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Actor Ruy de Carvalho

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Um nome incontornável do teatro nacional, Ruy de Carvalho contracenou com actores como Laura Alves, João Villaret ou Eunice Muñoz. Com mais de 50 anos de carreira, participou nas peças emblemáticas “Está lá Fora Um Inspector” ou “Rei Lear” e emprestou a sua figura e voz aos filmes “O Processo do Rei” e “Vale Abraão”, entre muitos outros. Distinguido com os prémios de imprensa para o Teatro e o Cinema, Prémio da Crítica e dois globos de ouro, nos últimos anos acumulou, ainda, cargos de cariz político e social, destacando-se o seu desempenho como presidente do Conselho Nacional para a Política da Terceira Idade.

Aos 9 anos Ruy de Carvalho estreou-se nos palcos como ardina na história da Carochinha. Sentia as pernas bambas e os nervos à flor da pele. Ninguém o poderia prever, mas, em apenas uma década, aquela criança tímida e trémula iria transformar-se num dos actores mais admirados do País, capaz de fascinar no teatro, no cinema ou na televisão. “Um dom de Deus”, costuma dizer para justificar o fascínio que exerce quase há 60 anos sobre o seu público, já de várias gerações.

Senhor de uma carreira sólida e intocável, desde cedo se dedicou com afinco à arte de representar, crente de que o sucesso, mais que sorte, implica muito trabalho e dedicação. A disciplina seria já tradição de família - o pai era militar. Assim, apenas com 15 anos já fazia teatro amador na Mocidade Portuguesa e aos 22 concluía o curso do Conservatório Nacional, com a média final de 18 valores.

Não esperou, no entanto, pelo diploma para iniciar a carreira. Em 1947 estreia-se no Teatro Nacional, com a companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, na comédia “Rapazes de Hoje”, de Roger Ferdinand. Três anos passados, é definitivamente reconhecido com a sua interpretação de Eric Birling em “Está lá Fora Um Inspector”, que estreia no Teatro Avenida. Passa, ainda, pelo Teatro do Povo (mais tarde Teatro Nacional Popular) e funda, em 1961, o Teatro Moderno de Lisboa. Em 1963 vai para o Porto, onde assume a direcção artística do Teatro Experimental do Porto (TEP) e encena “Terra Firme”, de Miguel Torga, a sua única experiência na direcção de actores.

Porque a instabilidade era inerente à vida de um artista, Ruy de Carvalho fez ainda parte da companhia Laura Alves, da companhia Rafael de Oliveira e do elenco fixo do Teatro Nacional D. Maria II, até à sua extinção. Mais recentemente tem trabalhado com Filipe La Féria, nos espectáculos “Passa por Mim no Rossio”, “Maldita Cocaína” ou “A Casa do Lago” - prova de que não é a juventude que faz um bom actor. Aliás, a consagração definitiva e a concretização do seu maior sonho deram-se por altura das comemorações dos seus 50 anos de carreira, em 1998, quando, sob a direcção de Richard Cotrell, interpreta o clássico “Rei Lear”, de William Shakespeare.

Ruy de Carvalho não se ficou pelos palcos. Emprestou a voz e a figura também ao cinema, onde se estreou, em 1951, em “Eram 200 Irmãos”, de Armando Vieira Pinto. Nos anos 60 distingue-se nos filmes, de Artur Ramos, “Pássaros de Asas Cortadas” e “Domingo à Tarde”, de António de Macedo. Já na década de 90, é pela mão de João Mário Grilo que marca presença em “O Processo do Rei”, entre participações assíduas em longas-metragens de Manoel de Oliveira, de que “Non ou a Vã Glória de Mandar” e “Vale Abraão” são exemplos. No pequeno ecrã participou em séries e telenovelas, além de fazer dobragem de desenhos animados.

Figura incontornável no imaginário dos amantes de teatro, Ruy de Carvalho tem sido também agraciado pela crítica. Recebeu durante anos, alguns dos quais consecutivos, o Prémio de Imprensa para o Teatro, o Prémio de Imprensa para o Cinema e o Prémio da Crítica. Foi galardoado com o Globo de Ouro na categoria de “Personalidade do ano” em 1998 e, com o mesmo troféu, no ano seguinte, na categoria de “Melhor actor”.

Nos últimos anos, acumulou, ainda, cargos de cariz político e social, destacando-se o seu desempenho como presidente do Conselho Nacional para a Política da Terceira Idade e como mandatário da campanha de candidatura de Santana Lopes à Câmara Municipal de Lisboa.

Para o público continua a ser, no entanto, um actor que cada vez que sobe aos palcos transcende a precariedade do ser humano.
 
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