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NG3 - DR4 - Opinião Pública e Reflexão Crítica

Satpa

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NG3 - DR4 - Opinião Pública e Reflexão Crítica

Competência e critérios de evidência

Identificar estereótipos culturais e sociais, compreendendo os mecanismos da sua formação e revelando distanciamento crítico.

1. Sou capaz de identificar estereótipos culturais na comunicação social.
2. Sou capaz de reflectir à luz de diferentes perspectivas culturais.
3. Sou capaz de explorar os factores que determinam a formação da opinião pública.

Critério de Beleza

miss+beleza.jpg


O conceito de beleza está intimamente relacionado com as coordenadas do tempo e do espaço, isto é, com as noções do «aqui» e do «agora», segundo a conceptualização orteguiana; assim o demonstra o facto de não ter sido entendido nem praticado da mesma forma pelas diferentes classes sociais ao longo dos tempos.

Se nos séculos XVIII e XIX, a beleza feminina poder-se-ia ver cristalizada nas mulheres brancas e gordas da nobreza e da burguesia tradicionais, em contraste directo com a magreza e com a pele tisnada do sol de milhares de mulheres que trabalhavam no campo; no século XXI, paradoxalmente, este conceito ancorou-se às noções de moreno e elegância.

Na raiz desta transformação sócio-cultural subjaz, por um lado, o poder económico de algumas classes sociais e, correlativamente, por outro, a tentativa de diferenciação social. Com efeito, porque é que o ideal de beleza dos séculos XVIII e XIX está subordinado à brancura da pele e a uma certa gordura, se não para demonstrar que as mulheres de uma determinada classe social não necessitavam de trabalhar no campo e tinham abundância de alimentos?

E porque é que o ideal de beleza do século XX, está inexoravelmente vinculado às noções de moreno e elegância, se não porque as mulheres de determinadas classes sociais podem pagar dietas, nutricionistas, solários, cirurgias plásticas e férias paradisíacas em qualquer parte do globo?


Critério de Felicidade

16.jpg

«Antigamente (a felicidade) era entendida como um ideal só alcançável pelos filósofos contemplativos (Aristóteles), pelos que sobre-humanamente renunciavam a tudo (estóicos), pelos que, perante o carácter enganador do prazer, acabavam por fazer o mesmo (epicuristas), e por todos os que a reservavam para os «eleitos» e, para cúmulo, não neste mundo mas no outro (Escolástica).

Agora as coisas mudaram. A actual trivialização da palavra «feliz» («faz-me feliz, diz qualquer um após a consecução da coisa mais acessível) corresponde à democratização, à aproximação, à vulgarização das expectativas da felicidade.

vivenda.jpg
A felicidade parece estar aí, no voltar do ano, quando enfim, podemos adquirir o carrito, a casa própria ou o aumento do salário; a felicidade parece assim ter-se colocado já ao alcance de todas as fortunas (?) espirituais, desde que cresçam os aumentos materiais.

Claro está que depressa as coisas se mostram mais complicadas porque, quando já se alcançou aquilo em que, ilusoriamente, púnhamos a felicidade, esta vai para mais longe; agora já não basta o carrito, porque faz falta um automóvel sumptuoso, a nossa vivenda precisa de ser uma luxuosa vila e a felicidade parece não ser já uma questão só de dinheiro, mas também de status: se pudéssemos chegar a ser ministros!

(Este último exemplo não é bom: qualquer um pode chegar a ser ministro, como mostra a experiência.) A agridoce verdade é que, à medida que nos aproximamos da felicidade, ela se afasta mais e mais».

J. l. Aranguren - Propuestas morales.


Proposta de trabalho:

Muitos são efectivamente os estereótipos sobre os quais assenta a nossa sociedade portuguesa e a comunidade global, em geral.

Os conceitos correlativos e quase coextensivos de «beleza» e «felicidade» são duas noções que o comum das pessoas adopta irreflectidamente do meio em que está inserido e que acabam por ter efeitos desastrosos nos diversos domínios sociais.

Pois, se o conceito de beleza preside em exclusivo à selecção e contratação de profissionais, como o parece indicar o facto de nas lojas de pronto-a-vestir já não existirem senão mulheres jovens e bonitas, e se o conceito de felicidade só se realiza na ostentação de riqueza, expressa na aquisição da casa e do carro de luxo, então todos aqueles que não preencham estes pré-requisitos são imediatamente excluídos da sociedade e, o que é pior, não podem aparentemente aceder à felicidade a que congenitamente estão chamados.

Deste modo, peço-lhe que reflicta e demonstre distanciamento crítico sobre estes e/ou outros estereótipos culturais, que, sendo aceites pela opinião pública, têm efeitos nefastos na sociedade em que vivemos.



Publicada por Maroco dos Santos
Em Cidadania e Profissionalidade
 

Luis Guerreiro

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Olá boa noite! Hoje é a minha estreia aqui, ainda n conheço bem os mecanismos de funcionamento do fórum, mas apreciei o facto de existir matéria relacionada com o RVCC 12º ano, uma vez que é o processo que desenvolvo no momento, e precisamente o que tenho em mãos para trabalhar tem a ver com Cidadania e Profissionalidade, em que se aborda a questão dos estereotipos culturais e sociais e preconceitos. Por isso apreciei a matéria aqui exposta. Muito obrigado e até breve!
 

Satpa

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Olá boa noite! Hoje é a minha estreia aqui, ainda n conheço bem os mecanismos de funcionamento do fórum, mas apreciei o facto de existir matéria relacionada com o RVCC 12º ano, uma vez que é o processo que desenvolvo no momento, e precisamente o que tenho em mãos para trabalhar tem a ver com Cidadania e Profissionalidade, em que se aborda a questão dos estereotipos culturais e sociais e preconceitos. Por isso apreciei a matéria aqui exposta. Muito obrigado e até breve!

Obrigado pelo reconhecimento,

Volta sempre:espi28::espi28:

satpa
 

marialopes

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Olá boa noite hoje é a minha estreia aqui, estou a tirar o 12º e estou a começar a trabalhar os segintes modulos,dr1,dr3,dr4, gostava de saber se alguem me pode ajudar nessa area.
obrigado!
 

Satpa

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Olá boa noite hoje é a minha estreia aqui, estou a tirar o 12º e estou a começar a trabalhar os segintes modulos,dr1,dr3,dr4, gostava de saber se alguem me pode ajudar nessa area.
obrigado!

Tens que ser mais explicita e dizer qual o núcleo gerador (NG) que tens dificuldade.

:espi28::espi28:

satpa
 

Bruno Guimaraes

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olaaa boa noite:)

Ola Malta voces podem ajudar um pobre coitado que não consegue acabar o trabalho do DR-4 do NG-3? Se alguem me puder ajudar OBRIGADO!
 

Satpa

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Olá

Além deste tópico que tem algumas dicas excelentes para o trabalho em questão, encontrei este trabalho que explica o sentido de "Opinião Publica"

Espero que te ajude a elaborares o teu trabalho

:espi28::espi28:


:left:O topico--»NG3 - DR4 - Opinião Pública e Reflexão Crítica

FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA OPINIÃO PÚBLICA

Sidinéia Gomes Freitas
Professora da Universidade de São Paulo


INTRODUÇÃO

Falar de opinião pública é assunto apaixonante e controverso. Isto posto, fica ainda mais difícil darmos um passo além e analisarmos o tema: Formação e desenvolvimento da opinião pública.

Pela profundidade do assunto, temos consciência de que não o esgotaremos, mas sim indicaremos alguns parâmetros para a sua discussão.

CONCEITO DE OPINIÃO PÚBLICA

Na verdade, o conceito de opinião pública vem se transformando através dos tempos. No século XIX ocorreu a primeira revolução industrial, surgiu a imprensa e as reivindicações deixaram de representar apenas os interesses de um grupo dominante, abrangendo caráter não só político, mas também social e econômico.

Os estudiosos da opinião pública consideram-na, antes de mais nada, um estudo essencialmente interdisciplinar que envolve a Sociologia, a Psicologia Social, a Ciência Política e outras.

O senso comum utiliza o termo opinião pública com naturalidade (grande parte de nossos representantes políticos assim agem), mas ao investigador interessa saber o que é opinião pública.

A reflexão nos leva, automaticamente, a lembrarmos de grupo, de público, de atitude de maioria, de opinião, do indivíduo no grupo, no público.

A professora Sarah Chucid da Viá refere-se à definição de Kimbal Young: “Opinião é conjunto de crenças a respeito de temas controvertidos ou relacionados com interpretação valorativa ou o significado moral de certos fatos”[1].

Monique Augras afirma “a opinião é um fenômeno social. Existe apenas em relação a um grupo, é um dos modos de expressão desse grupo e difunde-se utilizando as redes de comunicação do grupo”[2].

De fato, a opinião tem sua origem nos grupos, mas só assim não caracterizaremos a opinião pública, porque esses grupos transformam-se em públicos quando se organizam em torno das controvérsias, com ou sem contigüidade espacial, discutem, informam-se, refletem, criticam e procuram uma atitude comum, e atitude para a professora Sarah Chucid da Viá “é uma tendência para atuar, agir. Relaciona-se com os hábitos, com os comportamentos e transforma-se em opinião quando adquire um caráter verbal e simbólico”[3], mas onde fica o indivíduo na opinião pública?

Ora, todos nós sabemos que o indivíduo, o ser humano, é um ser social e não vive sozinho. No mínimo pertencerá ao grupo primário “família”. Na verdade, ainda não se sabe qual é a real natureza do termo opinião pública, mas analisando o que dizem os especialistas podemos encontrar pontos de destaque sobre o assunto. Vejamos:

  • a opinião pública está diretamente relacionada a um fenômeno social que poderá ou não ter caráter político;

  • é um pouco mais que a simples soma das opiniões;

  • é influenciada pelo sistema social de um país, de uma comunidade;

  • é influenciada pelos veículos de comunicação massiva;

  • poderá ou não ter origem na opinião resultante da formação do público;

  • não deve ser confundida com a vontade popular, pois esta se relaciona aos sentimentos individuais mais profundos;

  • depende e resulta de uma elaboração maior;

  • não é estática, é dinâmica.
Convém aqui destacar que a opinião de um grupo não é a opinião do público, e a melhor forma de esclarecermos o assunto ainda é o exemplo. Assim, sabemos que no grupo primário “família”, a hierarquia, bem como a comunicação face a face, interfere na discussão que é mais do tipo democrático direto, onde geralmente a opinião preponderante é a do líder do grupo (o chefe da família, por exemplo).

No grupo primário “família”, os problemas são mais concretos, mas nas sociedades mais complexas, os grupos secundários (escola, igreja) caracterizam-se por apresentarem indivíduos com multiplicidade de tarefas e de atividades, e os problemas tornam-se mais abstratos, bem como as relações também se tornam mais abstratas e surge a controvérsia que, a meu ver, é a origem da formação do público.

A essa altura, surge o indivíduo no público que, segundo o Prof. Dr. Cândido Teobaldo de Souza Andrade:

  • não perde a faculdade de crítica e autocontrole;

  • está disposto a intensificar sua habilidade de crítica e de discussão frente a controvérsia;

  • age racionalmente através de sua opinião, mas está disposto a fazer concessões e compartilhar de experiência alheia.[4]

Seria bom se estivéssemos sempre diante de públicos e de indivíduos no público, mas Monique Augras nos diz que “A opinião pública é, declaradamente, uma alavanca na mão do demagogo. Daí em diante aparecerá um duplo aspecto: expressão genuína da vontade do povo e meio de manipulação desse povo”[5]. Nas sociedades complexas nem sempre a opinião pública influencia e determina ações, sejam tais ações de caráter puramente social, ou de caráter político e econômico. Por isso, precisamos verificar que fatores interferem na formação e no desenvolvimento da opinião pública.

OPINIÃO PÚBLICA: FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

Além da classificação dos grupos, os fatores sociais, os psicológicos, a persuasão e os veículos de comunicação massiva interferem na formação e desenvolvimento da opinião pública.

No sentido de facilitarmos a análise isolaremos as interferências.
Fatores Sociais

O tipo de sociedade ao qual pertencemos, nossa classe social e as várias relações estabelecidas interferem na formação da opinião pública. Nas sociedades mais estáticas as opiniões são mais permanentes e se aproximam mais de crenças, enquanto que em sociedades mais dinâmicas os indivíduos tendem a mudar de opinião e devido à grande mobilidade social, opiniões se transformam ou até mesmo desaparecem.

Os grandes centros urbanos apresentam grande mobilidade social diferenciando-se da população concentrada em aldeias rurais, onde há mais dificuldades nos contatos e nas informações.

A classe social também interfere na formação da opinião. “Marx afirma que toda a opinião é opinião de classe, uma opinião determinada pelo grupo social em que se vive”, nos lembra a professora Sarah C. da Via.[6]
Os Fatores Psicológicos e a Persuasão

Os fatores psicológicos são os que melhor explicam a formação da opinião pública, pois opinião relaciona-se com o conjunto de crença e ideologia de um indivíduo que tem disposição para expressar-se (caso não se expresse trata-se de uma atitude latente) e “a opinião seria um dos modos de expressão dessa disposição, surgindo a propósito de um acontecimento determinado. Sendo essencialmente expressão, a opinião é de natureza comunicativa e interpessoal. Serve de mediadora entre o mundo exterior e a pessoa sob dois aspectos: 1) adaptação à realidade e ao grupo; 2) exteriorização”, nos lembra a professora Sarah C. da Viá.[7]

Ocorre que a adaptação à realidade e ao grupo, bem como a exteriorização, envolvem a identificação, a projeção e a rejeição que verificamos no relacionamento social, e não é difícil observarmos isto nas representações coletivas, pois todos desejam a aprovação social. “As opiniões consideradas pelo indivíduo com a maior cautela; inversamente, se alguém tiver necessidade de agressão e de autonomia, expressá-la-ás sem restrições”, analisa a professora Sarah C. da Viá.[8]

Ainda considerando a identificação, a projeção e a rejeição iremos encontrar os estereótipos criados nas sociedades de massa onde os fatores afetivos e irracionais funcionam com maior intensidade.

Os estereótipos apresentam algumas características que auxiliam sobremaneira a formação e desenvolvimento da opinião pública. Vejamos:


  • o estereótipo é persistente, pode permanecer por gerações;

  • é elaborado por um grupo para definir-se ou definir outro grupo;

  • apresenta ma imagem idealizada do próprio grupo;

  • apresenta a esquematização, onde as qualidades de um objeto são reduzidas a uma só;

  • engloba todos em único conceito;

  • tem função compensatória de frustrações, assim, o outro grupo passa a ser responsabilizado pelas frustrações.
Os estereótipos são, de fato, fantasias, mas fantasias que determinam atitudes que podem levar à ação. Pessoas, frases, modelos podem transformar-se em estereótipos.

Criar estereótipos, alterar e induzir opiniões irá requerer a persuasão. A persuasão tem na propaganda sua melhor arma de ação, pois a propaganda pode ser definida como técnica que manipula as representações, os estereótipos e influencia nas ações humanas, nas atitudes das pessoas. Por outro lado, sabemos que o homem é um ser social, é passível de influência e, portanto, pode ser persuadido. Quer e deseja a aprovação social.

De fato, a persuasão e a propaganda andam de mãos dadas, pois o professor Cândido Teobaldo de Souza Andrade nos diz: “A propaganda é considerada suspeita, porque na área da discussão pública, ela molda opiniões e julgamentos, não baseada apenas no mérito da controvérsia, mas, principalmente, agindo sobre os sentimentos. O objetivo precípuo da propaganda é implantar uma atitude que vem a ser sentida pelas pessoas como natural, certa e espontânea. Deseja assim a propaganda criar uma convicção e obter ação de acordo com essa convicção”[9].
Os Veículos de Comunicação Massiva

Somos constantemente bombardeados pelos veículos de comunicação massiva que agem sobre nossas opiniões, nossas atitudes, nossas ações. Bombardeiam nossos lares e formam nossas crianças.

A interferência desses veículos vem sendo lembrada a todo momento nos problemas levantados em nosso curso.

Os veículos de comunicação massiva usam e abusam da propaganda. Basta nos colocarmos diante de um aparelho de televisão realizarmos uma simples contagem do número de comerciais veiculados. Estamos diante de veículos onerosos e somente grupos poderosos podem mantê-los e manejá-los, mas a opinião pública existe, não pode continuar a ser manipulada de maneira abusiva e desejamos chegar mais próximos da verdade. Porque ao invés de negarmos o poder de tais veículos, não utilizá-los de modo mais racional e eqüitativo? Os grupos de interesse agem.

PÚBLICO E OPINIÃO PÚBLICA


O professor Cândido Teobaldo de Souza Andrade e quase todas as obras que falam de Relações Públicas admitem a existência de grupos, mas sabem que um grupo pode ou não se constituir como um público. Desta forma, chegamos às características da opinião pública que, segundo o professor Teobaldo, fica assim caracterizada:

  • não é uma opinião unânime;

  • não é, necessariamente, a opinião da maioria;

  • normalmente é diferente da opinião de qualquer elemento do público;

  • é uma opinião composta, formada das diversas opiniões existentes no público;

  • está em contínuo processo de formação das diversas opiniões existentes no público;

  • está em contínuo processo de formação e em direção a um consenso completo, sem nunca alcançá-lo.[10]
  • Sabemos que os grupos de interesse, as pessoas interessadas e os espectadores constituem o público.

Os grupos de interesse têm importante papel na formação da opinião pública e, mais uma vez, o professor Teobaldo nos lembra que os grupos de interesse colocam a controvérsia e esforçam-se para obter aliados entre os desinteressados. Desta forma o desinteresse, e a não informação contribuem para a ação dos grupos de interesse. “Esses grupos de interesse, no seu esforço para moldar opiniões, podem provocar, pela propaganda, o estabelecimento de atitudes emocionais e sentimentos. A contrapropaganda faz aparecer, novamente, a controvérsia e o processo de discussão. Assim, pode-se notar que a propaganda é prejudicial somente quando existe apenas uma propaganda”[11].

De fato, a opinião pública deve funcionar como fiscal necessário e, para que isto ocorra, os seres racionais devem tornar-se cada vez mais racionais, mas vivemos em uma sociedade de massas onde o interesse privado geralmente se sobrepõe ao interesse público. Hoje, o que temos é a multidão, que foi característica da antiguidade e da Idade Média. Temos a massa de consumidores. Onde está o público?

A opinião pública não é resultado do impulso de multidões passageiras que, excitadas por um fato novo e na fantasia criada pelos estereótipos e apaixonada por seus oradores, precisam adquirir a exata consciência de nação.

Precisamos não só informar, mas principalmente formar, e Canfield já registrava: “No seu papel de divulgar informações ao público, o profissional de Relações Públicas ocupa uma posição chave na formação de uma opinião pública esclarecida”[12].

OBSERVAÇÕES FINAIS

A controvérsia deve ser vista como fato natural em uma sociedade mais evoluída. Assim, a iniciativa privada e o governo devem acostumar-se a discutir.

Não é porque uma empresa é alvo de críticas, que deixará de existir. Pelo contrário, é necessário que se estabeleça o diálogo e que os empresários assumam sua responsabilidade social, pois o público não só deseja, mas principalmente merece explicações.

“Hoje, mais do que ontem, a humanidade tem como seu alicerce a opinião pública e exclusivamente sobre essa base o mundo pode sobreviver. A sociedade de massas precisa ser substituída pela comunidade de públicos, pela evasão do pensamento coletivo, mediante apelos dirigidos à razão e à reflexão. A humanidade só poderá viver em harmonia se existir ampla e livre comunicação, sob pena de sofrermos uma imprevisível rebelião das massas”, nos lembra o professor Teobaldo[13].

Childs nos diz: “Os grupos de pressão identificam seus interesses com o interesse público. Essa identificação não se pode efetivar com um simples movimento de pena ou agir de mão. O público está sempre interessado em decisões mais sábias e racionais quanto a assuntos de relevância para ele. Suas competência para decidir sabiamente depende, em grande parte, do grau em que os grupos de pressão esclarecem o seu espírito, e não da extensão em que despertam instintos animais”[14].

Childs continua sua análise, demonstrando as condições básicas para o exercício da democracia que são:
  • direito de escolha;

  • liberdade de expressão;

  • substituição de apelos irracionais por apelos menos irracionais, já que as emoções e os sentimentos não podem ser esquecidos;

  • mais informação às massas e muita reflexão;

  • educação;

  • uso adequado da propaganda.

Childs apresenta ainda os pontos fundamentais que Relações Públicas deve observar, no que se refere ao controle social, quando falamos em opinião pública. Vejamos:

  • Relações Públicas, em seu sentido mais amplo, referem-se àqueles aspectos do nosso comportamento individual ou institucional que tem implicações sociais;

  • O problema fundamental de relações públicas é por essas relações em conformidade com o interesse público – um interesse que está sendo constantemente redefinido pela opinião das massas;

  • Temos não só o dever de sujeitar-nos à opinião pública, mas também a responsabilidade e a oportunidade de modelá-la e guiá-la;

  • Agindo assim, precisamos estar conscientes do significado social da propaganda – do papel que cabe na teoria democrática e das condições essenciais para o seu correto funcionamento;

  • Em última análise, a opinião pública é aquilo que, coletivamente, fazemos com que ela seja. Só quando procuramos, de todas as maneiras possíveis, melhorar a sua qualidade é que nos libertamos dos perigos do conformismo”[15].
A estes aspectos, devemos incluir a administração da controvérsia e, neste caso, a profa. Sarah C. da Viá nos traz as diferenças no tratamento da informação, quando diz: “Numa comunidade de públicos, a discussão é o meio de comunicação fundamental, e os veículos de comunicação de massa, quando existem, apenas ampliam e animam a discussão, ligando um grupo primário com as discussões de outro”[16]. E continua: “Numa sociedade de massas, o tipo de comunicação dominante é o veículo formal, e os públicos se tornam apenas simples mercados dos veículos de comunicação de massa”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] DA VIÁ, Sarah Chucid. Opinião pública: técnica de formação e problemas de controle. São Paulo: Loyola, 1983. p.7-58.

[2] AUGRAS, Monique. À procura do conceito de opinião pública. In: Opinião pública: teoria e processo. Petrópolis: Vozes. 1970. Cap I, p.11-19.

[3] DA VIÁ, S. C., op. cit.

[4] ANDRADE, Cândido Teobaldo de Souza. Público e opinião pública. In: Curso de relações públicas. São Paulo: Atlas, 1980. p.15-20.

[5] AUGRAS, M., op. cit.

[6] DA VIÁ, S. C., op. cit.

[7] Ibidem.

[8] Ibidem.

[9] ANDRADE, C. T. S., op. cit.

[10] Ibidem.

[11] Ibidem.

[12] CANFIELD, Bertrand R. Opinião pública. In: Relações públicas: princípios e problemas. São Paulo: Pioneira, 1961. Vol.1, p.27-48.

[13] ANDRADE, C. T. S., op.cit.

[14] CHILDS, Harwood L. Opinião pública e controle social. In: Relações públicas, propaganda e opinião pública. Rio de Janeiro, FGV, 1976. p. 164-175.

[15] Ibidem.

[16] DA VIA, S. C., op. cit.

Originalmente publicado na revista Comunicarte, Campinas, v. 2, n. 4, p. 177-184, segundo semestre 1984.
 

edud

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boa noite, sou novo aqui no forum, gostava de saber se me podem mostrar o NG 4 DR1 de STC, para eu poder tirar uma ou outra ideie.Estou a leste.Se vir um exemplo já concluido, torna-se mais facíl.Obrigado
 

criscardoso

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Boa noite, estou a tirar 12º ano no EFA. Este Área de competência sobre, Critério de Beleza. Esta a dar em doida comigo.
Gostava muito se me podesse ajudar neste trabalho.
 

criscardoso

GF Bronze
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Proposta de Trabalho 1:
Muitos são efectivamente os estereótipos sobre os quais assenta a nossa sociedade portugusa e a comunidade global, em geral.
 

criscardoso

GF Bronze
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A Proposta de Trabalho 2:
1ª) Reflicta sobre a importância dos média na adesão a, e difusão de esterótipos e preconceitos dominantes.
2ª)Feflita sobre o papel das novas tecnologias na forma da opinião pública.
Não se esqueça de referir a diferença entre opinião publicada e de que forma esta pode ou não condicionar aquela.
 
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