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Entrevista: Não faz sentido pôr eléctrico na Boavista

brunocardoso

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Entrevista: Não faz sentido pôr eléctrico na Boavista


Presidente da STCP discorda do regresso dos veículos históricos à Avenida, mesmo que a linha de metro vá pelo Campo Alegre. Empresa tem em análise nova operação para consolidação do passivo, no valor de 120 milhões
03h00m
HUGO SILVA
Fernanda Meneses, presidente do Conselho de Administração da STCP, considera que não faz muito sentido colocar o eléctrico na Avenida da Boavista, no Porto, alerta para o problema do endividamento da empresa e revela que, no ano passado, a empresa conseguiu ganhar passageiros, invertendo uma tendência decrescente com vários anos.


Em 2008, a STCP teve mais ou menos passageiros do que em 2007?

Tivemos mais dois milhões e um pouquinho. Ultrapassámos os 111 milhões de passageiros.

Então, quebrou-se a tendência de perda dos últimos anos...
Exactamente.

Qual a explicação?
O sistema, hoje, funciona melhor. Por outro lado, creio que os clientes já perceberam a rede, conhecem-na melhor. E nota-se que a STCP teve a preocupação de manter a qualidade da frota num nível muito elevado. Como é óbvio, também a crise obrigou muita gente a deixar o automóvel.

Em termos financeiros, como acabou o ano? O passivo aumentou?

O passivo aumentou inevitavelmente, porque não tivemos subsídio à exploração que cobrisse os resultados do ano passado, porque fizemos mais investimento e porque, como ninguém nos fez uma doação especial, tivemos que aumentar o endividamento. Em 1998 não chegávamos a 75 milhões de euros de passivo total, o ano passado estávamos pouco abaixo dos 300 milhões, este ano não ficaremos abaixo dos 320 milhões.

Já sabem qual será o montante das indemnizações compensatórias?

Nos últimos anos, têm subido na ordem dos 6% ou 7%. Mas se a indemnização é bastante insuficiente, os 7% significam pouco, não chegam para inverter nem sequer para corrigir esse desfasamento.

A situação mudará com a Autoridade Metropolitana de Transportes?

Pessoalmente, não vejo como. Talvez possa haver uma ligação mais directa ou mais proporcional entre o subsídio atribuído e o défice que da empresa. Mas estará sempre limitado pela disponibilidade para afectar fundos. Essa é a limitação preponderante e não podemos esperar que a Autoridade faça um milagre.

E será mesmo desta vez que a Autoridade Metropolitana de Transportes vai funcionar?

Acredito que sim, na medida em que me parece que as coisas já estão, do ponto de vista da definição, numa fase mais avançada do que em situações anteriores.

Após um período de aparente acalmia, voltaram as greves e os protestos dos trabalhadores. O que está em causa?

A situação social que se vive na empresa resulta de uma circunstância que já existia quando assumimos funções há três anos e que é, talvez, uma das mais difíceis que temos para resolver: uma regulamentação interna que se rege por dois instrumentos colectivos de trabalho. Temos regulamentos diferentes para pessoal que exerce as mesmas funções. O instrumento novo, assinado por algumas organizações sindicais em 2005, elimina uma série de regalias que, em muitos casos, são um factor tremendamente restritivo da produtivadade, mas estabelecendo compensações financeiras. Houve um esforço, desde o início deste mandato, para se obter um acordo único, até chegarmos àquilo que foi a reformulação feita em 2007. Se fosse aplicada a todos os trabalhadores, representaria um aumento do custo com pessoal em 10%, o que não tem nada a ver com as taxas de actualização praticadas. Nem assim foi aceite. E quase periodicamente vão surgindo focos de discordância. Profundamente lamentável – e nós registámos como os dias mais negros de 2008 e até de há muitos anos – foram as circunstâncias em que as últimas greves decorreram, que levaram quem não queria trabalhar a entender que podia, por métodos ilegítimos e ilegais, impedir quem queria trabalhar. E que atingiram o ponto mais alto com o apedrejamento de viaturas.

No projecto de renovação da Circunvalação diz-se que a recolha da Areosa acolherá um equipamento de investigação. O que será?

Isso já foi corrigido. A Câmara da Maia teria essa perspectiva, mas nós já chamámos a atenção, porque não está previsto nada disso.

O que está previsto para lá então?

O terreno já esteve para ser alienado e só não foi porque entendemos que o preço oferecido não era conveniente.

Já está decidido com que estações de recolha querem ficar e quais as que vão alienar?

Está praticamente decidido que a Via Norte ficará. Ainda não está definido, para já, qual o local alternativo a Francos. As alternativas são S. Roque e Gondomar. Mas a verdade é que nesta altura não podemos estar a fazer investimentos demasiado fortes, porque tivemos que os fazer em outras finalidades, como a frota e a via do eléctrico. Eram coisas prioritárias.

A concessão do canal da Avenida da Boavista ainda é da STCP?

A concessão, em muitos percursos, tinha sido da STCP, certo? Mas, conforme se entendeu há anos, toda a substituição da via do carro eléctrico foi feita com carril compatível com o eléctrico rápido, que não é muito diferente do metro ligeiro. A Boavista não escapava a essa regra. Mas como entrou em equação a hipótese de ligação via metro ligeiro, não fazia sentido que houvesse discussão nesse aspecto. Para já, não tem feito falta a ligação do eléctrico pela Avenida, que está muito bem servida pelos autocarros. É uma via em que o transporte público rodoviário tem funcionado bem.

Perguntava isto porque, até Setembro, será decidido se a ligação de metro entre Matosinhos Sul e S. Bento (Porto) é pela Avenida da Boavista ou pelo Campo Alegre. Caso a opção recaia no Campo Alegre, a STCP admite voltar a colocar eléctricos na Avenida?

Aquilo que temos reposto vai no sentido de entender que a mini-rede existente é de carro eléctrico histórico. São os veículos que temos, tradicionais, antigos. Que fazem sentido no sítio onde estão. Está prevista a ligação do Infante até S. Bento, pela Rua de Mouzinho da Silveira, e, a determinada altura, também equacionámos a hipótese de levar a linha que termina nos Pilotos da Barra a fazer “raquete” no Castelo da Foz. Mas recordo que a exploração do eléctrico é a mais cara, o investimento é o mais pesado. A Boavista... Para ter muita lógica, terminar na Boavista porquê, se tem lá o sistema de metro a passar? Então, da Boavista tínhamos que retomar os percursos antigos. Mas para ligar onde? Só podia ligar junto ao Hospital de Santo António, no Carmo ou coisa que o valha. Não me parece que faça muito sentido.

A STCP pretende continuar ali com um canal para os autocarros?

Para já não está definido. Nós estamos a acompanhar de perto, porque a STCP é accionista da Metro e eu sou administradora não executiva. Estão a ser analisadas quais são as vantagens de um lado e de outro [metro na Boavista ou no Campo Alegre]. Depois, em função da alternativa, logo se verá o que tem de ser considerado. Não é por passar o metro que os autocarros deixam de existir.

A linha de metro para Gondomar está em marcha . A STCP já está a prever alterações para aquela zona?

Procuramos sempre acompanhar com antecedência quais são as implicações mais directas. Estamos a falar de uma zona que é essencialmente coberta por privados. Não está ainda definida qualquer alteração em termos de rede.

Quais são os principais projectos da empresa para este ano?

Em 2009 começa um novo mandato. Quem cá estiver, com certeza que vai fazer com que a empresa prossiga naquilo que tem sido a sua linha mestra há muitos anos: garantir uma grande qualidade no serviço, racionalizar progressivamente a sua própria estrutura, tentar minimizar aquilo que são resultados negativos inevitáveis. E vai ter que continuar a encarar o problema do endividamento. O nível de endividamento obriga a que se pense bem quais as consequências e quais são os caminhos. Está já a ser analisada mais uma consolidação de passivo a curto prazo. É uma operação de 120 milhões de euros, para que o passivo fique mais equilibrado. Entretanto, estamos a preparar uma proposta de de contratualização do serviço público com a tutela, seja o Governo ou a Autoridade Metropolitana. As bases da proposta já foram apresentadas, vamos agora desenvolvê-la com maior pormenor.

Está disponível para continuar?

Depende. Sempre estive disponível ou não para aceitar os desafios consoante as condições que eu coloque e que me disponibilizem.

Fonte Inf: JN
 
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