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Pesca Do Robalo À Pluma Na Costa

Fonsec@

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Tal como num rio, também podemos mergulhar as nossas plumas no mar, em busca de predadores. Muitas vezes, sentimo-nos pequenos perante a força e a imensidão do oceano, mas, ao mesmo tempo, maravilhados com a visão que nos proporciona. A dificuldade que encontramos nesta modalidade é compensada com qualquer peixe que consigamos capturar, mas lembrem-se sempre que apanhar um robalo à pluma não é algo que se pode fazer todos os dias.
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Robalo à Pluma
Neste artigo vou falar acerca da pesca do robalo à pluma e, ao mesmo tempo, referir alguns locais para a sua pesca, mostrando aos nossos leitores que a pesca à pluma não é utilizada exclusivamente na pesca de uma determinada espécie e numa determinada situação, mas que a pesca à pluma pode ser utilizada para a captura de inúmeras espécies em diferentes ambientes. Podemos utilizar esta incrível técnica não só nos rios e lagos, também no mar, sempre que as condições o permitam.
Mas, pescar à pluma no mar?!... O que podemos pescar à pluma na costa portuguesa? Com uma pluma podemos enganar os predadores mais conhecidos, como o robalo, a baila, a cavala, o bonito ou o peixe-agulha; nem a tainha consegue resistir a algumas das nossas plumas. Mais para o sul, na costa Algarvia, onde as águas são mais quentes, para além de nos podermos deliciar com as pequenas bailas na rebentação, podemos tentar capturar um espadarte ou um dourado em mar alto, durante o Verão e o Outono.
É verdade que o robalo é uma espécie que pode ser encontrada ao longo de toda a nossa costa, mas também é verdade que nem todos os locais são os ideais para a pesca do robalo à pluma. A escolha do pesqueiro é muito importante, pois é necessário que este reúna um conjunto de características, para que seja possível aplicar esta técnica.
Não vou dizer que a pesca à pluma é a melhor para a captura desta espécie, pois estaria completamente errado. As técnicas mais comuns vencem com facilidade a pesca à pluma nesta situação em particular, não pelo tipo de amostras utilizadas, porque as plumas (streamers, neste caso) utilizados são para mim bastante eficientes, mas por outros factores que passarei a explicar de seguida. Um dos factores é a distância, porque, na pesca à pluma, um lançamento de 30m já é um bom lançamento, ainda que se consiga um pouco mais, utilizando as Shoting Heads, em conjunto com uma runing line, sem qualquer peso na linha. Outro factor importante é a profundidade a que conseguimos trabalhar a nossa pluma, pois não é possível pescar à pluma em zonas profundas, o que nos obriga a pescar nos meses em que os robalos se encontram em actividade perto da superfície e muito perto da costa.
Os Locais
Os locais ideais para este tipo de pesca são, sem dúvida, as zonas rochosas de origem natural, ou então, pontões e paredões, pois é normalmente nestas zonas que os robalos procuram o seu alimento. Aqui, os robalos conseguem manter-se camuflados, esperando que as ondas ponham ao seu alcance os crustáceos e pequenos peixes que também aí procuram refúgio e alimento.
Visto que, como disse anteriormente, não conseguimos fazer lançamentos em acção de pesca para além dos 30m, seremos obrigados a procurar os locais onde os robalos se aproximam da margem, para aí os tentarmos enganar com um streamer que imite o seu alimento. As praias de rocha e areia são, sem dúvida, os locais onde é possível ter-se sucesso, pois é aqui que, durante a baixa-mar, as rochas ficam visíveis, permitindo-nos andar por entre elas e lançar nas ondas que rebentam à nossa volta.
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A escolha do local deve ser criteriosa
Material
Para pescar no mar à pluma, é aconselhável utilizar material específico para o efeito. A corrosão do material é o maior inimigo de um pescador de mar, daí que canas, carretos e linhas preparadas para este tipo de pesca sejam essenciais.
A pesca à pluma em zonas de pedra e rebentação pode ser considerada pesca média pesada e as condições que normalmente se apresentam, fazem com que existam mais factores contra do que a favor. Para além disso, o esforço exigido é muito grande, pois poderemos passar muitas horas a lançar e, em condições normais, lançar com uma cana de pluma gasta muito mais energia que com uma cana de spinning, por exemplo.
Canas e linhas
As canas para este tipo de pesca podem ir desde o nº 8 até ao nº 11. Eu, pessoalmente, utilizo uma cana para linha nº 10, ainda que já o tenha feito com uma cana para linha nº 8. Decididamente, não vale a pena utilizarmos material ligeiro neste tipo de pesca, até porque, ao fazê-lo pela primeira vez, rapidamente nos apercebemos que não é fácil conseguir resultados, ainda mais se for um dia com algum vento. As canas para a pesca à pluma no mar são canas robustas, quando comparadas com uma cana para a pesca da truta, permitindo lançamento longos e com vento desfavorável; além disso, são devidamente preparadas para não se deteriorarem com o passar do tempo.
As linhas devem de ser WF para cortarem facilmente o vento, permitindo longos lançamentos. Existem vários tipos de linha preparadas para a pesca no mar, estas são muito duráveis e tem um perfil excelente para a pesca do robalo, mas se preferir, poderá adquirir uma linha WF para água doce mais económica, que não o irá deixar ficar mal.
Carretos
Existe uma vasta gama de carretos para o mar. Alguns deles são verdadeiras máquinas de combate para peixes de grande tamanho. Seria errado utilizar-se este tipo de carretos para a pesca do robalo, devido ao facto de termos de passar muito tempo a lançar e, quanto mais pesado for o conjunto cana/carreto, mais rapidamente ficaremos fatigados. Assim, um carreto anti-corrosão, leve e com 100m de backing será a melhor opção, até porque aquele robalo que poderia pôr o carreto à prova não será certamente apanhado todos os dias.
Baixos de linha
Não há muito a falar acerca dos baixos de linha. Estes podem ser comprados, com a vantagem de serem cónicos, sem nós e não causarem problemas no lançamento, ou então ser feitos por nós próprios. Eu opto por fazer os meus baixos de linha para o robalo e faço-os utilizando nylons de vários diâmetros, unidos entre si, com um comprimento médio de 2,70 m, sendo feitos na seguinte proporção: 90 cm de 0,60 mm, 50 cm de 0,50 mm, 50 cm de 0,40 mm, 30 cm de 0,30 mm, sendo o terminal de 0,26 mm. É no terminal que jogo com o comprimento total do baixo de linha: ponho-o mais ou menos comprido, consoante a situação de pesca, ainda que, por motivos de equilíbrio no lançamento, não sejam aconselháveis baixos de linha muito longos.
As plumas
Cada vez fico mais convencido de que, neste tipo de pesca, uma boa dose de fé é meio caminho andado: ter fé na pluma que estamos a usar e fé no local onde estamos a pescar. Nas primeiras vezes que pesquei o robalo à pluma, tinha a tendência de utilizar streamers de pequeno tamanho. Por vezes, apanhava um pequeno robalo de palmo; depois, trocava o streamer por um maior, mas por pouco tempo, pois pensava logo que era grande demais e, se o outro apanhou, era porque tinha o tamanho ideal.
Mas, como o meu objectivo era apanhar um robalo de maior tamanho, tive de me convencer de que, se não aumentasse o tamanho das plumas, não conseguiria o que procurava. Daí que comecei a utilizar streamers maiores e o sucesso não tardou.
Uma pluma com 8 ou 9 cm será a ideal para pescarmos robalos de 0,5 kg até 2 kg. Daí que a minha caixa esteja bem recheada de pequenos streamers, com tamanhos entre os 8 cm e os 10 cm. Claro que, se o nosso objectivo é apanhar um robalo de 3 kg ou 3,5 kg à pluma, os streamers terão de ser maiores, entre os 12 cm e os 15 cm. Teremos, porém, de nos mentalizar de que a probabilidade de apanhar um robalo diminui; mas, se apanharmos, será, de certeza, de grande tamanho.

Autor: José Rodrigues
 
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Streamers para o robalo
Os anzóis para a montagem de streamers para o mar devem de ser anzóis de aço, bem fortes e afiados, já que, se utilizarmos anzóis fracos, é quase certo que, após uma pescaria, ficarão enferrujados, tirando a utilidade ao streamer.
O material para a montagem dos streamers vai depender do gosto de cada pescador. Se utilizarmos apenas materiais sintéticos na sua construção, podemos ter a certeza de que será um streamer muitíssimo durável, enquanto que, se utilizarmos apenas materiais naturais, o streamer irá deteriorar-se muito rapidamente. Mas, como a probabilidade de perder as plumas nas pedras é muito alta, não me preocupo muito em fazer plumas duráveis; daí que utilize, na maior parte das vezes, material sintético em conjunto com material natural. Ao construirmos uma pluma, é importante termos atenção às cores que utilizamos, pois podem ser decisivas na hora de apanhar um robalo; posso aconselhar o branco na parte inferior da pluma, e cores como o azul, preto, castanho, verde e amarelo na parte superior. Para mim, as cores de eleição para uma pluma são, sem dúvida, o branco/azul, branco/preto e branco/castanho. Digo isto, porque, com elas, apanhei todos os meus robalos à pluma. Mas claro que, como referi anteriormente, é tudo uma questão de fé. Podemos ainda, para aumentar a efectividade das nossas plumas, adicionar algum material holográfico na parte superior das mesmas, para que se tornem mais atractivas aos olhos do robalo.
Sei também que o robalo é atraído pela vibração de um streamer ou outro qualquer tipo de amostra; daí que podemos utilizar o facto de montarmos as nossas plumas, para lhes adicionar alguns engenhos com estas características. Para isso, podemos colocar pequenas hélices na parte frontal das plumas, para fazer que estas vibrem na água e atar ao anzol pequenas cápsulas de plástico com esferas dentro, antes de colocar o abdómen e o dorso do streamer.
Acessórios
Existem alguns acessórios que podem ser muito úteis neste tipo de pesca. Muitas vezes, enquanto estamos a pescar, as plumas tocam nas pedras, ficando presas e, mesmo que o terminal não parta e as consigamos recuperar, ficam quase sempre com a ponta do anzol danificada, podendo comprometer uma possível captura. Nestes casos, a lima permite voltar a afiar o anzol, ficando como novo.
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Bom exemplar
Os vadeadores são essenciais neste tipo de pesca, já que, muitas vezes, temos a necessidade de passar por zonas de água baixa, para termos acesso às rochas que estão mais próximas da rebentação, daí que, sem eles, será praticamente impossível ter-se sucesso. Enquanto lançamos, o streamer atinge altas velocidades e corremos o risco de ser atingidos por este, especialmente se o vento estiver perpendicular ao lançamento. Por isso, nunca pesco sem chapéu e sem óculos. Se formos atingidos, pode ser muito doloroso, de modo particularmente forte se tivermos o azar do anzol ficar espetado em nós. Já me aconteceu este ficar espetado no chapéu. Imaginem o que poderia ter acontecido, se não o tivesse na cabeça!
A técnica
A pesca do robalo à pluma, para além de, fisicamente, exigir muito do pescador, em termos de lançamento e de andar pela areia de pesqueiro em pesqueiro, também exige muita atenção da sua parte, obrigando ter todos os nossos sentidos em alerta. É verdade! Digo isto, porque não é nada fácil estar em cima de uma pedra e prestar atenção às ondas onde a pluma cai, ao ponto onde trabalhamos a pluma, onde vai a linha ou onde está a linha que sobra da recuperação da pluma (porque pode ficar facilmente presa nos bivalves que vivem nas pedras) e, para terminar, sentir e cravar um robalo que decida atacar a nossa pluma
!
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Mais um...
Aconselho que, antes de começar a pescar, coloquem no terminal, mesmo junto ao streamer, dois ou três chumbos fendidos, dos que são utilizados na pesca à bóia, com 3 ou 4 mm de diâmetro, para dar um pouco de peso à pluma, fazendo que esta trabalhe abaixo da superfície, com maior facilidade. É que, com o movimento das ondas, a pluma tem tendência para trabalhar na superfície, o que, muitas vezes, não é o mais adequado, devendo fazê-lo entre 0,5 e 1 m de profundidade.
Ao contrário da pesca de outras espécies à pluma, na pesca do robalo não iremos lançar a pluma na sua trajectória, depois de vermos a sua silhueta, mas sim lançar as cegas para as ondas, na esperança de que se cruze com um robalo cheio de apetite. A pluma deverá ser recolhida com pequenos movimentos da linha, para provocar uma forma de trabalhar agressiva, mas, ao mesmo tempo, que imite o alimento da presa, neste caso, um pequeno peixe. Se a pluma passar ao alcance de um robalo, não acredito muito que este deixe escapar a oportunidade.
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Uma boa pescaria à pluma
Para finalizar, nunca é demais alertar para os perigos do mar, pois não vale a pena corrermos riscos desnecessários para tentar apanhar um robalo. Antes de andarem pelas pedras, observem durante uns minutos a movimentação das ondas e, mesmo que achem que é seguro, mantenham-se atentos, pois o mar não é para brincadeiras.
É realmente estranha a sensação que sinto nos minutos que antecedem a pescaria. São momentos em que me sinto especial, não só por estar a pescar à pluma, mas também por estar a lançar para um imenso e imponente mar, com um streamer feito por mim, feito com a intenção de nos dar o peixe da nossa vida. É normal ir uma, duas ou três tardes à pesca sem ter sucesso. Mas não faz mal, pois basta conseguirmos apanhar um só que seja, mesmo pequeno, para nos sentirmos recompensados, pois fazê-lo à pluma é, sem dúvida, diferente. Boa sorte e até breve!

Autor: José Rodrigues
 
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