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Tribunal recusa saída precária a Tó Jó dez anos após matar os pais

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Mai 27, 2007
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Dez anos após assassinar o pai e a mãe com 33 facadas, num crime conhecido por suspostos rituais satânicos, António Jorge, conhecido por Tó Jó, espera ainda a primeira saída precária da prisão. Tribunal recusa-lhe os pedidos.

O recluso 112 da ala E do Estabelecimento Prisional de Coimbra, Tó Jó, a cumprir a pena de 25 anos de prisão por ter morto, com 33 facadas o pai, médico de clínica geral em Ílhavo, e a mãe, apesar de já ter cumprido mais de um quarto de pena ainda não teve direito a qualquer saída precária, condição primeira para poder requerer a liberdade condicional. O Tribunal de Execução de Penas sempre recusou os seus pedidos.

O crime praticado pelo Tó Jó, hoje com 32 anos, um dia a seguir ao último eclipse solar do milénio, chegou a ser publicitado como enquadrado em rituais satânicos - o jovem, assim como a então sua mulher, que chegou a estar em prisão domiciliária, por suspeita de cumplicidade no crime, fazia parte de uma banda de Ílhavo, "Agonizang Terror", que tinha um repertório muito ligado ao ódio e ao satanismo. O Tribunal de Ílhavo, que julgou Tó Jó nos finais de 2000 e princípios de 2001, rejeitou esta tese.

Actualmente, no Estabelecimento Prisional de Coimbra, Tó Jó é um recluso afável e educado, que deixou de receber visitas há já algum tempo. De início, uma tia de Coimbra ainda o visitava; mais tarde, um jovem chegou a vê-lo, mas hoje não vai ao parlatório. É um recluso muito fechado, cum um grupo de amigos bastante restrito. Pertence à comissão de apoio à biblioteca do estabelecimento prisional e pratica basquetebol ou joga ténis quando está no recreio do estabelecimento prisional.

Tó Jó tem familiares em Ílhavo, onde viveu até ser preso. Além de estudar, pertence a uma banda musical do Estabelecimento Prisional de Coimbra que actuou recentemente na Cadeia de Custóias. Toca viola.

As únicas vezes que saiu da prisão foi para consultas médicas, algumas de psiquiatria, em que chegou a ser acompanhado pelo médico Daniel Sampaio. Francisco Gramunha, com 63 anos, reformado, foi o investigador que chefiou a brigada que, na Polícia Judiciária, investigou o crime praticado pelo Tó Jó. Após 30 anos ao serviço da Judiciária, em Lisboa, Guarda e Aveiro, não tem dúvidas: "Em termos de violência, foi o caso mais chocante que alguma vez tive na minha vida profissional", recordou, ao JN. Rejeita a tese de crime com tons satânicos e lembra que quando entrou na casa dos pais do Tó Jó, além dos corpos esfaqueados, manchas de sangue e alguns objectos que faltavam, assim como o carro de uma das vítimas, apenas restavam algumas velas queimadas. "Estou convicto que houve tentativa de pôr fogo à casa para não deixar vestígios", diz.

Relembra Gramunha que Tó Jó foi um suspeito calmo. "Se o conhecesse não diria que era capaz de fazer aquilo que demorou a confessar. Ele pediu-nos para ir ao funeral do pai e da mãe mas recusámos por questões de segurança", lembra. "Os ferimentos que o Tó Jó tinha nas mãos foi um dos pontos-chave para as nossas suspeitas. Mas ficámos com a convicção de que ele não fez aquilo sozinho", concluiu.

Lembrança ainda choca vizinhos que rejeitam saída em liberdade

A tragédia da madrugada de 12 de Agosto de 1999 ainda choca os moradores da Rua Prior Valente, em Vale de Ílhavo. Muitos aceitam falar ao jornalista a coberto do anonimato, sobretudo quando se levanta a possibilidade de Tó Jó, que matou os pais, poder vir a sair, um destes dias, em liberdade condicional, esquecidos de que o jovem não tem familiares próximos em Ílhavo. Outros não querem o nome no jornal mas não se importam de ser fotografados. "Já apareci nas televisões todas", diz um dos vizinhos. "É claro que ficamos preocupados, pois não esquecemos que foi ele que fez uma coisa daquelas", disse, ao JN, uma vizinha do médico Jorge Santos e da esposa Maria Fernanda. "Dois dias antes daquilo acontecer, estive a falar com a senhora", recorda um vizinho.

A casa onde o crime ocorreu tem outros locatários, já não apresenta o aspecto inacabado de há dez anos. "Ainda há pouco tempo esteve à venda", disseram, ao JN. Maria Sabina Silva não tem medo de dar a cara. "Era o meu médico de família e era muito boa pessoa", lembra. "Ainda hoje quando vamos ao cemitério ficamos chocados", frisa. Rosa Santos recorda que, há dez anos, foi o seu filho quem lhe deu a noticia.
JN
 
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