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Agressores ficam com as vítimas

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RoterTeufel

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Coimbra: Projecto de reabilitação na violência doméstica
Agressores ficam com as vítimas


Nos últimos três anos e meio, 120 arguidos em casos de violência doméstica não foram julgados e continuam a viver com as vítimas, após a intervenção de uma equipa interdisciplinar liderada pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Coimbra.

O programa – iniciado em 2001 mas só ontem formalizado com a assinatura do protocolo – aposta na reabilitação dos agressores e vai ao encontro da vontade das vítimas que, em 99 por cento dos casos, 'não querem a desagregação dos núcleos familiares'. Segundo a procuradora do DIAP Maria Paula Garcia, as vítimas, na maioria mulheres, apenas pretendem o fim da violência.

A suspensão provisória do processo aos agressores, mediante o cumprimento de determinadas obrigações, é o mecanismo considerado mais adequado. Com esta intervenção, Maria Paula Garcia diz que o arguido é envolvido 'numa teia que o controla, reprimindo os seus instintos agressivos'. O projecto – que integra a Direcção-Geral da Reinserção Social, o Serviço de Violência Familiar do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Coimbra, a GNR e a PSP – permitiu a suspensão de 120 processos. Segundo o director do DIAP, Euclides Dâmaso, o programa é não só precursor das soluções preconizadas na nova lei aprovada esta semana, como é 'até mais avançado'.

DISCURSO DIRECTO

"CONSEGUIMOS CRIAR UM PROGRAMA ÚTIL": Euclides Dâmaso, Director do DIAP de Coimbra

Correio da Manhã –Quais os objectivos do projecto que suspende provisoriamente os processos dos arguidos acusados de violência doméstica?

Euclides Dâmaso – É tentar obstar à degradação dos núcleos familiares, formais ou informais, porque essa degradação aumenta o risco de pobreza e ocasiona maiores disfunções sociais.

– A suspensão provisória do processo aos agressores é uma alternativa ao julgamento?

– Exactamente. Conseguimos com empenho e alguma imaginação criar este programa com uma alocação de meios quase insignificante e servindo-nos de um único instrumento legal: o artigo 281 do CPP que prevê o regime de suspensão provisória do processo. Com poucos meios e uma boa sintonia entre entidades do mundo jurídico e do mundo clínico conseguimos criar um programa útil à comunidade.

– Qual a percentagem de sucesso?

– É elevada. Entre as pessoas que têm distúrbios de tal modo graves que careçam de tratamento ainda não foram verificadas recaídas. E temos conseguido recuperar a harmonia de uma série de núcleos familiares.

– Como actua a equipa?

– Em primeiro lugar é necessário que a vítima manifeste o desejo de dar continuidade à relação. Querendo, fazemos avançar a equipa de reinserção social para fazer o diagnóstico da causa da conflitualidade. As mais frequentes são situações de adição (drogas ou álcool) ou distúrbios de personalidade. Identificada a causa, convocamos o agressor e propomos a suspensão provisória do processo mediante a obrigação de receber tratamento.

– Têm aumentado os casos de violência doméstica?

– Aumentam diariamente. Só na comarca de Coimbra há participações em número significativo. Quem mais frequentemente se agride são pessoas com um envolvimento emocional.
 
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