jovem, uma família humilde que vive do rendimento mínimo e do abono do outro filho autista, na freguesia de Recarei, em Paredes, uma advogada tomou conta do caso

A autópsia, pedida pelo Ministério Público, veio a revelar que Sara morreu de um tumor cerebral com 1,670 quilos. Esse número é referido no relatório do médico legista. Foi então aberto um inquérito-crime, que aguarda há mais de ano e meio por um parecer do Conselho Médico-Legal. A análise do órgão do Instituto Nacional de Medicina Legal que reúne mais de 30 de peritos é uma peça fundamental para concluir o processo.

“Confirma-se a existência de um inquérito, o qual se encontra pendente a aguardar o parecer do Instituto Nacional de Medicina Legal [INML]. Tal parecer foi solicitado em Dezembro de 2014”, refere a assessora de imprensa da Procuradoria-Geral da República, num e-mail enviado ao PÚBLICO.

O instituto adianta, através da assessoria de imprensa, que o caso já foi distribuído e que deverá ser discutido na próxima reunião do Conselho Médico-Legal, que se deverá realizar em meados de Julho. Não é a primeira vez que o PÚBLICO noticia os atrasos neste órgão, demoras explicadas pelo INML por uma acumulação de processos em 2014, ano em que o conselho directivo do instituto foi substituído e que, simultaneamente, foram nomeados novos peritos para o Conselho Médico-Legal.

"Estado de ansiedade"

Este parecer será determinante para o inquérito-crime à morte de Sara. Mas os factos já recolhidos não parecem complicar muito a vida dos peritos. A pedido dos pais da jovem, uma família humilde que vive do rendimento mínimo e do abono do outro filho autista, na freguesia de Recarei, em Paredes, uma advogada tomou conta do caso. E para intentar o pedido de indemnização que apresentou em Abril nos tribunais administrativos solicitou ao hospital de Penafiel as fichas clínicas dos vários episódios de urgência de Sara. Entre Fevereiro de 2010 e Janeiro de 2013, foram contabilizadas 11 visitas à urgência do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, em Penafiel. O motivo era sempre o mesmo. Dores de cabeça fortes, desmaios, perdas de equilíbrio e vómitos. Um dos médicos examinou Sara pelo menos três vezes. Todos fizeram o mesmo diagnóstico: “estado de ansiedade”. Durante esses três anos, Sara foi medicada com analgésicos e ansiolíticos. Mas os desmaios teimaram em não desaparecer. A maior parte na escola. E um ou outro desmaio em casa.

A mãe, Maria de Fátima Silva, chegou a levar a filha à médica de família. Mas a profissional esteve uma temporada de licença de parto e, muitas vezes, quem a atendia eram outros médicos. Nos casos mais graves recorreu ao hospital, obrigando o precário orçamento familiar — o marido está desempregado há seis anos e ela é doméstica — a pagar um táxi para percorrer os 20 quilómetros de distância

A mãe, Maria de Fátima Silva, chegou a levar a filha à médica de família. Mas a profissional esteve uma temporada de licença de parto e, muitas vezes, quem a atendia eram outros médicos. Nos casos mais graves recorreu ao hospital, obrigando o precário orçamento familiar — o marido está desempregado há seis anos e ela é doméstica — a pagar um táxi para percorrer os 20 quilómetros de distância. Nunca, nem no centro de saúde nem no hospital, mandaram Sara fazer uma TAC ou uma ressonância magnética. “No fundo, ela seguia as orientações dos médicos de Penafiel”, desculpabiliza a mãe quando fala da actuação da médica de família, testemunha na acção que a família intentou contra o hospital de Penafiel e o Ministério da Saúde.

Quase três anos e meio após a morte de Sara, a história é desvendada pelo Jornal de Notícias. E novos inquéritos nascem como cogumelos. Pelo menos três instaurados nesta terça-feira. O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, pediu à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde que iniciasse um processo de esclarecimento. A Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte abriu outro e a administração do próprio hospital instaurou um processo de averiguações interno. Ao PÚBLICO, a assessora do centro hospitalar recusou prestar qualquer tipo de esclarecimento, remetendo para um comunicado da ARS, onde se lê que este caso “nunca foi reportado” à administração.

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