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Silêncio rasgado

T

TIN

Visitante
Pouco mais me resta
Que ouvir
A música feita
De notas suaves
Formando o coro de vozes
Que rasgam o silêncio;

A pouco mais me atrevo
Que seguir
O caminho feito
De pedra nua
Onde o eco dos meus passos
Rasga o silêncio;

Imagino a cor
Das palavras ditas por gente
Que não sabe falar
E dou por mim a ouvir,
Sem escutar,
O ensinamento nascido
Do silêncio rasgado;

Partilho a herança
Dos sonhos agitados
Pelo arrependimento,
Com a resistência que conforta
A imaginação alimentada
Pelo silêncio;

Silêncio apunhalado
Pelos gritos alucinantes
Dos loucos que escrevem
Mas que não sabem ler;

Silêncio rasgado
Pela solidão acompanhada
De segredos guardados
Na escuridão;

São segredos quentes
Que cresceram no frio
Da visão dos que não sabem
Ver,
São palavras ouvidas
De passagem
Que provocaram a ira
Dos loucos que rasgam
A noite
Em busca do silêncio;

Que digo, quando calado?
Que calo, quando adormeço
Embalado no som rasgado
Pelo silêncio?
Não mais sou que louco
Quando me refugio
Na ilha imaginária
Rodeada pelo silêncio?

É preciso avisar que
O silêncio rasga
A ligação criada de
Palavras imaginárias
Dirigidas a pessoas faltas
De ouvir?
Mas, avisar quem?
- a Ti, que não ouves?
- a Ti, que não falas?
- a Ti, que não sabes?
- a Ti, que não queres?

Então, que mais me resta
Que seguir o caminho
Povoado de vozes
Rasgadas pelo silêncio?

Talvez pouco,
(Não sei se nada)
Talvez muito,
(Não sei se tudo);
Talvez esteja escrito
Que só saboreie
O gosto amargo
Das palavras que ouço
No silêncio;
Talvez me esteja traçado
O rumo certo
De incertezas
Que povoam o labirinto
Onde as saídas estejam
Fechadas por muros
De silêncio;

Talvez, quem sabe,
Possa um dia rasgar
As páginas do meu livro
Branco
De palavras coloridas
Em tons carregados
De silêncio
E escreva,
No que delas restar,
A mais bela mensagem
Que as vozes possam partilhar
Sem se atreverem
A perturbar o silêncio
Que transmitirá,
Por só o silêncio
Ser a forma de dar vida
À noite povoada
De seres errantes;

O silêncio cresce,
O silêncio agita-se,
Como gota silenciosa a cair
Em terra onde o tempo
Parou
Para a queda não perturbar
O sono profundo
Dos que não querem
Acordar envoltos
Em palavras
Que não querem ouvir;

Mas o silêncio alastra
E lança o seu aviso
Na escuridão de luz
Plena de visões
Fantasmagóricas
De renúncia;

Mas o silêncio ecoa
Nos passos que se dirigem
Apressados,
Rumo ao incerto
Que fabricou sonhos
Plenos de realização,
Derrotados
Pela vã esperança
De um dia serem
Verdade;
E, ao caminhar só,
Embalado por cânticos
Fabricados de notas suaves
De silêncio,
Mais uma vez
Te encontrei
- Solidão, velha companheira.
 
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