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Geografia - Notícias e curiosidades

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Em 730 a.C., um homem chamado Pié decidiu que, para salvar o Egipto de si mesmo, a única solução seria invadi-lo e tomar o império pela força. A magnífica civilização que outrora construíra as pirâmides perdera o rumo, dilacerada por conflitos entre pequenos senhores da guerra. Antes da “salvação”, porém, muito sangue haveria de correr ao longo do Nilo.
Durante duas décadas, Pié governara o seu próprio reino na Núbia, uma região de África situada maioritariamente no actual Sudão. Texto de Robert Draper; Fotografias de Kenneth Garrett

Pié defendia que era ele o verdadeiro soberano do Egipto, o herdeiro legítimo das tradições espirituais transmitidas por faraós como Ramsés II e Tutmés III. Porém, e provavelmente porque Pié nunca visitara sequer o Alto Egipto, a sua pretensão não foi tomada a sério. Agora, Pié preparava-se para concretizar a sujeição do Egipto decadente. “Deixarei que o Baixo Egipto prove o sabor dos meus dedos”, escreveria mais tarde. Navegando Nilo acima, as suas tropas rumaram a norte e desembarcaram em Tebas, capital do Alto Egipto. Comandante de uma guerra santa, Pié deu instruções aos soldados para se purificarem antes do combate, banhando-se no Nilo, antes de vestirem tecidos de boa qualidade e aspergirem os corpos com a água do templo de Karnak, local sagrado do deus com cabeça de carneiro, Amon, que Pié reconhecia como sua divindade predilecta. Depois destes rituais, o comandante e os seus homens iniciaram combates contra todos os exércitos que lhes barraram o caminho. Após uma longa campanha de um ano, todos os líderes do Egipto capitularam, incluindo Tefnakht, o poderoso senhor da guerra do Delta que enviou a Pié uma mensagem, dizendo-lhe: “Sê piedoso! Não posso olhar o teu rosto em dias de vergonha; não posso manter-me em pé perante a tua chama, temo a tua magnificência.” A troco da sua vida, os derrotados convidaram Pié a prestar culto nos seus templos, a embolsar as suas jóias e reivindicar os seus melhores cavalos. Depois, com os vassalos tremendo perante si, o recém-ungido senhor das Duas Terras fez uma coisa extraordinária: reuniu o seu exército e o saque de guerra, navegou para sul, rumo ao seu lar na Núbia, e nunca mais regressou ao Egipto. Em 715 a.C., quando Pié morreu, após um reinado que durou 35 anos, os seus súbditos honraram-lhe a última vontade, sepultando-o numa pirâmide ao estilo egípcio, juntamente com quatro dos seus amados cavalos. Foi o primeiro faraó assim sepultado em mais de 500 anos e, de certa forma, é lamentável que este notável núbio seapresente perante nós literalmente desprovido de um rosto. Há muito que foram destruídas as imagens de Pié nas elaboradas lajes de granito, ou estelas, recordando a sua conquista do Egipto. Num relevo no templo de Napata, a grande capital núbia, só as pernas de Pié permanecem. Conhecemos apenas um pormenor físico do homem: é certo que tinha a pele escura. Pié foi o primeiro dos denominados faraós negros, uma dinastia (a XXV) de reis núbios que governaram todo o Egipto durante três quartos de século. Com base nas inscrições gravadas em estelas, tanto pelos núbios como pelos seus inimigos, podemos acompanhar o longo rasto deixado por estes soberanos no país das Duas Terras. Os faraós negros reunificaram um Egipto arruinado e ergueram na paisagem gloriosos monumentos, criando um império que se estendia desde a fronteira sul, a actual cidade de Cartum, até ao mar Mediterrâneo, a norte. Fizeram frente aos sanguinários assírios e, durante este período, é possível que tivessem salvo Jerusalém.

Fonte: National Geographic
 

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Os hazaras, povo esquecido do Afeganistão

No coração do Afeganistão, existe um espaço vazio, uma ausência sentida, no local onde outrora se erguiam os colossais budas de Bamian. Em Março de 2001, os talibãs dispararam contra as estátuas durante dias a fio, rechearam-nas de explosivos que, por fim, foram detonados. Os budas tinham contemplado Bamian durante cerca de 1.500 anos. Comerciantes e missionários de diversas confissões calcorrearam este trilho da Rota da Seda
Por ali passaram emissários de diversos impérios (mongol, sefévida, britânico, soviético), deixando frequentemente atrás de si um rasto sangrento. Um país chamado Afeganistão tomou forma; regimes ganharam vida e desmoronaram-se. As estátuas a tudo sobreviveram. Contudo, para os talibãs, os budas eram simplesmente ídolos não-islâmicos, heresias esculpidas em pedra. A destruição das estátuas foi uma afirmação piedosa do seu género de fé, imposta à história e à cultura. Foi também uma afirmação de poder sobre o povo que vivia sob o olhar dos budas: os hazaras, habitantes de uma região isolada das montanhas centrais do Afeganistão, conhecida como Hazarajat – pátria de origem, embora de escolha não inteiramente livre. Representando cerca de um quinto da população do Afeganistão, há muito que os hazaras são considerados forasteiros. São maioritariamente muçulmanos xiitas num país de maioria esmagadora muçulmana sunita. Têm fama de trabalhadores, mas reservam-lhes os empregos mais indesejáveis. As suas feições asiáticas marginalizaram-nos numa casta inferior e a sua alegada inferioridade é tão frequentemente recordada que alguns a aceitam como verídica. Os talibãs no poder – sobretudo sunitas fundamentalistas, da etnia pastum – consideravam os hazaras infiéis. Não tinham o aspecto morfológico que um afegão deveria ter, nem prestavam culto como um muçulmano deveria prestar. Referindo-se aos grupos étnicos não-pastum do Afeganistão, um talibã afirmou: “Tajiques para o Tajiquistão, usbeques para o Usbequistão e hazaras para o goristão”, o cemitério. E, de facto, assim que os budas foram derrubados, as forças talibãs puseram cerco a Hazarajat, incendiando aldeias para tornar a região inabitável. No princípio do Outono, as gentes de Hazarajat interrogavam--se se conseguiriam sobreviver ao Inverno. Chegou então o dia 11 de Setembro de 2001, tragédia noutras paragens que pareceu trazer consigo a salvação para o povo hazara. Seis anos volvidos sobre a queda dos talibãs, aindarestam cicatrizes na pátria dos hazaras, mas existe uma sensação de viabilidade, impensável há uma década. Actualmente, a região é uma das mais seguras do Afeganistão e está em grande parte livre dos campos de papoila que prevalecem noutras regiões e alimentam o tráfico de droga. Uma nova ordem política reina em Cabul, sede do governo central do presidente Hamid Karzai. Os hazaras têm agora acesso às universidades, a empregos na função pública e outras vias de promoção que há muito lhes eram negadas. Um dos vice-presidentes do país é hazara, tal como o principal arregimentador de votos no parlamento nacional, e uma hazara tornou-se a primeira e única mulher a ocupar o cargo de governador no país. Numa altura em que o país faz esforços para se reconstruir após décadas de guerra civil, muitos acreditam que Hazarajat poderia ser um modelo do que é possível, não só para os hazaras, mas para todos os afegãos. No entanto, este optimismo é matizado por recordações do passado e frustrações do presente, causadas por estradas não construídas, pela ressurgência dos talibãs e por vagas crescentes de extremismo sunita. Neste momento, está em curso um projecto destinado a recolher milhares de fragmentos de pedra para reconstruir os budas.

Fonte: National Geographic
 

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Portugal é o 18º país mais poluente do mundo

Os portugueses consomem mais recursos naturais e produzem mais poluição do que países como a Alemanha ou o Japão. De acordo com um estudo divulgado esta semana pela BioRegional, parceiros da WWF- Fundo Mundial para a Conservação da Natureza no programa One Planet Living (OPL), Portugal aparece em 18º lugar na tabela dos maiores poluidores mundiais, quando há seis anos estava em 35º lugar. Os Emiratos Árabes Unidos lideram a tabela dos dez países com maior pegada ecológica, seguidos dos EUA, Kuwait, Austrália, Suécia, Finlândia, Estónia, Canadá, Dinamarca e Irlanda. Por outro lado, o estudo conclui que é também em Portugal que estão a ser desenvolvidos os trabalhos mais inovadores para inverter o problema que conduz à perda da biodiversidade e alterações climáticas a nível mundial. Um dos exemplos apontados é o empreendimento da Mata de Sesimbra, um investimento de 1,1 mil milhões que irá criar 11 mil postos de trabalho e que será o primeiro projecto OPL turístico do mundo. A BioRegional sublinha que «se a população mundial consumisse recursos e produzisse lixo ao ritmo português, seriam precisos quase três planetas para satisfazer todas as nossas exigências». A área de terra necessária para produzir tudo aquilo que consumimos é equivalente a 1,8 hectares por pessoa por ano, mas Portugal consome o equivalente a 5,2 hectares. Este é um padrão que tem vindo a crescer, visto que há três anos o valor era de 4,5 hectares.

Fonte: Ambienteonline
 

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Portugal ajuda Cabo Verde no processo de alargamento da plataforma continental

Portugal ajuda Cabo Verde no processo de alargamento da plataforma continental


Portugal está a ajudar Cabo Verde a preparar o pedido de alargamento da plataforma continental do arquipélago, que terá de ser apresentado nas Nações Unidas até Maio do próximo ano.

Uma equipa de especialistas portugueses, chefiada pelo coordenador da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC), Manuel Pinto de Abreu, terminou segunda-feira na capital cabo-verdiana uma maratona de reuniões com responsáveis do país, para ajudar Cabo Verde a preparar a proposta de extensão da plataforma além das 200 milhas.

Manuel Pinto de Abreu dirige, em Portugal, os trabalhos com vista a apresentar também o pedido junto da ONU, que segundo o responsável será feito no próximo ano (entre Janeiro e Maio, disse, sem especificar).

A EMEPC foi criada em 2005 por resolução do conselho de ministros e tem como objectivos preparar uma proposta de extensão da Plataforma Continental de Portugal além das 200 milhas náuticas, a ser apresentada até 13 de Maio de 2009 à Comissão de Limites da Plataforma Continental, das Nações Unidas.

"Portugal disponibilizou a EMEPC para, em conjunto, analisar as possibilidades de extensão da plataforma de Cabo Verde e avaliar os recursos que são necessários mobilizar", explicou hoje Manuel Pinto de Abreu.

Sem esconder que uma das vantagens do alargamento poderá estar no aumento de possibilidades de ser encontrado petróleo em zona sobre jurisdição cabo-verdiana, Pinto de Abreu admitiu que Cabo Verde tem "bons indícios" de que essa extensão possa ser aceite pela ONU, levando a que o arquipélago possa gerir e explorar recursos naturais de uma área acrescida.

Proposta a apresentar até 13 de Maio

Segundo Pinto de Abreu não está em discussão, neste momento, o tamanho da extensão da plataforma continental além das actuais 200 milhas náuticas (uma milha equivale a 1,852 quilómetros), como também não se pode quantificar que recursos estão em causa sem haver uma pesquisa desses mesmos recursos.

O que a missão está a fazer em Cabo Verde é "transportar a experiência portuguesa nesta matéria, que já é longa", explicou. O governo de Cabo Verde criou no ano passado a Comissão Intergovernamental para a Plataforma Continental mas a mesma apenas se reuniu uma vez. A Comissão cabo-verdiana tem, como a portuguesa, até 13 de Maio de 2009 para apresentar às Nações Unidas a proposta de extensão da plataforma continental e as justificações para o pedido.

Em 2006, Portugal conseguiu junto da ONU a soberania de uma zona marinha ao largo dos Açores, justificando que a mesma era um campo hidrotermal que devia ser protegido. "Portugal defendeu a classificação dessa plataforma e é hoje o único país do mundo com uma área marinha protegida", disse Manuel Pinto de Abreu, explicando que tal não se relaciona com a extensão da plataforma continental, cujo pedido está ainda por apresentar.

------------

Abraço
 

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Mundos Distantes

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Ao longo da história, conheceu-se a existência de uma única Terra no universo. Em
breve poderá haver outra. E mais outra. E outra ainda. Texto de Timothy Ferris

Embora os seres humanos demorassem milhares de anos a explorar este planeta e séculos a compreender os planetas vizinhos, actualmente descobrem-se novos mundos todas as semanas. Recentemente, o Observatório Europeu do Sul anunciou a descoberta de 32 novos planetas, utilizando o espectrógrafo HARPS acoplado a um telescópio com objectiva de 3,6m de diâmetro. O português Nuno Santos, do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, foi um dos elementos da equipa. Até à data identificaram-se mais de 400 “exoplanetas” orbitando outras estrelas que não o Sol. Existe um “Saturno quente” a 260 anos-luz da Terra, rodopiando tão depressa em torno da sua estrela-mãe que um dos seus anos dura menos de três dias. Circundando outra estrela situada a 150 anos-luz fica um “Júpiter quente” chamuscado, cuja atmosfera superior está a ser projectada, formando um gigantesco rasto semelhante ao de um cometa. Três planetas escuros foram descobertos na órbita de um pulsar (os restos de uma estrela em tempos formidável, encolhidos e formando um núcleo atómico rodopiante) enquanto uma quantidade inestimável de mundos se abateu sobre os seus sóis ou foi atirada para fora dos seus sistemas.

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Reservas da biosfera

O Homem e a Biosfera - Reservas açorianas . TEXTO: GONÇALO PEREIRA;
DESIGN: VASCO MARTINS; CARTOGRAFIA:ANA VIEIRA

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Há mais de trinta anos que o programa O Homem e a Biosfera da UNESCO distingue áreas protegidas em todo o globo como laboratórios vivos de experiência partilhada entre vida selvagem e comunidades humanas e balões de ensaio para modelos de conservação e desenvolvimento sustentável. O próprio conceito de reserva remete para um valor a guardar, uma riqueza a preservar. Em Portugal, há cinco reservas da biosfera. O Paul do Boquilobo foi a primeira, na década de 1980. Seguiram-se as ilhas do Corvo e da Graciosa (2007) e, já este ano, a ilha das Flores e o Parque Nacional da Peneda-Gerês. Como já sucede com outros mecanismos de classificação do território, a Região Autónoma dos Açores lidera este processo, demonstrando que é possível conciliar actividades humanas tradicionais com valores naturais e impulsionando a economia local com as receitas do turismo ecológico e de novas actividades não invasivas.

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Vida no fio da navalha

Labirinto de pedra em Madagascar Texto de Neil Shea
Fotografias de Stephen Alvarez

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O lagarto deslocava-se a medo sobre a rocha escaldada pelo sol. Dava passos rápidos e virava a cabeça. Depois, imobilizava- se, como se pressentisse que estava a ser caçado. Em seu redor, pináculos e tubos ascendiam como torres de uma catedral gótica. Proveniente dos desfiladeiros mais abaixo, um papagaio levantou voo a grasnar, quebrando o transe. O lagarto fugiu, rapidamente, mas o braço de Hery Rakotondravony mexeu-se primeiro. Momentos mais tarde, o jovem herpetologista abria ligeiramente a mão. “Acho que é uma nova espécie.”

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Apelo ao Monte Sacro

A comunidade monástica do monte Atos, no Norte da Grécia, atrai homens desejosos
de matar a fome de alimento espiritual. Colhendo dióspiros ao anoitecer, um monge
cristão ortodoxo oriental leva uma vida semelhante à dos seus irmãos mil anos antes.

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Texto de Robert Draper
Fotografias de Travis Dove

A península do monte Atos prolonga-se 50 quilómetros pelo mar Egeu adentro, qual apêndice debatendo-se para se libertar do corpo laico do Nordeste da Grécia. Ao longo do último milénio, esta zona tem sido a morada de uma comunidade de monges cristãos ortodoxos, que vivem aqui propositadamente afastados de tudo, excepto de Deus. O desígnio das suas vidas é unirem-se a Jesus Cristo. Marcado por ondas alterosas, densas florestas de castanheiros e o espectro do monte raiado de neve, com 2.033 metros de altitude, o seu enclave é a essência do isolamento. Residentes num dos vinte mosteiros da península, os monges isolam-se até mesmo uns dos outros, reservando a maior parte do tempo à oração e à solidão. De barbas cerradas e hábito negro (sinais da sua morte para o mundo), os monges parecem transportados de um fresco bizantino, verdadeira irmandade intemporal de rituais, simplicidade extrema e culto permanente, mas também de imperfeição. Estão conscientes de que, citando as palavras de um ancião, “até no monte Atos somos seres humanos caminhando, dia após dia, sobre o fio da navalha”.

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O amor anda no ar

Os seres humanos tomam muitas coisas como garantidas. Uma delas é a capacidade
de caminhar na direcção de um adorável elemento do sexo oposto e cortejá-lo.

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As
plantas não dispõem de luxos como estes. Texto de Rob Dunn
Fotografias de Martin Oeggerli

Durante grande parte da história da vida sobre a Terra, as plantas tiveram de viver perto umas das outras, quase se tocando, para poder acasalar. O musgo liberta o seu esperma pálido na água da chuva para que flutue até companheiros próximos, um método semelhante ao seguido por outras plantas primitivas, mas que exige humidade. A vegetação só conseguia sobreviver naqueles cantos húmidos onde as gotas de água ligavam, com fiabilidade, um macho a uma fêmea. A maior parte da Terra era castanha. Foi então que um dia, há mais de 375 milhões de anos, aconteceu algo diferente. Uma linhagem de plantas desenvolveu grãos de pólen e sementes e, a partir daí, nada voltou a ser como dantes. Chamemos as coisas pelos nomes. O pólen é o esperma das plantas (dois indivíduos por grão) rodeado por uma parede que proporciona protecção e transporte. Foi um truque evolutivo que transformou o mundo, ao permitir que indivíduos distantes se reproduzissem.

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Ilha da ressurreição

Antigo cenário de matança, a Geórgia do Sul volta a estar cheia de vida.

Texto de
Kenneth Brower Fotografias de Paul Nicklen

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Austera, a Geórgia do Sul ergue-se do mar, com um arco de 180 quilómetros de escuros picos antárcticos, campos de gelo e glaciares suspensos. Avistada do convés de um navio, a ilha faz uma aparição surpreendente. Nesta vanguarda polar robusta e austera, metade da superfície está coberta por neve e gelo; a outra metade por rocha nua ou vegetação de tundra.

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AlteraÇÕes ClimÁticas

Eles estão aí. Glaciares que derretem, vagas de calor, águas do
mar que se elevam, árvores que dão flor precocemente, lagos que
gelam mais tarde, aves migratórias que retardam os seus voos para
sul. Por todo o lado, há sinais inequívocos das alterações climáticas. As espécies polares têm sido as maiores vítimas. A rarefacção do gelo ameaça de forma particular os ursos polares, que dele dependem para caçar, repousar e se deslocar. À medida que as populações da espécie diminuem, tomamos consciência da realidade. Não é possível regenerar o seu habitat. Não podemos voltar atrás. TEXTO DE JOEL K. BOURNE, JR.

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Certo dia, no início da década de 1920, o meu avô, advogado e homem prudente e religioso, atravessou, por graça, o leito gelado do rio Tar no seu Ford T. O facto nada teria de estranho se o Tar ficasse, por exemplo, no frio estado de Wisconsin. Porém, como ele corre entre povoados rurais da área oriental da Carolina do Norte, que tem clima quente e seco, essa proeza passou à posteridade como um marco da história da família. Quanto mais não fosse, porque ela foi cumprida sobre um manto instável de gelo que cobria aquelas águas negras. Hoje, essa temeridade seria impossível. Eu fui criado nas margens do mesmo rio na década de 1970 e, embora me recorde de ele ter gelado uma ou outra vez, o gelo mal tinha espessura para resistir a uma pedrada de um miúdo magricela. No Inverno passado, a temperatura média foi cerca de um grau mais elevada do que em 1920/21. Prova das alterações climáticas? Talvez…

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As antigas linhas de Nasca do Peru revelam os seus segredos.

Do avião, as linhas gravadas no solo do deserto eram difíceis de ver. Enquanto o piloto descrevia curvas apertadas sobre um planalto desértico no Sul do Peru, a norte da cidade de Nasca, eu mal conseguia distinguir a sucessão de criaturas talhadas no solo. “Orca!”, gritou o arqueólogo peruano Johny Isla, sobrepondo a voz ao rugido do motor. Apontou para a forma de uma baleia- assassina. “Mono!”, disse momentos mais tarde, quando o famoso macaco nasca se perfilou sob os nossos olhos. “Beija- flor!”, acrescentou depois.

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Sonhos de Xangai

A cidade esforça-se por recuperar a glória. Mas, desta vez, pretende fazê-lo nos seus próprios termos.

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O mundo do antigo abrigo antibombardeamento em Xangai parece um universo paralelo. Lá em cima, na rua soalheira, trabalhadores migrantes engolem arroz e tofu, enquanto bandos de empregados de escritório passam pela tabuleta no passeio. Num recanto escuro, por detrás de uma montra com tampos de retrete de marca estrangeira, uma jovem desce a escadaria até entrar num lugar por si conhecido como “0093”.

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Água doce

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O volume de humidade da Terra não muda. A água que os dinossauros beberam é a
mesma que hoje se precipita sob a forma de chuva. Mas haverá água suficiente para
um mundo cada vez mais povoado? texto de barbara kingsolver

Todas as manhãs, quando descemos o caminho da nossa quinta ao encontro do autocarro da escola, eu e a minha filha vamos sempre atentas a possíveis maravilhas. Inevitavelmente, elas reflectem a magia da água: uma teia de aranha tombando, pesada do orvalho, ou uma garça levantando voo a partir da margem do riacho. Numa manhã surpreendente, recebemos uma visita de rãs. Dezenas de rãs, mais concretamente, saltando da relva à frente dos nossos pés e lançando-se, de ventre branco, em arcos vigorosos. Parecia o prenúncio da alvorada de uma nova era aquática. Noutra ocasião, encontrámos uma tartaruga--mordedora, com a sua primitiva carapaça cor de azeitona. Por norma, esta criatura não sai do charco onde vive, mas uma ambição secreta tinha-a incentivado a percorrer o nosso caminho de gravilha, aproveitando aquela semana chuvosa como passaporte para trocar a nossa.

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O degelo

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Os glaciares da Ásia alimentam rios vitais para a subsistência de dois mil milhões de pessoas. No entanto, o gelo e a neve estão a diminuir. texto de brook larmer
fotografias de jonas bendiksen

Os deuses estão certamente furiosos. É a única explicação que faz sentido para o agricultor tibetano Jia Son, ao avaliar a catástrofe que se desenrola acima da sua aldeia, na província de Yunnan. “Perturbámos a ordem das coisas”, diz este budista de 52 anos. “E os deuses estão a castigar-nos.” Numa tarde quente de Verão, Jia Son caminhou mais de dois quilómetros pelo desfiladeiro escavado pelo glaciar Mingyong através do sagrado monte Kawagebo, que se ergue, bem lá em cima, do cume dos seus 6.740 metros de altitude. Não há vestígios de gelo, só um rio turbulento com o seu caudal carregado de sedimentos. Ao longo de mais de um século, desde os tempos em que lambia os arredores da aldeia de Mingyong, o glaciar recuou como uma serpente moribunda recolhendo ao covil. Ao longo da última década, o ritmo acelerou, e o glaciar foi perdendo anualmente uma área equivalente a um campo de futebol.

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O fardo da sede

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Se os milhões de mulheres que percorrem longas distâncias acartando água tivessem
uma torneira à porta de casa, várias sociedades poderiam mudar. texto de TINA
ROSENBERG
fotografias de LYNN JOHNSON

Aylito Binayo conhece a montanha. Mesmo às quatro horas da manhã, Aylito consegue descer até ao rio correndo sobre as rochas, apenas com a luz das estrelas a iluminá-la. Depois, volta a subir a montanha até à sua aldeia, carregando às costas 23 litros de água. Aos 25 anos de idade, ela repete este trajecto três ou quatro vezes por dia quase desde que nasceu. Todas as mulheres da aldeia de Foro, no distrito de Konso, na Etiópia, o fazem. Aylito abandonou os estudos aos oito anos, em parte porque foi preciso ajudar a mãe a recolher água do rio Toiro. A água suja que transporta não é potável. A seca continua a prolongar-se todos os anos, e o rio, em tempos pujante, está cada vez mais esgotado. Mas é a única água que Foro teve até hoje.

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Águas Sagradas

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Das gotas recebidas na fonte baptismal à dispersão das cinzas sobre um rio sagrado, a
água abençoa as nossas vidas. fotografias de john stanmeyer

Se eu fosse chamado /A erigir uma religião / Faria uso da água, reza o poema do inglês Philip Larkin publicado em 1954. É precisamente isso que faz a maioria das religiões. Na década de 1950, o especialista em história das religiões Mircea Eliade explicou que as águas são “a fonte e a origem, o reservatório de todas as possibilidades da existência. Precedem todas as formas e sustentam toda a criação”. Assim tem sido desde os alvores da humanidade. Segundo o Génesis, a vida no mundo foi obra de um deus que criou um “firmamento entre as águas”. Os babilónios acreditavam num mundo feito de uma mistura de água doce e salgada. Os índios pima asseguravam que a mãe-terra fora engravidada por uma gota de água. O dilúvio cataclísmico é um arquétipo aquoso e faz parte das culturas hebraica, grega e asteca.

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A última gota

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Desafios globais da água no século XXI Ensaio de Viriato Soromenho-Marques

Se os humanos tivessem baptizado o seu planeta a partir de um olhar lançado do espaço, este ter-se-ia chamado Água, e não Terra. Contudo, a abundância da água nos mares e oceanos contrasta com a escassez e degradação crescentes da água doce, esse recurso vital em múltiplos sentidos. Não apenas porque os organismos vivos terrestres dela dependem para a sobrevivência, mas também porque a água esteve sempre presente nos grandes sobressaltos da odisseia da nossa espécie. Certamente que sem as primeiras modalidades de irrigação, introduzidas por pioneiros que habitaram a orla oriental da Mesopotâmia há 7.500 anos, não teríamos passado da era do Neolítico para a história propriamente dita. Com efeito, a agricultura e a metalurgia não seriam suficientes para dar o impulso que conduziu à criação do Estado, da escrita e dos restantes elementos culturais do que poderemos denominar como a constelação genética da história. Tal como há quase oito milénios, as exigências com que hoje a humanidade se confronta, no que respeita à água como recurso essencial, são avassaladoras.

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Mundo de rios

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Consumimos biliões de litros virtuais de água. ARTE: JASON LEE TEXTO: JANE
VESSELS

Cada quilograma de carne de vaca implica o consumo de 15.497 litros de água. Cada chávena de café utiliza 140 litros de água, o suficiente para encher uma banheira. Quem veste um par de calças de ganga está a banhar-se em 11 mil litros de água. Este é o consumo de água doce que não vemos. Chama-se água virtual: é a quantidade de água utilizada no fabrico de um produto.

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Abr 13, 2007
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Fénix Renascida

Os recifes das ilhas Fénix estão a recuperar após um raro acidente de lixiviação. Fotografias de Brian Skerry

a âncora e a corrente de ferro caíram ruidosamente dentro de água. Fizemos descer do nosso navio de investigação dois botes com o equipamento de mergulho e avançámos rapidamente em direcção à laguna. Após uma viagem de veleiro de cinco dias entre o arquipélago das Fiji e a ilha de Kanton, aguardávamos ansiosamente a oportunidade de verificar se os recifes tinham sobrevivido a um raro desastre natural – uma mortífera subida repentina da temperatura da água do mar local. Durante o El Niño de 2002-2003, uma massa de água de temperatura superior à habitual permanecera seis meses em redor das ilhas Fénix, um minúsculo arquipélago no Pacífico Central. Soubéramos que o fenómeno branqueara gravemente os corais da região. Enquanto mergulhava até ao fundo da laguna, acalentava esperanças de que as coisas não estivessem tão más como me tinham dito.

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National Geographic
 
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