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Conceito de "energia líquida" pode levar a conclusões totalmente incorretas

Fonsec@

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O petróleo custando na casa de US$70 o barril não deixa ninguém esquecer que precisamos de fontes alternativas de energia, principalmente para o setor de transporte e termoeletricidade.
Energia líquida
À medida em que novas opções são desenvolvidas, principalmente os biocombustíveis, os pesquisadores precisam avaliar se esses combustíveis alternativos são capazes de substituir o petróleo. Para isso, eles comumente utilizam um conceito chamado energia líquida - a quantidade líquida de energia fornecida por um determinado combustível, calculada diminuindo-se da quantidade total de energia do combustível, a energia gasta para produzí-lo.
"A análise baseada na energia líquida é simples e tem grande apelo intuitivo, mas ela é também completamente errada e perigosamente enganadora - a energia líquida deve ser eliminada de nossos discursos," afirma o professor Bruce Dale, da Universidade de Michigan, Estados Unidos. A crítica do Dr. Dale centra-se na utilização do conceito de energia líquida no campo dos combustíveis utilizados no setor de transportes.
Dale recomenda que os combustíveis sejam comparados avaliando-se quanto de petróleo cada novo combustível consegue substituir ou, alternativamente, quanto CO2 cada combustível produz por quilômetro rodado.
Fontes de energia são diferentes
Para embasar suas críticas, o Dr. Dale cita o caso do etanol produzido a partir de grãos, o que é comum nos Estados Unidos. A energia líquida desse etanol é de -29%, o que dá a impressão de que se gasta mais combustíveis fósseis para produzí-lo do que ele consegue economizar.
O problema é que por detrás desse cálculo há um pressuposto problemático: o de que todas as fontes de energia - petróleo, carvão, gás etc. - têm o mesmo valor. "Essa suposição é completamente errada - todas as fontes de energia são diferentes. Uma unidade de energia do petróleo é muito mais útil do que a mesma quantidade de energia contida no carvão - e é isso o que torna o petróleo muito mais valioso," diz Dale.
Se o mercado é um bom indicativo para esse cálculo, o Dr. Dale parece ter inteira razão: 1 unidade de energia contida no gás natural, por exemplo, vale 3,5 vezes a mesma unidade contida no carvão. Para o petróleo e a eletricidade, esses índices chegam a 5 e 12, respectivamente.
Métricas para energia
A proposta do pesquisador é que se esqueça a energia per se e se concentre nos serviços que a energia pode nos fornecer. "[...] seria muito melhor comparar os combustíveis pelos serviços que cada um oferece e não diretamente com base na energia, o que pode ser irrelevante e enganador," diz ele.
No caso do etanol - mesmo o etanol a partir de grãos - enquanto o conceito de energia líquida produz um resultado largamente negativo (-29%), os cálculos do Dr. Dale demonstram que cada megajoule (MJ) de etanol podem evitar o uso de 28 MJ de petróleo.
"À medida em que embarcamos nesse desafiador mundo novo de combustíveis alternativos, nós precisamos desenvolver métricas que permitam comparações adequadas e úteis, ao invés de simplesmente utilizar análises que são simples e intuitivamente atraentes, mas não dão nenhuma informação significativa, ou pior, informação que nos engana e direciona de forma errada nossos esforços para o desenvolvimento de substitutos do petróleo," diz ele.
 
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