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Ministro do Ambiente abre Conferência Nacional da Água
A Conferência Nacional da Água, a realizar na próxima semana nos dias 23, 24 e 25 de Outubro, no Taguspark, em Oeiras, conta com a participação do Ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional. Francisco Nunes Correia irá presidir à cerimónia de abertura do evento, na terça-feira, dia 23.
A segunda edição da conferência irá decorrer no âmbito da Expo Água 2007, organizada pelo Jornal Água&Ambiente em parceria com a Hach Lange, que disponibiliza ainda um espaço de exposição de produtos e serviços do sector da água. O sucesso da primeira edição da conferência, em 2006, manifestada através do afluxo de profissionais do sector da água e das águas residuais, e a temática a abordar: «PEAASAR 2007-2013: Novos rumos para a política da água em Portugal» terão sido os elementos decisivos para a tutela se associar ao evento.
Além das personalidades intervenientes no mercado nacional, a Conferência Nacional do Ambiente conta ainda com vários actores do mercado mundial. A perspectiva das intervenções é contribuir para a divulgação de soluções avançadas tecnologicamente e demonstrar os seus resultados, além de contribuir para a discussão do futuro do mercado e das políticas nacionais.
João Lobo Ferreira, chefe do Núcleo de Águas Subterrâneas do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, sublinhou que «devido à variabilidade climática devemos prever medidas de minimização. A recarga de aquíferos é uma das possibilidades».
«Podemos tirar partido do armazenamento no mundo subterrâneo», acrescentou.
Apesar dos crescentes episódios de seca e escassez de água, para Andreas Kraemer, director do Ecologic – Insituto para a Política Ambiental Internacional e Europeia, este recurso não se está a tornar numa commodity.
«A água é muito mais que um valor económico. Isto está bem patente no preâmbulo da Directiva Quadro da Água da União Europeia. A água tem um grande peso comparado com o seu valor e isto não vai mudar mesmo que o valor económico da água aumente», frisa.
Deste modo, explica, não faz sentido tratar a água como uma commodity e transaccioná-la a grandes distâncias, mas, acrescenta, «o valor da água como um recurso natural subjacente aos ecossistemas, assim como aos sistemas de produção agrícola e às sociedades urbanas será mais apreciado e levará, esperançosamente, a uma melhor protecção e gestão de recursos hídricos».
Já segundo Daniel Zimmer, director executivo do Conselho Mundial da Água, muitos já reconhecem o facto de que «ter muita água não é ter assim tanta água», sendo preciso contar com a água que sai e que é desperdiçada. Esta situação acaba por tornar a água numa commodity cada vez com mais valor. Por isso, «é necessário que se proceda não só à gestão da água, mas à gestão daquilo a que chamo a água “escondida»”. É preciso olhar para a questão da gestão com outros olhos», frisa.
O responsável dá o exemplo da Tunísia, que deciciu apostar na produção de azeite, uma plantação adequada ao seu clima e que exige menos água. Deste modo, explica, «exporta azeite e importa outras coisas, como milho. Importa água virtual e exporta também o valor da sua água virtual. O tipo de plantações que se faz é uma escolha importante para uma boa gestão da água», conclui.
Stress hídrico crescente em todo o mundo
De acordo com Angela Wilkinson, directora de Planeamento e Prospectiva do Instituto James Martin para a Ciência e Civilização, da Universidade de Oxford, o mundo está virado para um futuro da água mais constrangedor.
«A água ainda não acabou no mundo, mas o futuro é de um stress hídrico crescente: mais pessoas, mais utilizações para a água, mais procura pela qualidade da água em mais locais, no tempo certo», aponta a especialista.
Para a responsável, os negócios actuais têm de fazer uma escolha. Podem «enterrar as suas cabeças na areia e assumir que «nós temos água, sempre conseguimos comprar a água que precisamos, os nossos clientes têm toda a água de que precisam...ou podem parar e colocar a questão: poderá alguma vez haver uma crise da água?». Afinal, questiona, «quem poderia ter previsto os impactes totais da crise do crédito há três anos atrás?».
«Vamos investir 20 milhões de euros em solar fotovoltaico e 28 milhões em eólica», adiantou Pedro Serra, presidente da Águas de Portugal, no painel dedicado à «Diversificação do Core Business» da Expo Água. Estes vaores fazem parte do bolo de 600 milhões de euros que o grupo vai aplicar até 2012, em projectos de valorização energética, mini hídricas, cogeração, fotovoltaico e eólica.
Os equipamentos fotovoltaicos serão colocados nas instalações do grupo, um pouco por todo o País. No que respeita à eólica, «ainda estão a ser feitas medições, mas poderão ser utilizadas microeólicas em aterros, para vender a energia à rede», asseverou o responsável.
Expo Água: Arquitectura sustentável para instalações colectivas
De acordo com Lívia Tirone, arquitecta da Tirone Nunes, na sessão «Tecnologia, inovação e boas práticas – Eficiência na gestão e utilização da água: reduzir custos, obter vantagem competitiva», «já há muitas decisões que podemos tomar à escala de projecto para a utilização eficiente da água.».
A arquitecta realçou dispositivos que podem ser implantados logo à escala da construção, como o aproveitamento das águas pluviais e a reutilização das águas cinzentas.
Expo Água: Israel NEWTech (Novel Efficient Water Technologies)
Para Avraham Israeli, antigo director de tecnologias de água e ambiente do Instituto de Exportação Israelita, «há muitas semelhanças entre Portugal e Israel em matéria de água». O responsável realçou que as duas nações são ambas países pequenos, com problemas de água semelhantes e orientados para os negócios.
Avraham Israeli relevou ainda que Israel é pioneiro no desenvolvimento de tecnologias da água, como a dessalinização, a irrigação e a reutilização de águas residuais.
Expo Água: Inovação e tecnologias avançadas para a qualidade da água
Para Miguel Cotrim, director comercial da Hach Lange, «há uma certa apreensão em relação às tecnologias de tratamento de água, devido à ideia de que o seu custo é elevado.»
O responsável apresentou as tecnologias que a empresa oferece para tratamento de águas residuais, como a remoção de amónia e a possibilidade do seu controlo on-line.
Expo Água: Certificação e rotulagem de eficiência hídrica de produtos
Segundo Armando Silva Afonso, presidente da direcção da Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais, na sessão «Tecnologia, inovação e boas práticas – Eficiência na gestão e utilização da água: reduzir custos, obter vantagem competitiva», da Expo Água, «as instalações prediais de abastecimento de água e esgotos são uma das principais origens do uso ineficiente da água em Portugal».
O especialista apresentou o novo sistema voluntário de certificação e rotulagem da eficiência hídrica, que já reúne, para os autoclismos, metade das empresas nacionais.
Expo Água: Projecto PLEIADeS – Caso da Albufeira do Caia
De acordo com António Perdigão, coordenador do PLEIADeS Portugal, na sessão «Tecnologia, inovação e boas práticas – Eficiência na gestão e utilização da água: reduzir custos, obter vantagem competitiva», «o projecto PLEIADeS concorre para uma gestão eficiente da água para uma agricultura sustentável».
O projecto, que funciona através de uma tecnologia de observação da Terra, permite uma estabilização dos aquíferos, a redução dos consumos e a monitorização da poluição, contribuindo para a segurança da água e dos alimentos.
Expo Água: Projecto Extensity (Sistemas de Gestão Ambiental e de Sustentabilidade na Agricultura Extensiva)
Segundo Tiago Domingos, coordenador do projecto Extensity (IST/UTL), na sessão «Tecnologia, inovação e boas práticas – Eficiência na gestão e utilização da água: reduzir custos, obter vantagem competitiva», «o projecto Extensity tem um potencial muito grande para ser utilizado na gestão da água pelos agricultores».
O responsável apresentou ainda o sistema online de informação geográfica e de indicadores de sustentabilidade do projecto.
De acordo com Fernando Lamares, administrador da TÜV Rheinland Portugal, na sessão «Tecnologia, inovação e boas práticas – Eficiência na gestão e utilização da água: reduzir custos, obter vantagem competitiva», «há um catálogo de medidas no processo de certificação eco – hotel que devem permitir atingir objectivos de redução de consumos de água.»
Através de redutores nas torneiras e chuveiros, exemplificou, é possível uma redução em 40 por cento da água consumida nos hotéis, e 30 por cento introduzindo doseadores automáticos na lavandaria.
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