Ainda que o Presidente Barack Obama defenda uma posição de liderança para os Estados Unidos nas negociações climáticas, os negociadores norte-americanos tentaram refrear as expectativas da comunidade internacional nos onze dias da mais recente ronda negocial para decidir o sucessor do Protocolo de Quioto, sob a égide da ONU, que terminou hoje em Bona.
O cenário em Bona foi de negociações complexas a menos de nove meses da assinatura do novo tratado global de luta contra as alterações climáticas, em Dezembro, em Copenhaga. E a delegação americana fez questão de salientar quão difícil está a ser a tarefa.
“As negociações só agora estão a começar. Este é um assunto complicado”, comentou Jonathan Pershing, o enviado especial dos Estados Unidos para as alterações climáticas.
“O simples título dos jornais de que as temperaturas estão a subir estimula a imaginação das pessoas, como devia, mas as dificuldades e complexidades do que devemos fazer relativamente a isso exigem muito tempo, energia e sofisticação”, acrescentou. “Encontrar consensos vai levar algum tempo”.
Durante a campanha eleitorial, Obama definiu como meta reduzir as emissões de gases com efeito de estufa do país a níveis de 1990, em 2020. Mas Pershing disse que será “improvável” que o Congresso norte-americano finalize essa meta em Junho.
Os países em desenvolvimento queixaram-se de que as negociações em Bona não conseguiram avançar sobre as metas das emissões para os países ricos nem apelar à recolha de financiamento para reduzir as emissões nos países mais pobres. Estes salientaram que os países ricos enriqueceram durante dois séculos por causa da industrialização, libertando dióxido de carbono para a atmosfera. Agora querem que sejam os países do Norte a agirem primeiro e a ajudá-los a pagar as reduções de emissões do Sul.
“Estamos muito decepcionados”, comentou o representante chinês para o clima, Yu Qingtai. “Viemos a Bona com a esperança de que, finalmente, nos centrássemos na missão deste grupo de trabalho”, disse, referindo-se a um grupo que deveria estabelecer metas para as futuras reduções de emissões dos países desenvolvidos.
"Mais uma vez, os negociadores vão-se embora sem deixarem um plano ou dinheiro na mesa para combater as alterações climáticas", queixou-se a organização internacional Greenpeace.
Apesar de a presença norte-americana nas negociações ser motivo de esperança, a organização considerou que isso não é suficiente. "Houve muito pouco progresso em questões e decisões cruciais. Uma alteração de ânimo não chega", comentou em comunicado.