Amalia Rodrigues

Em                 B7    
Por teu livre pensamento 
                   Em 
Foram-te longe encerrar 
                   Am    
Por teu livre pensamento 
          B7       Em  
Foram-te longe encerrar 
C                     Bm    Am 
Tão longe que o meu lamento 
           D7         G   E 
Não te consegue alcançar 
          E7      Am    B7 
E apenas ouves o vento 
                 Em 
E apenas ouves o mar 
 
Levaram-te a meio da noite 
A treva tudo cobria (bis) 
Foi de noite, numa noite 
De todas a mais sombria. 
Foi de noite, foi de noite 
E nunca mais se fez dia 
 
Ai dessa noite o veneno 
Persiste em me envenenar (bis) 
Oiço apenas o silêncio 
Que ficou em teu lugar 
Ao menos ouves o vento 
Ao menos ouves o mar...

 A  E7  A   
De manhã, que medo, que me achasses feia!      
 A7  D   
Acordei, tremendo, deitada n'areia    
 A  A7  D   
Mas logo os teus olhos disseram que não,     
 A7  A  E7  A   
E o sol penetrou no meu coração.{Bis}      
 
 A7   
Vi depois, numa rocha, uma cruz,    
 E7  D   
E o teu barco negro dançava na luz     
 A  A7   
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas     
 D  A   
Dizem as velhas da praia, que não voltas:     
 
 C  A   
São loucas! São loucas!     
 
 E7   
Eu sei, meu amor,    
 A   
Que nem chegaste a partir,    
 E7   
Pois tudo, em meu redor,    
 A   
Me diz qu'estás sempre comigo.{Bis}    
 
No vento que lança areia nos vidros; 
Na água que canta, no fogo mortiço; 
No calor do leito, nos bancos vazios; 
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.

F       E 
 
Ai, Mouraria 
 
          Am 
da velha Rua da Palma, 
 
     G 
onde eu um dia 
 
               C      E 
deixei presa a minha alma, 
 
    Am 
por ter passado mesmo ao meu lado 
 
   E 
certo fadista 
de cor morena, boca pequena 
 
      A, 
e olhar trocista. 
 
 
 
 F       E 
 
Ai, Mouraria 
 
                   Am 
 
do homem do meu encanto 
 
          G 
que me mentia, 
 
                   C      E 
mas que eu adorava tanto. 
 
           Am 
Amor que o vento, como um lamento, 
 

	

          Dm 
levou consigo, 
 
                Am 
mais que ainda agora  
 
           E 
 
e a toda a hora 
 
        A 
trago comigo. 
 
 
 
  
 
 F#       E 
Ai, Mouraria 
 
                A 
dos rouxinóis nos beirais, 
 
              C# 
dos vestidos cor-de-rosa, 
 
  D   D#º      A 
dos pregões tradicionais. 
 
 F#       E 
Ai, Mouraria 
 
                   A 
das procissões a passar, 
 
                    B7 
da Severa em voz saudosa, 
 
      E           A 
da guitarra a soluçar.

Intro: C  G  C  G  C 

C                        G 
Oiça lá ó Senhor Vinho, 
                                                G 
Vai responder-me, mas com franqueza: 
                                       G 
Porque é que tira toda a firmeza 
                                        C 
A quem encontra no seu caminho? 

C                          G 
Lá por beber um copinho 
                                  C 
A mais, até pessoas pacatas, 
                               G 
Amigo vinho, em desalinho 
                                       C 
Vossa Mercê faz andar de gatas! 

C7                  F 
É mau procedimento 
               G                     C 
E há intenção naquilo que faz. 
                              G 
Entra-se em desequilíbrio, 
                                          C 
Não há equilíbrio que seja capaz. 

C7                      F 
As leis da Física falham 
               G                    C 
E a vertical de qualquer lugar 
                         G 
Oscila sem se deter 
                                     C 
E deixa de ser perpendicular. 


Instrumental: igual à introdução 

                                 G 
"Eu já fui", responde o Vinho, 
                                    C 
"A folha solta a bailar ao vento, 
                                  G 
Fui raio de Sol no firmamento 
                                     C 
Que trouxe à uva doce carinho.” 

C                      G 
Ainda guardo o calor  
                                        C 
Do Sol, e assim eu até dou vida, 
                                            G 
Aumento o valor seja de quem for 
                                     G 
Na boa conta, peso e medida. 

C7                     F 
E só faço mal a quem 
                  G                             C 
Me julga ninguém e faz pouco de mim. 
                                  G 
Quem me trata como água 
                                            C 
É ofensa, pago-a! Eu cá sou assim. 

C7                         F 
Vossa Mercê tem razão 
                G                     C 
E é ingratidão falar mal do Vinho. 
                         G 
E a provar o que digo 
                                                  C 
Vamos, meu amigo, a mais um copinho! 


Instrumental da última estrofe. 

Repete a última estrofe.

Dm                              A 
Perguntaste-me outro dia 
                                     Dm 
Se eu sabia o que era o fado 
               D            Gm 
Eu disse que não sabia 
A                     Dm 
Tu ficaste admirado. 

                             A 
Sem saber o que dizia 
        Gm               Dm 
Eu menti naquela hora 
Gm                      Dm 
E disse que não sabia  
          A                  D 
Mas vou-te dizer agora. 



			
			

 
Refrão: 
            D 
Almas vencidas 
                    B 
Noites perdidas 
                   A 
Sombras bizarras 
           A7 
Na mouraria 

Canta um rufia 
                     D 
Choram guitarras 
           B7 
Amor ciúme 

Cinzas e lume 
               Em    G 
Dor e pecado 
                  D 
Tudo isto existe 
                   A 
Tudo isto é triste 
                    Dm 
Tudo isto é fado. 

			


 


Se queres ser meu senhor 
E teres-me sempre a teu lado 
Não me fales só de amor 
Fala-me também do fado. 

É canção que é meu castigo 
Só nasceu p' ra me perder 
O fado é tudo o que eu digo 
Mais o que eu não sei dizer. 

Refrão