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Homens também sofrem de depressão pós-parto

xicca

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A depressão pós-parto não é um exclusivo das mulheres. Barba mais ou menos rija, os homens também sofrem das ânsias e ficam afectadas pelo turbilhão de dúvidas que vêm associadas às alegrias do nascimento de um filho.

Um estudo indica que um em cada sete homens (15%) de casais seguidos na consulta de obstetrícia do Hospital de Santa Maria da Feira registou uma depressão pós-natal quando os bebés tinham seis semanas.

Realizada entre Julho de 2005 e agosto de 2006, a investigação do enfermeiro Aldiro Magano envolveu 60 homens através de avaliações às 36 semanas de gravidez e segunda e sexta semanas após o nascimento, com base na escala de EPDS (Escala de Depressão Pós-Natal de Edimburgo).

À Lusa, Aldiro Magano referiu que as suas conclusões, que constam na sua tese de mestrado defendida sexta-feira, coincidem com os estudos internacionais, que sendo mais prolongados indicam os 12 meses como o pico da depressão no sexo masculino. Há cerca de 10/15 anos, o primeiro estudo português, da autoria de Emília Areias e com base em entrevistas estruturadas, indicava um pico de 23,8% de depressão aos 12 meses de vida dos filhos.

Muitos homens no limite

O investigador de Santa Maria da Feira refere que o prolongamento do estudo poderia indicar mais indivíduos deprimidos, já que oito por cento tinham uma situação dúbia: poderiam melhorar ou piorar.

A investigação, que também observou as mulheres dos casais, entrou agora numa segunda fase com a avaliação dos perfis, para pesar a possibilidade de uma extrapolação a nível nacional. Os valores entre as mulheres chegaram aos 25%. "As mulheres deprimem mais e com os níveis mais graves", resumiu.

A população analisada também obedeceu a vários requisitos, nomeadamente condições de saúde, e acabou por "representar uma classe social ligeiramente mais alta que o geral da região de Santa Maria da Feira".

Com esta amostra, o estudo concluiu que quanto mais alto era o cargo ocupado, maior tendência havia para depressão. A actividade profissional da maior parte dos deprimidos era liberal e com objectivos a atingir, como vendedores e gestores de empresas pequenas e familiares, informou o enfermeiro, acrescentando que a média de idades é de 30 anos (oscilando entre os 18 e os 39 anos). Também se notou que os casados, que compunham a maior parte da amostra, tinham mais tendência para a depressão.

Como já esperado, a depressão masculina assinalada às 36 semanas de gestação levou a maiores complicações no parto e partos mais difíceis tiveram associados mais depressões, acrescentou Aldiro Magano à Lusa. Na 36ª semana, a depressão no homem influencia a mulher e vice-versa, indicou ainda. Também há maiores índices quando a gravidez não foi planeada.

"O isto é normal" pode não ser normal

A observação notou que os homens "normalmente desvalorizam a depressão e a sua primeira reacção é que 'isto é normal e passa' e nunca referem dificuldades financeiras, apesar da relação entre os dois itens".

A depressão durante a gravidez é marcada pela ansiedade, incerteza, por antever a dificuldade em organizar o dia-a-dia, principalmente depois do suporte social desaparecer dias depois do nascimento.

Já depois do nascimento, os sintomas passam pela "tristeza, sentir que o mundo está a desabar sobre eles, o choro fácil, desespero, sensação que tudo corre mal, impotência, excesso de trabalho e a alegria inicial com o nascimento do filho começa a desvanecer-se".

Uma das formas para prevenir esta situação pode passar por um rápido inquérito, com base na escala de EPDS, na consulta de obstetrícia das 36 semanas, altura em que habitualmente o casal começa a ser seguido no hospital.

Caso existam indicios, os indivíduos poderão ser encaminhados para o centro de saúde para uma repetição da entrevista à sexta semana ou seis meses depois do nascimento.

Também poderá haver encaminhamento para consultas específicas de psicologia e psiquiatria.



Fonte: JN
23.07.08
 
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