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Luiz Pacheco homenageado em Beja com ciclo dedicado à sua vida e obra

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Cultura: Luiz Pacheco homenageado em Beja com ciclo dedicado à sua vida e obra

Beja, 06 Mai (Lusa) - O escritor Luiz Pacheco vai ser homenageado em Beja através de um ciclo temático que começa quarta-feira e inclui duas peças de teatro, dois documentários e uma conferência dedicados à vida e obra do também crítico literário.

O Ciclo Luiz Pacheco, promovido pela Companhia de Teatro Lendias d`Encantar, de Beja, em colaboração com o município, vai decorrer, até sexta-feira, no Teatro Municipal Pax Julia para "homenagear e dignificar o legado" do escritor.

"A homenagem impõe-se porque a Companhia Lendias d`Encantar é o grupo de teatro que mais peças produziu (três) a partir de adaptações dramatúrgicas de textos de Luiz Pacheco", disse hoje à agência Lusa António Revez, actor e director do grupo alentejano.

Luiz Pacheco tem "influenciado bastante" a actividade do grupo, que, em dez anos de existência, já levou à cena as peças "O Uivo do Coiote" e "Coiote", a partir de vários textos, e "Comunidade", inspirada no conto com o mesmo nome e considerado a obra-prima do escritor.

"Depois de termos dignificado o escritor em vida, chegou a altura de realizar a homenagem póstuma", disse António Revez, lembrando que todas as adaptações teatrais de obras de Luiz Pacheco pela Companhia Lendias d`Encantar "tiveram o consentimento e foram discutidas com o próprio escritor".

Além disso, Luiz Pacheco "cedeu os direitos de autor das obras por valores simbólicos, apesar das dificuldades financeiras que atravessava", frisou António Revez.

"Luiz Pacheco, por ser frontal, sempre foi um escritor maldito e ganhou inimizades junto de outros escritores e editores, que muitas vezes o relegaram para um segundo plano, de forma bastante injusta", disse António Revez.

A representação da peça "Comunidade", pela Companhia de Teatro Lendias d`Encantar, quarta-feira, às 22:00, na sala estúdio do Pax Julia, marca o "pontapé de saída" do ciclo.

Na quinta-feira, às 21:30, na cafetaria do Pax Julia, vão ser exibidos dois documentários produzidos pela RTP sobre a vida e obra de Luiz Pacheco.

A Companhia de Teatro Lendias d`Encantar volta a subir ao palco da sala estúdio do Pax Julia para apresentar "Coiote" às 21:30 de sexta-feira, o último dia do ciclo, que termina com uma conferência sobre Luiz Pacheco.

Além do filho do escritor, Paulo Pacheco, a conferência, a partir das 22:30, na cafetaria do Pax Julia, vai contar com a presença de António Revez e Carlos Curto, respectivamente o actor que mais peças representou e o encenador que mais peças dirigiu em Portugal com textos de Luiz Pacheco.

Nascido em Lisboa a 07 de Maio de 1925, Luiz Pacheco foi escritor, crítico literário e editor, tendo nesta última vertente dado a conhecer alguns importantes nomes da literatura portuguesa do século XX.

Luiz Pacheco publicou dezenas de artigos em vários jornais e revistas e fundou, em 1950, a editora Contraponto, onde publicou obras de escritores como Raul Leal, Mário Cesariny, Natália Correia, António Maria Lisboa, Herberto Hélder e Vergílio Ferreira.

Dedicou-se também à crítica literária e cultural, ganhando fama como crítico irreverente, que denunciava a desonestidade intelectual e a censura imposta pelo regime do Estado Novo.

Com uma vida atribulada, por vezes sem meios de subsistência para sustentar a família, Luiz Pacheco chegou a viver situações de miséria que ia ultrapassando à custa de esmolas e donativos, hospedando-se em quartos alugados e albergues.

Foi nesse período difícil da sua vida que Luiz Pacheco se terá inspirado para escrever o conto "Comunidade" (1964), que muitos consideram a sua obra-prima.

"Carta-Sincera a José Gomes Ferreira" (1958), "O Teodolito" (1962), "Crítica de Circunstância" (1966), "Textos Locais" (1967), "Exercícios de Estilo" (1971), "Literatura Comestível" (1972) e "Pacheco versus Cesariny" (1974), são apenas algumas das muitas obras publicadas por Luiz Pacheco.

Nos últimos anos, Luiz Pacheco viveu num lar em Lisboa, de onde se tinha mudado, há alguns meses, para casa de um filho e, posteriormente, para um lar no Montijo, onde faleceu aos 82 anos no hospital a 05 de Janeiro deste ano.


LL.
Lusa/Fim
 
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