Mito Americano!

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Serão os Americanos e Europeus diferentes???...

É bem conhecido inúmeros estereótipos entre povos pelos bons e maus motivos. A Europa é conhecida pela sua sofisticação e bom gosto pelos vinhos tintos; os E.U.A. terra da coca-cola e fast-food, é o famoso lar dos americanos maníacos, com armas à cintura e idiotas analfabetos. Mas segundo o historiador americano Peter Baldwin, Professor de História Europeia da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, os americanos e os europeus são muito mais parecidos do que julgam. Enquanto a Europa está agora nas mãos de partidos da direita (França, Alemanha, Itália, Suécia, Dinamarca e Reino Unido), os E.U.A. viraram "socialistas". Os americanos nacionalizaram o sector financeiro, disponiblizaram subsídios para o sector da produção, além de aumentar os gastos estatais na saúde e na educação, limitaram também os ordenados dos executivos. Como as coisas mudam depressa! Parece que à poucos meses, George Bush fazia guerra de forma unilateral, recusava a submeter-se aos tratados internacionais, desprezava as catástrofes ecológicas globais. Será que Obama jogará o jogo que a Europa inventou?

A ideia de que a Europa e os E.U.A são mundos à parte, continua sendo um elemento básico do discurso político nos dois lados do Atlântico. Exemplo das diferenças que fazem parte da tradição popular:
- Os E.U.A. acreditam no mercado livre, enquanto a Europa aceita o capitalismo, mas restringe os excessos.
- Não existem políticas sociais nos E.U.A., e quando existem, são menos generosas do que na Europa.
- A falta de uma assistência médica universal nos E.U.A., significa que as pessoas morrem jovens e vivem miseráveis.
- Por causa do domínio do mercado, os E.U.A. não cuidam tanto do meio ambiente.
- Como os contrastes sociais são maiores no E.U.A., o crime é um problema muito maior do que na europa.
- Enquanto os europeus são laicos, os americanos são mais religiosos, aceitando a religião na vida pública e privada.
As duas sociedades são portanto, divididas por:
- Competição versus Cooperação;
- Individualismo versus Solidariedade;
- Autonomia versus Coesão.

Mas será que existem mesmo grandes diferenças entre os americanos e os europeus? Será este esteorótipo verdadeiro?

Compararmos quatro áreas: economia, política social, meio ambiente, a atitude em relação à cultura e à religião.
As evidências em cada caso permitem duas conclusões:
- 1º) A Europa não é um continente unificado. O conjunto de diferenças entre países europeus é muito maior do que nos E.U.A.
- 2º) Com poucas excepções, os E.U.A. encaixam-se nesse conjunto.

Resumindo: Os E.U.A. têm uma identidade e a Europa várias identidades!

 

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Economia! Política! Social! Saúde!

Todos concordam que os E.U.A. é uma sociedade economicamente mais desigual do que a Europa, reflectindo na enorme desigualdade entre ricos e pobres. Embora não seja totalmente verdade, o rendimento é distribuído de uma forma menos justa do que na Europa: em 1998, 1% dos ricos americanos levou para casa, 14% dos rendimentos totais; enquanto na Suécia, o número girou em torno dos 6%. Mas a concentração de riqueza é um assunto diferente: 1% dos ricos americanos detinha cerca de 21% da riqueza nacional (2000); enquanto algumas nações europeias detinham mais riquezas entre os ricos: em 1997, na Suíça, os ricos detinham 35% da riqueza nacional; na Suécia, os ricos detinham 21%, o mesmo dos americanos. E se levarmos em consideração a transferência massiva de capital para o exterior e o capital livre de impostos permitido pelo fisco da Suécia, o 1% mais rico dos suecos é duas vezes mais ricos do que os americanos.

E a pobreza???...

Embora a taxa de pobres seja alta no E.U.A., a taxa de pobreza absoluta é diferente. Muitos americanos pobres tem apoios sociais. O dinheiro destes pobres equivalem à metade do rendimento médio dos 6 países da União eEuropeia, o que significa que, no Oeste Europeu, a percentagem de pobres é muito maior. Os pobres americanos ainda vão tendo dinheiro para viver; os pobres europeus tem menos hipóteses de sobrevivência. Os países do Sul e Leste Europeu, mas também o Reino Unido, a Irlanda, a França, a Bélgica, a Holanda, a Finlândia e a Suécia, tem uma grande percentagem de pobres sem possibilidade de viver uma vida digna. Além disso, os desempregados americanos são mais beneficiados do que os europeus. Quando medidos numa base per capita, a Grécia, o Reino Unido, a Itália e a Irlanda gastam menos do que os E.U.A. no Fundo de Desemprego. Quando comparados com a Europa, o Estado da Segurança Social dos E.U.A., é considerado miserável e subdesenvolvido. Isso é verdade, se compararmos à Suécia ou a Alemanha. Mas se olharmos para a variedade de políticas sociais em toda a Europa, surge um quadro diferente. É claro que os E.U.A. não tem um sistema de Saúde Pública Universal: cerca de 15% dos americanos não tem um Plano de Saúde! A mortalidade infantil é maior do que na Europa! mesmo assim, apesar do grande número de americanos sem assistência médica, são o povo mais saudável e melhor atendidos por seu sistema de saúde do que na Europa. É claro que a cultura do "fast-food" prejudica a saúde pública americana. No caso de diabetes, doenças circulatórias, do coração, não são piores do que os europeus. Só no caso de cancro, é que a taxa americana é mais elevada do que a europeia: os E.U.A. tem uma taxa de cancro na mama maior do que na Europa, mas a percentagem das mulheres americanas que morrem da doença está bem abaixo dos padrões europeus! No que toca à sobrevivência dos 4 tipos de cancro que mais matam (colo-rectal, pulmões, mama e prostata), os países europeus tem taxa de sobrevivência piores do que os E.U.A. não é a toa que existe nos E.U.A, a melhor medicina do mundo!

 

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Política Familiar!

Os gastos per capita dos E.U.A. com a invalidez é maior do que na Grécia e Portugal, e está ao mesmo nível da França, Irlanda, Itália e Alemanha. As pensões do Estado no E.U.A. podem estar abaixo da média Europeia, mas se examinarmos a soma total disponível para os pensionistas, estão bem melhores do que os Europeus, excepto, na Áustria, Alemanha e França.

A licença da maternidade não dá garantias as mulheres de voltarem ao trabalho; infelizmente, o Estado americano não ajuda muito em termos de legislação familiar. Por outro lado, se contarmos os recursos canalizados por meio do sistema de impostos ao crédito, assim como as concessões directas de dinheiro e serviços, e se as medirmos como uma percentagem do PIB, os E.U.A ficam acima da Espanha, Grécia e Itália, e apenas um pouco abaixo da Suíça no que diz a respeito aos benefícios familiares. Os gastos públicos com creche e educação pré-primária colocam os E.U.A. no meio da escala europeia; mas os gastos com a educação das crianças nas creches e na escola pré-primária, são mais elevados do que na Europa, excepto a Noruega.

É verdade que os gastos sociais públicos é pouco em comparação com a Europa, mas se juntarmos ao dinheiro distribuído pelo Estado, outros apoios (esforços voluntários, benefícios privados encorajados pela legislação (como a assistência médica para funcionários) e impostos), o Estado Social Americano fica ao nível médio dos padrões europeus.

 

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Educação!

Ao contrário dos americanos ignorantes, estúpidos e analfabetos, no imaginário europeu, a percentagem de americanos formados nas universidades, e a frequência nas escolas secundárias é a mais alta do que na Europa. Os americanos são mais bem educados que os Europeus!

Os americanos investem mais dinheiro no ensino escolar do que os europeus. Existe o mito de que as boas escolas americanas são particulares e servem apenas à élite. Mas a educação americana é menos privatizada do que na Europa! A educação pública foi um dos primeiros programas sociais a ser apoiados pelo Estado. Existe mais jornais per capita nos E.U.A. do que na Europa, só ultrapassada pela Escandinávia, Suíça e Luxemburgo. A longa tradição de bibliotecas públicas americanas significa que o leitor médio americano tem uma oferta de livros superior aos dos seus colegas da Alemanha, Reino Unido, França, Holanda, Áustria e os Países do Mediterrâneo. As bibliotecas americanas emprestaram mais livros em 2001, do que as bibliotecas na Alemanha, Áustria, Noruega, Irlanda, Luxemburgo, França e todo o Mediterrâneo. Além disso, os americanos compram mais livros per capita do que os europeus e ainda escrevem e publicam os seus livros mais do que os europeus. Apesar de a cultura americana ter um fascínio pela violência, assim como a cultura japonesa tem pelo suicídio! Embora existem lugares violentos (a taxa de crime nos E.U.A. é superior à europeia), e uma percentagem elevada de presos bem maiores do que na Europa, o país tem muitos lugares tranquilos e paisagens maravilhosas para viverem uma vida digna.

A taxa de invasão de domicílio é mais elevada no E.U.A do que na Europa, excepto na Dinamarca e no Reino Unido. Os assaltos no E.U.A. empatam com a Suécia e a Bélgica; já para não falar do famoso "colarinho branco" que é inferior ao europeu, sendo a França campeã do suborno (6 vezes mais do que os americanos). Na verdade, os números totais do crime no E.U.A. estão abaixo da média europeia. Só pequenos países (Finlândia, Áustria, Suíça e Portugal) europeus é que tem taxas baixas de criminalidade.

 

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E.U.A.: Ódio a Darwin; Tementes a Deus; Inimigos do Meio Ambiente?

Serão os E.U.A. um país que odeia Darwin e são tementes a Deus?

Serão inimigos do Meio Ambiente?


Em termos ecológicos, os americanos são mal-vistos por terem carros grandes, casas grandes, percursos longos de casa ao trabalho de carro poluindo o ar, necessidade de potentes ar-condicionados para os Invernos frios e Verões quentes, hábitos esbanjadores. Se somarmos os erros cometidos pelo governo de Bush com a indústria do petróleo, assim como a recusa em assinar o Protocolo de Kyotto, pinta-se um cenário negro do país.

Mas a história é diferente: apesar do uso do petróleo per capita ser alto no E.U.A, ele permanece dentro dos padrões europeus, e mais baixo do que em Portugal, Grécia, Bélgica, Luxemburgo, Holanda e Islândia. Entre 1992 e 2002, a produção americana de dióxido de carbono aumentou, mas por unidade do PIB, ela caiu 17% - uma redução maior do que em 9 países da Europa Ocidental. Nas energias renováveis, os E.U.A. estão bem posicionados!

Os gastos públicos e privados americanos, na redução e controle da poluição, como percentagem do PIB, só são superados pela Áustria, Dinamarca, Itália e Holanda. Apesar de ser o país do automóvel, os americanos possuem menos carros per capita do que os Franceses, Austríacos, Suíços, Alemães, Luxemburgueses e Italianos. Per capita, os americanos dependem mais dos seus carros de que os europeus. Se avaliarmos o tamanho do país, o uso do automóvel é menor no E.U.A do que na Finlândia, Suécia e Grécia. De forma semelhante, os americanos produzem mais lixo per capita, apesar dos noruegueses serem piores; os irlandeses e dinamarqueses vém atrás!

Em termos de reciclagem, os americanos reciclam tanto como os finlandeses e franceses; mais do que os britânicos, gregos e portugueses. Desde 1990, a produção de lixo americano pouco subiu; enquanto na Europa, ocorreram grandes aumentos: 70% na Espanha, quase 60% na Itália e mais de 30% na Suécia! Apesar de vários países europeus respeitar o interior rural, e a conservação da paisagem natural, os americanos graças aos produtos transgénicos, usam menos produtos químicos incluindo insecticidas de que os europeus.

Nacionalismo e Religiâo!

Os E.U.A. são considerados nacionalistas e religiosos; a Europa é pós-nacionalista e seculares. Mas na Europa, existem verdadeiros patriotas! Segundo um inqérito, os alemães são menos patriotas; os portugueses são os mais patriotas da Europa, seguindo em segundo lugar, a Irlanda. Na religião, a sua influência faz-se sentir nas escolas americanas, nos locais de trabalho e nas instituições públicas. Deus é invocado tanto por políticos como por militares, algo estranho para a Europa. A frequência à igreja no E.U.A. não difere muito das regiões europeias católicas. Os sociólogos tendem a explicar a alta frequência à igreja no Estados Unidos, devido a forças de mercado e espirituais. A forte concorrência no mercado religioso, originou uma variedade mais rica e maior qualidade de ofertas religiosas. Enquanto as religiões que monopolizam o Estado na Europa, lutam para atender às necessidades espirituais dos seus cidadãos. O que significa que o contraste entre a Europa e os E.U.A, pode não ser de mentalidade religiosa e secular, mas sim como necessidades espirituais equivalentes são atendidas.

No que toca à origem do mundo e da ciência, embora existem mais americanos que europeus a acreditar no Criacionista do que Darwin, o americano moderno não acredita na formação do mundo, baseado na Bíblia. Os criacionistas tem analisado a idade dos fósseis e encontram muitas lacunas, que põem em causa a teoria da evolução de Charles Darwin.

Em termos de mentalidade mítica, os europeus são considerados mais ligados a costumes e tradições do que os americanos: o reino da fraude e charlatões tem mais tradição na Europa do que no Estados Unidos; além de que a crença na Astrologia é mais forte na Europa! Se os americanos são mais religiosos do que os europeus, não significa que tenham menos fé na ciência, apenas precisam de provas palpáveis.

"Uma sociedade com forte fé na ciência, pode ter fortes crenças religiosas!"

 

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Indivíduo Versus Estado!

Os americanos podem ser científicos e religiosos, mas são fortemente individualista radicais, e na prática, autênticos anarquistas, que desconfiam do seu governo e apreciam o estilo de vida livre (segundo a opinião dos europeus). Mas uma pesquisa da Fundação PEW, em 2007, descobriu que os americanos não ligam muito ao controle execessivo por parte do governo e uma percentagem maior confia no seu governo. Diferente dos europeus, os americanos pagam menos impostos! estes são apenas alguns exemplos da desmitificação dos americanos de não serem muito diferentes dos europeus!

O mito americano foi cultivado pela imprensa europeia, ávida de escândalos, notícias provocantes, e a sociedade americana pouco preocupada com a sua imagem, serve aquilo que os jornalistas europeus querem. Já para não falar do cinema e a literatura que transmita o lado negro da América! Além disso, existe uma inveja da parte dos políticos e intelectuais da esquerda europeia (especialmente franceses), pelo êxito económico espectacular dos E.U.A.

É certo que no E.U.A. abundam o racismo e a xenofobia como em qualquer parte do mundo: os negros e os latinos (e os índios), são o grupo mais pobre da sociedade norte-americana e os que fazem parte da percentagem elevada de presos nas prisões, já para não falar na pena de morte em alguns Estado Americanos. Mas analisando bem, todos os europeus tem os seus pecados!

"Defeitos e qualidades todos temos; nenhuma sociedade é perfeita"