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O primeiro carro português ainda tem a sua marca na Bélgica

O indomavel

GF Prata
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Alfredo e Henrique Teixeira produziram o ATA em Trooz, onde hoje existe a Place Teixeira. A I Guerra Mundial desfez o sonho




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Qual é a origem do nome da Place Teixeira, um lugar da rua La Brouck, na cidade de Trooz, na Bélgica? Foi o que procuraram saber habitantes desta cidade dos arredores de Liège e, como o nome indica, a resposta é dada em português. Foi naquele local que na década de 1910 os irmãos Alfredo e Henrique Dias Teixeira, portuenses, montaram uma fábrica de automóveis. Nasceu ali o primeiro carro português, tendo três automóveis sido vendidos para Portugal. A Primeira Guerra Mundial desfez o sonho dos Ateliers Teixeira Automobiles (ATA). Em 1919 venderam a fábrica.Hoje, no espaço onde há mais de um século se produzia carros, nada resta que indique a presença da oficina, como referiu ao DN Charles Clessens, um dos responsáveis pelo blogue sobre Trooz no jornal belga SudPresse. Agora, o espaço é utilizado para atividades como os mercados de Natal, como aconteceu no ano passado.

Mas ali nasceu aquele que pode ser considerado o primeiro automóvel idealizado, financiado e concebido por portugueses. "Muito antes do ATA construíram--se vários protótipos e verificaram--se algumas tentativas de estabelecimento de uma indústria automóvel entre nós", diz José Barros Rodrigues, um dos autores portugueses com mais vasta obra publicada sobre a história do automóvel em Portugal. Mas foi o ATA o primeiro a chegar às estradas nacionais.
Os irmãos Teixeira sempre estiveram ligados ao mundo dos veículos. Começaram, ainda no século XIX, por se dedicar à comercialização de "produtos com rodas". Vendiam as bicicletas Raleigh e na viragem do século passaram a interessar-se pelos veículos motorizados. Em 1903, tornaram-se representantes da Fiat no Norte do país. E começaram os seus planos para criarem uma marca própria."A consciencialização dos problemas que afetavam os automóveis no princípio do nosso século e a vontade de "meter mãos à obra' na procura de soluções mais consentâneas com a realidade do nosso país levaram esta família empreendedora a tomar uma arriscada e inesperada decisão: construírem eles próprios os seus automóveis por sua conta e risco, visando fundamentalmente os mercados de Portugal - com o seu vasto império - e o Brasil.

Cedo chegaram à conclusão de que Portugal não oferecia ainda as condições julgadas necessárias para a efetivação desse projeto mas como a devoção à causa era grande os irmãos Teixeira não desistiram da sua ideia inicial, procurando imediatamente um país estrangeiro que os pudesse acolher e que lhes oferecesse as contrapartidas suficientes para a implantação de uma fábrica", conta José Barros Rodrigues num artigo escrito, em 2007, para uma conferência da Associação Portuguesa de História e Economia Social.
Sucesso no Palácio de CristalEm 1912, moveram-se para Trooz, a poucos quilómetros da fronteira com o Luxemburgo, e iniciaram a ATA, com maior facilidade em obter as máquinas e as matérias-primas. Em junho de 1914, o Palácio de Cristal recebeu o I Salão Automóvel do Porto, o primeiro do género a ter lugar em Portugal, onde um protótipo do ATA foi apresentado, com grande sucesso. Mais tarde, já com a ATA desfeita, Henrique Teixeira iria contar a um jornal que nesse salão receberam 25 encomendas de automóveis. O modelo ATA tipo B 16 HP atingia 70 km/hora e estimava-se ter um consumo de 16 litros aos 100 km. O catálogo previsto incluía quatro modelos mas apenas um foi concretizado. O carro apresentado no Porto "mostrava ter características que iriam acompanhar os automóveis produzidos até meados da década de 1920, como é o caso do châssis e das rodas bem mais distantes do que a carroçaria tipo torpedo, com guarda-lamas independentes para cada uma das rodas, e não de friso contínuo", descreve Tiago Russo da Silva, na dissertação de mestrado da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa sobre "O automóvel: design made in Portugal."Acabou por ser a localização na Bélgica a ditar o fim prematuro da ATA. A Primeira Guerra Mundial rebentou e a Alemanha invadiu o vizinho, matando o sonho dos irmãos Teixeira. Os registos indicam que, pelo menos, três carros foram distribuídos em Portugal e dois circularam durante anos na cidade do Porto. Hoje, além das referências escritas aos ATA não resta nenhum exemplar, tendo os carros provavelmente sido abatidos.Os portugueses tiveram de deixar a Bélgica e toda a maquinaria. A fábrica esteve encerrada até 1918 e no ano seguinte os irmãos portuenses não tinham condições para retomar a laboração. A ATA acabou vendida ao holandês Mathieu van Roogen, um engenheiro que colaborava com os Teixeira e que veio a criar das cinzas da ATA uma nova empresa, a Imperia, também no ramo de fabrico de automóveis.ONU decretou indemnizaçãoA tomada da fábrica ATA pela Alemanha em 1914 acabou por ser incluída nas reclamações portuguesas às Nações Unidas pelo danos provocados antes de Portugal entrar na Primeira Guerra Mundial. A 30 de maio de 1930, o tribunal arbitral que julgou as indemnizações de guerra deu razão aos portugueses, considerando que a Teixeira & Irmãos viu-se impossibilitada de manter a atividade por ação do exército alemão. Os juízes deram como provado que a maquinaria foi removida e que, apesar de ter havido devolução de alguma, a empresa ficou sem capacidade de prosseguir. Fixou a indemnização em 200 mil marcos.




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Silva51

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bela história - Mas a marca ATA é só da carroçaria ou é tambem o motor.
É que em Portugal fabricaram carros de marca ALBA com motor fiat.
carroçaria é uma coisa motor é outra -qual será o motor da marca ATA será motor português ou é estrangeiro?
 
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