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Concorrência espanhola "arrasa" postos de abastecimento da fronteira portuguesa

Hdi

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Set 10, 2007
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A crise nos preços dos combustíveis está a criar problemas nos postos próximos da fronteira, onde muitas empresas do sector estão a encerrar e a despedir trabalhadores por falta de facturação.

Na Guarda, a empresa proprietária da área de serviço da BP na auto-estrada A-25, Alto de Leomil, Almeida, anunciou o despedimento de "um mínimo de 38 e um máximo de 55" dos actuais 59 trabalhadores, disse hoje à Lusa fonte sindical.

Segundo José Ambrósio, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Metalúrgicas e Metalomecânicas dos Distritos de Aveiro, Viseu, Guarda e Coimbra, os primeiros trabalhadores "começaram ontem [quinta-feira] a receber as cartas de despedimento".

Para este responsável, evitar a saída das pessoas "irá ser difícil devido à situação dos postos fronteiriços, porque a gasolina em Espanha é muito mais barata do que em Portugal".

A administração da empresa proprietária da área de serviço do Alto de Leomil, na carta enviada aos trabalhadores justifica a decisão pelo facto de ser registado "um nível de vendas demasiado baixo para a sua actual estrutura de custos".

No documento a que a Lusa teve acesso, refere que a unidade "foi concebida para um volume de vendas de cerca de 50 milhões de litros de combustível por ano" mas "em consequência da política fiscal do Governo, nos últimos três anos na área dos combustíveis, essas expectativas iniciais têm-se vindo a frustrar".

Rosa Torrado, delegada sindical na área de serviço da A25 disse hoje à Lusa que a situação de crise vivida na empresa não surpreendeu os trabalhadores.

"Todo o país sabe como está a situação junto das fronteiras, onde não há vendas. Isto está morto", afirmou, recordando que a "casa" já foi considerada "a maior da Península Ibérica" nesta área.

A crise no sector também atinge a cidade da Guarda, onde duas empresas estão a proceder a despedimentos.

Filipe Gomes, gerente de dois postos, disse à Lusa que a empresa enfrenta "uma quebra de trinta por cento nas vendas em relação ao ano anterior", tendo já despedido um funcionário.

Outro empresário da zona, gerente de um posto da cidade, explicou que a redução foi superior a 50 por cento.

Segundo João Marques, "os encargos são altos" pelo que já foi entregue uma carta de despedimento a um funcionário que deixará o serviço a 15 de Outubro, passando o posto de combustíveis a laborar com seis.

Mais a norte, em Valença do Minho, a abertura do posto de combustível do segundo maior "outlet" de Espanha, que abriu recentemente em Tui, significou mais um "duro golpe" para as gasolineiras instaladas em Valença, cujo negócio vai "de mal a pior".

"Se até aqui já era um corridinho de carros portugueses para abastecer em Tui, agora a coisa piorou ainda mais. Nas bombas de Valença, só abastece quem está mesmo à rasca de tempo ou tem o depósito na reserva das reservas", disse, à Lusa, o funcionário de um posto de combustíveis daquele concelho português.

Segundo Domingos Tristão, a afluência de portugueses a Espanha é tal que algumas vezes são os espanhóis que ali vão abastecer, porque "não estão para esperar nas filas e filas" que se registam nos postos da Galiza, em boa parte devido à "invasão" dos automobilistas portugueses.

"Mas na maior parte das vezes, não faço mais nada do que ver os carros passar", confessa, saudoso dos tempos, não muito longínquos, em que ali trabalhavam mais duas pessoas, "e sem terem mãos a medir".

Em Tui, a diferença é abissal. Uma bomba a poucos metros da fronteira tem 14 funcionários, todos sempre sem mãos a medir, para abastecer as várias dezenas de viaturas que não paravam de chegar, uma grande parte delas com matrícula portuguesa.Foram situações como esta que levaram António Labrujó a fechar, em Junho de 2007, um posto que funcionava no centro de Valença desde 1963, atirando cinco trabalhadores para o desemprego.

"Em Janeiro de 2007, estava a vender uns 250 litros de gasóleo e 50 de gasolina por dia. No ano de 2004, vendi perto de três milhões de litros. É só fazer as contas e ver as diferenças", salientou

Mais a sul, junto à fronteira do Alto Alentejo, a situação é semelhante, como explicou João Carpinteiro, responsável por uma empresa que representa 14 postos de abastecimento de combustíveis e faz a distribuição ao domicílio na zona.

De acordo com o responsável, cerca de uma dezena de postos de abastecimento, situados na raia alentejana, já encerraram as portas, em 2007, devido à escalada dos preços dos combustíveis em Portugal.

Questionado hoje pela agência Lusa para explicar a actual situação, João Carpinteiro, remeteu para a próxima semana mais comentários, alegando que se vive "um momento de incerteza" no sector, já que o preço dos combustíveis não tem acompanhado a queda do petróleo.

Jornal de Negócios
 
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