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Investigadores desenvolvem tecnologia melhoramento da vinha
O Departamento de Biologia da Universidade do Minho (UMinho) desenvolveu uma nova tecnologia de melhoramento das bagas de uva que vai ter aplicação na sustentabilidade e na saúde das vinhas, disse hoje à agência Lusa fonte da instituição.
Natacha Fontes adiantou que a tecnologia contempla a transformação do tecido da baga da uva numa população de protoplastos, isto é, células desprovidas de parede celular que podem ser utilizadas como sistema-modelo para investigação fundamental.
Entre as aplicações possíveis contam-se, segundo a cientista, as da manipulação genética, do transporte de açúcares e de ácidos orgânicos, do transporte de água, do metabolismo de polifenóis (determinantes no perfil sensorial do vinho), das interacções planta-patogéneo e os testes de toxicidade.
A tecnologia, desenvolvida pela investigadora no âmbito de uma tese doutoramento co-orientada por Hernâni Gerós, da UMinho, e por Serge Delrot, da Universidade de Bordéus e director do Instituto das Ciências da Vinha e do Vinho (ISVV) daquela cidade francesa, foi recentemente apresentada na 3ª edição do Technology Open Day, evento organizado, em Braga, pela TecMinho em parceria com a UMinho.
Natacha Fontes acrescentou que «as unidades celulares podem ser utilizadas em estudos fisiológicos, bioquímicos e moleculares com implicações importantes do ponto de vista biotecnológico».
Segundo a investigadora, actualmente as maiores preocupações dos vitivinicultores envolvem factores ambientais, nomeadamente os do stresse hídrico e salino e doenças que afectam a produção e a qualidade da uva e, consequentemente, a quantidade bem como as propriedades sensoriais do vinho.
O estudo - sublinhou Natacha Fontes - abre ainda caminho a aplicações biotecnológicas, como a hibridação somática ou transformação, com vista ao melhoramento da espécie, nomeadamente à obtenção de plantas mais tolerantes à secura e a doenças.
Possibilita, também, a definição precisa do período de colheita com base, por exemplo, no equilíbrio açúcar/ácido ou a produção de compostos com valor farmacêutico, como o resveratrol.
«Estamos a testar o efeito da temperatura, num contexto do aquecimento global, na incorporação de açúcares e ácidos pelas células da baga, que, por sua vez, influenciam a qualidade do fruto em termos de equilíbrio açúcar/ácido, aroma e sabor», disse a investigadora.
Hernâni Gerós salientou, em declarações á Lusa, que «diversos genes envolvidos no metabolismo dos compostos fenólicos são regulados pelos níveis de açúcar».
O docente observou ainda que o modelo de protoplastos está também a ser utilizado em testes toxicológicos para inferir o efeito de pesticidas e BCAs (Biological Control Agents) na uva.
«Quando tratamos a vinha com pesticidas pretendemos eliminar, por exemplo, os fungos, contudo, a planta também é afectada e alguns destes compostos podem ser incorporados no fruto», adianta Natacha Fontes.
Os protoplastos da baga são também usados no Laboratório de Biologia para purificar os vacúolos, o maior compartimento da célula onde se acumulam grande parte dos principais compostos da uva, designadamente os açúcares, os ácidos málico e tartárico, compostos fenólicos, iões como o potássio, e ainda compostos tóxicos, como os pesticidas.
«Muitos destes compostos, principalmente os polifenóis - que são acumulados na uva ou secretados, por exemplo sob a forma de aromas - para além de contribuírem para as propriedades organolépticas do fruto e do vinho, possuem propriedades farmacêuticas», disse.
«O resveratrol, por exemplo, é um poderoso antioxidante, anti-inflamatório e anticancerígeno», sustenta Natacha Fontes.
Diário Digital / Lusa
O Departamento de Biologia da Universidade do Minho (UMinho) desenvolveu uma nova tecnologia de melhoramento das bagas de uva que vai ter aplicação na sustentabilidade e na saúde das vinhas, disse hoje à agência Lusa fonte da instituição.
Natacha Fontes adiantou que a tecnologia contempla a transformação do tecido da baga da uva numa população de protoplastos, isto é, células desprovidas de parede celular que podem ser utilizadas como sistema-modelo para investigação fundamental.
Entre as aplicações possíveis contam-se, segundo a cientista, as da manipulação genética, do transporte de açúcares e de ácidos orgânicos, do transporte de água, do metabolismo de polifenóis (determinantes no perfil sensorial do vinho), das interacções planta-patogéneo e os testes de toxicidade.
A tecnologia, desenvolvida pela investigadora no âmbito de uma tese doutoramento co-orientada por Hernâni Gerós, da UMinho, e por Serge Delrot, da Universidade de Bordéus e director do Instituto das Ciências da Vinha e do Vinho (ISVV) daquela cidade francesa, foi recentemente apresentada na 3ª edição do Technology Open Day, evento organizado, em Braga, pela TecMinho em parceria com a UMinho.
Natacha Fontes acrescentou que «as unidades celulares podem ser utilizadas em estudos fisiológicos, bioquímicos e moleculares com implicações importantes do ponto de vista biotecnológico».
Segundo a investigadora, actualmente as maiores preocupações dos vitivinicultores envolvem factores ambientais, nomeadamente os do stresse hídrico e salino e doenças que afectam a produção e a qualidade da uva e, consequentemente, a quantidade bem como as propriedades sensoriais do vinho.
O estudo - sublinhou Natacha Fontes - abre ainda caminho a aplicações biotecnológicas, como a hibridação somática ou transformação, com vista ao melhoramento da espécie, nomeadamente à obtenção de plantas mais tolerantes à secura e a doenças.
Possibilita, também, a definição precisa do período de colheita com base, por exemplo, no equilíbrio açúcar/ácido ou a produção de compostos com valor farmacêutico, como o resveratrol.
«Estamos a testar o efeito da temperatura, num contexto do aquecimento global, na incorporação de açúcares e ácidos pelas células da baga, que, por sua vez, influenciam a qualidade do fruto em termos de equilíbrio açúcar/ácido, aroma e sabor», disse a investigadora.
Hernâni Gerós salientou, em declarações á Lusa, que «diversos genes envolvidos no metabolismo dos compostos fenólicos são regulados pelos níveis de açúcar».
O docente observou ainda que o modelo de protoplastos está também a ser utilizado em testes toxicológicos para inferir o efeito de pesticidas e BCAs (Biological Control Agents) na uva.
«Quando tratamos a vinha com pesticidas pretendemos eliminar, por exemplo, os fungos, contudo, a planta também é afectada e alguns destes compostos podem ser incorporados no fruto», adianta Natacha Fontes.
Os protoplastos da baga são também usados no Laboratório de Biologia para purificar os vacúolos, o maior compartimento da célula onde se acumulam grande parte dos principais compostos da uva, designadamente os açúcares, os ácidos málico e tartárico, compostos fenólicos, iões como o potássio, e ainda compostos tóxicos, como os pesticidas.
«Muitos destes compostos, principalmente os polifenóis - que são acumulados na uva ou secretados, por exemplo sob a forma de aromas - para além de contribuírem para as propriedades organolépticas do fruto e do vinho, possuem propriedades farmacêuticas», disse.
«O resveratrol, por exemplo, é um poderoso antioxidante, anti-inflamatório e anticancerígeno», sustenta Natacha Fontes.
Diário Digital / Lusa