boas
Observa atentamente pela janela da sua casa o enorme largo na localidade do Porto Alto, em Benavente, com a esperança de que surja alguém no horizonte disposto a ajudar a concretizar o seu sonho receber tratamentos em Cuba que a coloquem de novo a andar. Vânia Correia, 28 anos, está tetraplégica, mas a força de vida que demonstra quase faz esquecer a qualquer pessoa o estado físico em que se encontra desde 2003, quando, numa fatídica manhã de Fevereiro, os seus longos cabelos pretos se enrolaram num tractor e a deixaram presa a uma cadeira de rodas.
Uma campanha de solidariedade arranca, esta noite, com um espectáculo no Centro Cultural de Samora Correia. A prata é a da casa, com artistas do concelho a suarem a camisola gratuitamente, e as entradas custam apenas 5 euros. Todavia, se tudo correr como o esperado, a receita do espectáculo corresponde a apenas cerca de 5% da verba necessária. No total, Vânia precisa de muito mais são 20 mil euros para tentar a recuperação e concretizar os sonhos, arrumados numa gaveta há quatro anos.
Devora tudo o que a televisão passa. E foi na caixa mágica, a companhia diária na ausência do pai e da madrasta, que conheceu o Centro Internacional de Restauração Neurológica, em Cuba. "Vi um caso parecido com o meu mas só telefonei dois meses depois para a televisão a pedir o contacto da clínica. É como se tudo voltasse a fazer sentido outra vez", diz, emocionada, enquanto tenta esconder, com um notado orgulho ferido, a falta de cabelo, de uma orelha e as enormes cicatrizes com o chapéu.
"Desculpe, não sou chorona, bem pelo contrário, até sou muito alegre", explica-se, junto a seis sacos enormes, cheios de tampas de plástico. Vânia precisa também de uma cadeira de rodas nova que lhe permita sair de casa enquanto não ruma a Cuba, daí que um vizinho tenha iniciado uma recolha de tampas.
Durante anos, ajudou no trabalho do campo o padrinho que a criou desde os oito anos. As funções consistiam em arrancar as ervas que impediam a apanha da batata por uma grade, guiada pelo familiar agricultor. Aos 24 anos, Vânia era técnica-administrativa. Tinha namorado. Planos de vida em comum.
Na manhã do dia 1 de Fevereiro de 2003, o vento soprava forte. O suficiente para desatar os cabelos de Vânia que, em segundos, se enrolaram no tractor. O primeiro puxão arrancou-lhe a totalidade do couro cabeludo. Sem se aperceber do acidente, o padrinho prosseguiu com a máquina. Vânia foi arrastada na grade. Ficou desfigurada, sem uma orelha, com fracturas nos braços e tetraplégica.
Meses de recuperação em Alcoitão puseram a mexer mal os dois braços. A pele para tapar o crânio que ficou escalpe saiu das pernas. Mas a sensibilidade naquela área impedem-na de usar uma cabeleira. Não mexe as pernas, mas sente o toque daí a sua confiança no tratamento cubano. E conta com várias cirurgias plásticas na face.
Agora sobrevive com uma pensão de 318 euros mensais, gastos na farmácia. A Internet ocupa-lhe o tempo. O namorado deixou de aparecer. "Não ligava e raramente me vinha visitar. Fiz-lhe a vontade, acabando o que já não era namoro nem companheirismo", justifica.
info de «jn»
fiquem bem marretas
Observa atentamente pela janela da sua casa o enorme largo na localidade do Porto Alto, em Benavente, com a esperança de que surja alguém no horizonte disposto a ajudar a concretizar o seu sonho receber tratamentos em Cuba que a coloquem de novo a andar. Vânia Correia, 28 anos, está tetraplégica, mas a força de vida que demonstra quase faz esquecer a qualquer pessoa o estado físico em que se encontra desde 2003, quando, numa fatídica manhã de Fevereiro, os seus longos cabelos pretos se enrolaram num tractor e a deixaram presa a uma cadeira de rodas.
Uma campanha de solidariedade arranca, esta noite, com um espectáculo no Centro Cultural de Samora Correia. A prata é a da casa, com artistas do concelho a suarem a camisola gratuitamente, e as entradas custam apenas 5 euros. Todavia, se tudo correr como o esperado, a receita do espectáculo corresponde a apenas cerca de 5% da verba necessária. No total, Vânia precisa de muito mais são 20 mil euros para tentar a recuperação e concretizar os sonhos, arrumados numa gaveta há quatro anos.
Devora tudo o que a televisão passa. E foi na caixa mágica, a companhia diária na ausência do pai e da madrasta, que conheceu o Centro Internacional de Restauração Neurológica, em Cuba. "Vi um caso parecido com o meu mas só telefonei dois meses depois para a televisão a pedir o contacto da clínica. É como se tudo voltasse a fazer sentido outra vez", diz, emocionada, enquanto tenta esconder, com um notado orgulho ferido, a falta de cabelo, de uma orelha e as enormes cicatrizes com o chapéu.
"Desculpe, não sou chorona, bem pelo contrário, até sou muito alegre", explica-se, junto a seis sacos enormes, cheios de tampas de plástico. Vânia precisa também de uma cadeira de rodas nova que lhe permita sair de casa enquanto não ruma a Cuba, daí que um vizinho tenha iniciado uma recolha de tampas.
Durante anos, ajudou no trabalho do campo o padrinho que a criou desde os oito anos. As funções consistiam em arrancar as ervas que impediam a apanha da batata por uma grade, guiada pelo familiar agricultor. Aos 24 anos, Vânia era técnica-administrativa. Tinha namorado. Planos de vida em comum.
Na manhã do dia 1 de Fevereiro de 2003, o vento soprava forte. O suficiente para desatar os cabelos de Vânia que, em segundos, se enrolaram no tractor. O primeiro puxão arrancou-lhe a totalidade do couro cabeludo. Sem se aperceber do acidente, o padrinho prosseguiu com a máquina. Vânia foi arrastada na grade. Ficou desfigurada, sem uma orelha, com fracturas nos braços e tetraplégica.
Meses de recuperação em Alcoitão puseram a mexer mal os dois braços. A pele para tapar o crânio que ficou escalpe saiu das pernas. Mas a sensibilidade naquela área impedem-na de usar uma cabeleira. Não mexe as pernas, mas sente o toque daí a sua confiança no tratamento cubano. E conta com várias cirurgias plásticas na face.
Agora sobrevive com uma pensão de 318 euros mensais, gastos na farmácia. A Internet ocupa-lhe o tempo. O namorado deixou de aparecer. "Não ligava e raramente me vinha visitar. Fiz-lhe a vontade, acabando o que já não era namoro nem companheirismo", justifica.
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fiquem bem marretas