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Ética na Aquariofilia

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Satpa

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Ética na Aquariofilia

Caros amigos,

Tenho lido em inúmeros tópicos algumas contradições básicas em relação à aquariofilia sustentável e responsável que a meu ver podem ser melhoradas com uma simples reflexão sobre a forma como estamos a proceder.
Várias vezes se aflorou o tema da legislação, das regras, dos procedimentos e dos «mandamentos» de ética, sem contudo se chegar a nenhuma listagem dos princípios básicos.
Por essa razão que venho por este meio propor à vossa discussão e contribuição a minha visão de como devemos pensar e agir neste passatempo.
Embora de leitura um pouco extensa, agradeço que participem e comentem ou contribuam para melhorar esta proposta e incluir as suas omissões ou corrigir as ideias incorrectas.

* Antes de montar um aquário devemos ponderar bem sobre as consequências que tal acto trará.

o A montagem de um aquário implica o em primeiro lugar a presunção e consciência que o mesmo exige cuidados diários, semanais, e mensais assim como manutenção seja qual for o grau de complexidade do seu equipamento e dos ambientes recriados.
As ausências prolongadas e as férias podem ser fatais para certas comunidades vivas e os nossos tempos livres ficarão certamente condicionados a este compromisso. O que para a maioria é de facto um prazer para certas pessoas pode vir a revelar-se um desastre se nas suas vidas ficarem sujeitas à rotina exigida por um ou vários aquários.
o Um aquário cheio de água, materiais decorativos e equipamento tem um peso muito elevado que é necessário ter em consideração antes da sua montagem.
Quanto maior for a sua capacidade em litros maior deve ser a ponderação sobre a base onde vai ser montado e nalguns casos excepcionais a própria resistência por parte do chão, sobretudo no caso de apartamentos em edifícios com uma certa idade.
o O local de montagem do aquário tem que obedecer a certos requisitos.
Embora seja uma peça decorativa a localização do aquário tem em primeiro lugar que respeitar a biologia dos seres vivos que nele vão habitar.
Dessa forma ambientes sujeitos a factores como o fumo, variações bruscas de temperatura, amplitudes térmicas elevadas, fontes de calor ou de frio directas ( lareiras, radiadores ou saídas de ar condicionado ), cheiros intensos, gases, agitação ao seu redor e forte ruído devem ser evitados ou cuidadosamente tidos em consideração na altura de escolher os seres vivos que vão habitar nesse meio, tentando-se para o efeito minorar o que for possível ou evitar as consequências nefastas do local e procurar outra hipótese.
É igualmente importante não esquecer que o chão e a base de apoio devem ser nivelados e não estarem sujeitos a oscilações ou qualquer tipo de movimento.
o Espaços reservados ao material de apoio.
Todos os aquários necessitam para além de um suporte suficientemente robusto de espaços onde caibam os materiais usados na sua manutenção, alguns dos alimentos dos seus habitantes, os medicamentos, os produtos químicos, as ferramentas de trabalho, peças sobressalentes, os equipamentos externos e todos os restantes instrumentos habituais.
Dissimular estes espaços ou não fica ao critério de cada um, mas que eles devem existir algures isso é um facto.
Não se deve esquecer ainda uma acessibilidade facilitada aos cabos eléctricos e tubos de ar e de água, prevendo-se pelo menos 7 centímetros entre a parte de trás do aquário e a parede ou fundo do móvel, assim como algumas aberturas que respeitem as secções das tubagens por onde estas tiverem que passar.
o A iluminação do exterior deve-se adequar à biologia das espécies mantidas.
A saúde dos seres vivos depende também do tipo de iluminação assim como da duração dos ciclos diurno e nocturno.
Para além das exigências biológicas das espécies, um aquário que seja sujeito a luzes que se apaguem e acendam durante o seu período de escuridão ou que seja colocado muito perto de um ecrã de televisão ou monitor de computador ligados torna-se uma câmara de tortura para os seus habitantes com efeitos trágicos na sua saúde em curto espaço de tempo, sobretudo quando estes efeitos acontecem quando se encontrar já às escuras.
A luz directa do Sol para iluminar aquários só deve ser tentada por especialistas em casos muito particulares pois além de elevar a temperatura da água cria problemas por vezes insolúveis de crescimento de algas entre outros.

* A decisão sobre os seres vivos que vão ser colocados e mantidos no aquário deve ser tomada em função das condições do mesmo e não o contrário. Só com alguma prática e conhecimentos consolidados é que se devem tentar recriar comunidades com mais elevadas exigências.

o Nomeadamente para os principiantes ou para quem não quer ter despesas suplementares nem compromissos de tempo e dedicação maiores, o aquário deve ser montado inicialmente sem plantas, peixes ou invertebrados para se aferirem as suas condições físico-químicas e de luminosidade habituais.
Com base nos parâmetros detectados e na sua capacidade em litros deve ser então feita uma pesquisa sobre os seres vivos que toleram melhor ou que requerem essas condições.
Somente após essa pesquisa e depois de se estudarem as hipóteses mais viáveis para a futura comunidade ou ecossistema se devem iniciar os preparativos de povoamento.
Dessa forma dispensa-se uma considerável parte do equipamento e se forem respeitadas as regras de povoamento em breve temos um aquário imune a cortes de energia ou independentes de muitos dos sistemas de suporte de vida sem os quais, outros mais especializados, não sustentariam os seus seres vivos por mais de algumas horas ou dias.
o Quanto mais longe estiverem as necessidades físico-químicas dos seres vivos mantidos em aquário das condições . normais . do ambiente local, mais meios de apoio artificiais e atenção são necessários para a sua manutenção e funcionamento correcto.
o Tudo aquilo que se colocar dentro de um aquário vai sem dúvida contribuir para alterar o equilíbrio estabelecido. Qualquer actuação nesse sentido deverá ser devidamente estudada pois os seres vivos vão competir entre si pelo menos por oxigénio ou por dióxido de carbono e pelo espaço.

* A planificação deve ser o procedimento básico de montagem de qualquer aquário. O tipo de aquário e a associação correcta de seres vivos têm que ser obrigatoriamente uma decisão ponderada e amadurecida.

o A planificação é um dos passos principais que garantem o fracasso de qualquer experiência em aquariofilia.
Montar aquários ditos comunitários escolhendo emocionalmente ao acaso os seres vivos que o vão habitar são a causa próxima de muitos dissabores e perdas. O mais vulgar é ao fim de consecutivas más experiências as pessoas desistirem de um interessantíssimo passatempo.
o Os aquários ditos comunitários são possíveis se forem criteriosamente escolhidas espécies compatíveis que embora provenientes de zonas do mundo diferentes tenham as mesmas exigências físico-químicas e não apresentem problemas de convivência entre elas.
O mais pedagógico e eticamente correcto é a escolha de seres vivos provenientes do mesmo ecossistema, mesmo que por motivos relacionados com o mercado não seja possível adquirir logo a quantidade de espécies ambicionada.
Aquários destinados a uma só espécie são outra alternativa que embora mais empobrecida em termos pedagógicos é por vezes necessária ou a única viabilidade.
o Antes de se tomar qualquer decisão sobre os futuros habitantes do aquário deve ser feita a mais profunda pesquisa com os meios ao nosso alcance sobre a sua biologia e comportamento.
Sempre que tal seja viável devem ser contactadas outras pessoas mais familiarizadas com a manutenção da espécie ou uma associação ou clube dedicada à mesma.
o O espaço disponível e a capacidade de fornecer a correcta nutrição e condições físico-químicas às espécies mantidas assim como as consequências na nossa vida particular desse esforço devem ser tidas em consideração antes de uma nova aquisição.
o Por muito atraentes que sejam espécies desconhecidas só devemos povoar os aquários depois de nos certificarmos se temos condições de manutenção dos animais adultos de acordo com os seus parâmetros mínimos de conforto em condições saudáveis, sem esquecer as respectivas dimensões em pleno desenvolvimento.
o A alimentação dos seres vivos que dependem de nós deve ser rigorosamente calculada de acordo com as sua exigências nutricionais e a água deve ser mantida em condições óptimas.
o A profundidade dos aquários não é tão importante como a sua área superficial para o cálculo de capacidade do número de exemplares mantidos.
Certos desenhos de aquários, embora tenham a mesma capacidade em volume de litros não permitem a mesma quantidade de exemplares porque a sua superfície é menor.
As espécies marinhas tropicais requerem uma razão de cerca de 350 cm2 de água por cada 2,5 cm de cumprimento de peixe, os peixes de água doce fria exigem 200 cm2, os peixes tropicais de água doce podem suportar apenas 85 cm2 para o mesmo cumprimento.
Esta regra não pode ser usada como padrão pois apenas se destina a dar uma ideia aproximada, uma vez que espécies de pequenas dimensões com determinada biologia e comportamento territorial podem necessitar de muito mais espaço do que outras de maiores dimensões e hábitos mais gregários.
É conveniente proporcionar sobretudo aos peixes o mais amplo espaço possível e não juntar muitas espécies no mesmo espaço mesmo que sejam compatíveis.

* A reprodução das espécies e a manutenção de populações deve obedecer a limites razoáveis e a uma grande sentido de responsabilidade.

o Sempre que possível, os exemplares de animais sexuados mantidos em aquário devem ser provenientes de origens distintas, nomeadamente de criadores diferentes ou de estabelecimentos comerciais diferentes após confirmadas as respectivas proveniências.
o Por muito atraente que nos seja a ideia de reprodução dos seres vivos criados em aquário nunca devemos esquecer que para manter a respectiva descendência temos que providenciar previamente as devidas condições de espaço, de alimentação equilibrada e saudável em quantidades necessárias assim como o ambiente exigido pela sua biologia.
Em alternativa podemos ter que arranjar o número de pessoas necessário com condições básicas para receberem os resultados das reproduções ocorridas nos nossos aquários ainda antes que as condições se deteriorem.
o Se ocorrerem reproduções não premeditadas nos nossos aquários tal significa que foram criadas as condições óptimas para a respectiva espécie em cativeiro, o que é sempre uma boa notícia e uma compensação para os esforços dedicados nesse sentido.
Sempre que tal tenha lugar é necessário assumir as responsabilidades inerentes e caso não se reunam condições para a manutenção de várias gerações ou mesmo de uma só procriação torna-se imperativo agir depressa e evitar a degradação das condições de vida da espécie.
Para o efeito é imperativo alargar o espaço disponível em boas condições para as exigências dos seres vivos ou providenciar o número de pessoas com condições necessárias para receberem os resultados das reproduções ocorridas nos nossos aquários.
o Permitir o acasalamento entre seres muito aparentados ou descendentes dos mesmos progenitores aumenta a consanguinidade da população com efeitos dramáticos ao fim de poucas gerações na maioria das espécies animais.
Todas as espécies sexuadas apresentam genes recessivos negativos. Os cruzamentos sucessivos entre irmãos ou parentes tornam prováveis maiores possibilidades dos genes recessivos se encontrarem com frequência, ou seja, aumentam as probabilidades do aparecimento das características negativas. Quando cruzamos peixes aparentados estamos assim a debilitar a espécie, isto é, estamos a contribuir para reduzir a sua diversidade.
o Manter uma população de determinada espécie mesmo que obtida através de sucessos na sua criação em aquário não deve ocorrer sem a introdução constante de novos exemplares provenientes de outros criadores ou mesmo de aquisições no comércio da especialidade com regular periodicidade.
o A selecção discriminatória dos reprodutores feita pelo homem no sentido de proporcionar o aparecimento de certas características invulgares nas populações selvagens é uma prática lamentável que leva ao aparecimento de populações de características atraentes para os conceitos humanos de estética mas completamente contra o processo natural. A mais evidente prova dessa contradição é o facto de tais exemplares não sobreviverem muito tempo na natureza.
o A produção de híbridos condicionada por intervenção humana deve ser banida devido às consequências perigosas para a continuidade das espécies originais se os híbridos forem férteis.
o As técnicas de reprodução artificial assistida praticadas pelas entidades industriais na piscicultura ou aquacultura devem ser usadas apenas para manter espécies ameaçadas ou extintas se não se reproduzirem por si nas condições de cativeiro e condenadas em aquariofilia.
o A reprodução de peixes com deficiências físicas, problemas de saúde ou características pouco vulgares para o padrão da sua espécie devem ser desencorajadas ou banidas.

* A proveniência dos seres vivos que povoam o aquário deve respeitar algumas regras básicas.

o Sempre que possível devem ser penalizados os estabelecimentos comerciais que não respeitam o período de quarentena dos animais e plantas importados.
o Nunca se devem adquirir os habitantes do aquário em estabelecimentos que não cumpram a legislação nacional e internacional aplicável à sua actividade mas sobretudo à manutenção dos seres vivos para efeito de venda ao público.
o Devem ser recusados todos os seres vivos geneticamente modificados, os híbridos ou os animais sujeitos a processos vários de coloração artificial, esterilização ou outras actividades atentatórias contra os direitos dos mesmos e as regras mais elementares da ética.
o Não devem ser adquiridos animais em estabelecimentos que se recusam a revelar a origem das suas importações, que tratem indevidamente os seres vivos, que não satisfaçam as condições mínimas de higiene, que mantenham os estoques para venda em condições degradantes ou deploráveis, que exibam evidente incumprimento da legislação aplicável à comercialização de espécies vivas, que não tenham pessoal competente e qualificado para responder sobre as espécies comercializadas, que não exibam os valores físico-químicos da água dos aquários de venda, que não exibam os nomes vulgares e científicos das espécies comercializadas, que comercializem espécies interditas pela legislação nacional, que não suspendam a venda sempre que se declare um surto de doença num aquário de venda ao público ou que enganem deliberadamente os clientes mais incautos para obterem lucro fácil.
o Não devem ser adquiridos seres vivos com sintomas de doença ou de qualquer tipo de contaminação.
o Nunca devem ser adquiridas espécies que constem da lista da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies em Vias de Extinção ( Convenção CITES ), a não ser que se obtenham informações de fonte segura segundo a qual esses exemplares não sejam provenientes de capturas efectuadas da natureza.
o Evitem-se adquirir peixes recém chegados aos estabelecimentos comerciais. Deve-se aguardar que sejam mantidos em quarentena e observados.
o Não devem ser adquiridos peixes desconhecidos, sobretudo se forem dispendiosos, delicados ou raros, nomeadamente quem está a dar os primeiros passos em aquariofilia.
o Deve-se resistir à tentação compulsiva da aquisição de determinada espécie se os exemplares estiverem doentes.
o Devem evitar-se a todo custo aquisições incompatíveis com os seres vivos que já estão instalados no aquário.
o Os lotes menos dispendiosos ou em promoção nem sempre são uma oportunidade a não perder.

* Nunca em situação alguma devem ser libertados na natureza quaisquer seres vivos provenientes do aquário, a não ser que sejam originários do ambiente em causa ou nele tenham sido introduzidos, mas mesmo assim o acto deve cumprir a Lei e assegurem-se algumas regras básicas.

o Animais e plantas doentes ou indesejados não devem ser libertados na natureza sob pretexto algum e o mesmo se aplica a espelhos de água públicos e particulares ou albufeiras.
o Mesmo que em princípio seja extremamente louvável libertar na natureza descendentes de seres vivos nascidos em aquário provenientes desses mesmos ecossistema, ( nomeadamente se pertencerem a espécies ameaçadas ), é um risco fazê-lo sem uma certificação de um veterinário uma vez que podemos estar a introduzir agentes patogénicos fatais com a água de transporte.
o Introduzir animais de uma determinada espécie fora da sua bacia hidrográfica de origem, ainda que dentro da sua área de distribuição natural, pode constituir um perigo de . contaminação . genética de populações nativas separadas por milhares de anos.
o Deve ser totalmente banida a prática de se desfazerem dos seus animais e plantas por via sanitária, estejam os mesmos mortos, moribundos, doentes ou saudáveis.

* A informação é o pilar básico da responsabilidade.

o Só através de uma contínua actualização dos conhecimentos é que se podem aplicar as regras propostas no decálogo de ética da aquariofilia.
o A troca de informação deve ser uma regra de ouro entre aquariofilistas pois a troca de conhecimentos leva ao progresso do saber comum e desfaz alguns mitos e incosistências.
o Uma escolha criteriosa das fontes é essencial, sempre que tal seja possível, uma vez que abundam infelizmente muitas imprecisões e erros que são reproduzidos sem cuidado.
o Através da divulgação de conhecimentos corrigem-se as práticas incorrectas de alguns aquariofilistas menos informados e ajudam-se a criar melhores condições para a sobrevivência dos seres vivos em cativeiro.

* O exemplo do respeito pelos seres vivos começa na aquariofilia.

o Os seres vivos mantidos em aquário devem ser tratados com dignidade e respeito.
o Devem ser assegurados ao máximo a qualidade de todos os parâmetros físico-químicos, de espaço disponível e de nutrição adequada de acordo com as exigências dos seres vivos mantidos em aquário.
o Animais com comportamentos considerados agressivos ou espécies responsáveis pela destruição da decoração e extermínio de outros companheiros de aquário, não devem sofrer consequências pelos seus actos dado que deveria ter sido estudada a sua biologia e comportamentos antes de terem sido incluídas na selecção prévia efectuada e posterior aquisição.
o A eutanásia não pode ser aplicada arbitrariamente nem ser mote a solução para a destruição de exemplares que de súbito se tornaram indesejados.
o A manipulação dos exemplares deve ser evitada ao máximo sobretudo as práticas como a captura, transporte e todas as acções em que os seres vivos sejam sujeitos a angústia, pressão, . stress ., dor, fome, asfixia ou outras agressões não habituais à sua existência.
o Nenhum ser vivo criado em aquário deve ser mal tratado ou eliminado com base em comportamento agressivo ou por ser classificado imprestável, feio, inútil, etc.
Convém sempre ter em consideração que estes seres vivos não apareceram por si no aquário eles foram lá colocados pelos aquariofilistas de forma consciente ou através do seu descuido.
o As formas de captura dos seres vivos não devem incluir práticas cruéis ou o uso dos instintos dos animais mesmo que por sua agilidade e inteligência essa operação contribua para a destruição da decoração ou se esteja a revelar desesperante em face do insucesso demorado.
o Os aquariofilistas devem ser os primeiros a defenderem o desenvolvimento sustentado, a preservação da natureza e a vida animal. Esse é o preço mínimo que devem pagar por condicionarem em cativeiro uma pequena amostra da natureza que tantas alegrias e realização lhe podem trazer.
o A defesa dos seres vivos contra actos de vandalismo e actividades cruéis humanas deve sensibilizar quem supostamente aprecia a natureza e tem um aquário em casa.
o O confinamento de peixes em pequenos espaços para efeitos reprodutivos, exposição e venda ou separação deve ser um comportamento banido.
Os efeitos que tal agressão causam são perfeitamente visíveis e os seus fins não justificam os meios.
o A manutenção de espécies por tempo mais do que o necessário fora dos limites considerados ideais dos parâmetros físico-químicos, especialmente quando mais próximo dos limites de sobrevivência deve ser evitada ao máximo que as nossas capacidades e condições o permitirem.
o Todos os seres vivos devem ser mantidos em aquário apenas em água de boa qualidade e o mais livre de contaminantes possível.
o Todos os seres vivos são dignos do mesmo respeito e admiração.
As espécies mais coloridas que tanto chamam a atenção e cativam os seres humanos em face dos seu conceitos de estética são uma minoria na natureza.
A lei sobrevivência apenas permite a selecção dos seres que estão mais bem equipados para se adaptarem ao seu meio e raros são os nichos ou ecossistemas onde cores garridas não significam uma condenação à morte das presas.
Os seres vivos não são brinquedos nem obras de arte e devem ser apreciados pelos seus atributos próprios ou pelo resultado de milhares de anos de evolução natural.

* Negociar com os seres vivos dos aquários particulares é ilegal e eticamente inaceitável.

o Qualquer actividade comercial deve estar devidamente legalizada, o que não é o caso das transacções que se fazem entre particulares ou entre particulares e estabelecimentos comerciais com seres vivos de aquário.
Quanto não há um recibo, o qual por lei deve ser sempre entregue, está-se a poupar ao infractor o valor do I.V.A. mais uma eventual parcela de I.R.C. que deveria ser paga mas que nunca acontecerá porque, obviamente não existem os respectivos documentos nem a respectiva licença de actividade.
Todos os restantes cidadãos que não podem fugir aos impostos ficam lesados e os particulares que participam neste negócio ilegal fazem-no sem cumprirem as obrigações mínimas legais para agirem como agentes comerciais.
o Independentemente das verbas envolvidas e da aplicação das regras do Direito aos pequenos negócios que lucram com os seres vivos criados em aquário, essa prática afasta muitas pessoas do acesso a espécies ambicionadas, quer por não querem participar nesse crime que é o comércio no mercado negro, quer por não reconhecerem legitimidade moral no mesmo.
o Manter e criar seres vivos em aquário deve ser um privilégio que não se compadece com negócios, pois essa prática deve ser deixada apenas para as entidades licenciadas a quem podem ser pedidas contas pelos seus procedimentos.
o A aquariofilia só fica a ganhar se um maior número de aficcionados tiver acesso a espécies que muitas vezes não aparecem no mercado, pelo que é prática corrente em muitas associações a troca de exemplares para enriquecimento genético de estoques ou as ofertas aos sócios de exemplares para início das suas próprias populações de determinadas espécies ambicionadas.

* Deve ser dada a maior atenção à manutenção e criação de espécies com necessidades especiais de conservação, como as extintas na natureza ou em perigo de o serem, sempre que seja possível proporcionar-lhes as condições ideais e a sua reprodução.

o A reprodução em aquário por aficcionados de certas espécies extintas foi a sua salvação. Com base em estoques mantidos em aquário será possível um dia o repovoamento das suas áreas de origem.
o A manutenção de espécies raras ou extintas deve ser considerado assunto muito sério e ser levado ao cúmulo do respeito pela criação de condições óptimas durante a sua manutenção em aquário.
o Sempre que sejam coroados com sucesso os processos de reprodução de espécies ameaçadas ou extintas devem ser distribuídos exemplares pelo maior número de pessoas interessadas a fim de serem ampliadas as hipóteses de sobrevivência e a variedade genética.
o Manter e reproduzir espécies nacionais ameaçadas deve merecer prioridade sobre as espécies estrangeiras desde que tal não esteja dependente da captura de exemplares na natureza.


Por:Miguel Andrade
In Fórum de Aquariofilia
 
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