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“Começaram a cortar a carrinha e eu desmaiei”

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RoterTeufel

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Marco de Canaveses: Três dos cinco mortos no acidente da A4, em Valongo, foram ontem a enterrar
“Começaram a cortar a carrinha e eu desmaiei”


Deitado no sofá da sala da sua casa em Soalhães, Marco de Canaveses, Paulo Romeu, de 40 anos – um dos três feridos no acidente da A4 que anteontem matou cinco trabalhadores –, sofre em silêncio. As dores que tem no corpo são muitas, mas não superam o sofrimento que sente por ter perdido os amigos – três dos quais foram ontem a enterrar. Do acidente, o trabalhador pouco se recorda.

Estava a dormir e não se apercebeu de nada. "Não me lembro do acidente. Eu vinha a dormir. Acordei quando os bombeiros estavam a cortar a chapa da carrinha, mas em poucos minutos desmaiei. Quando acordei de novo já estava no hospital", contou ontem o trabalhador ao CM.

Paulo levou 40 pontos na cabeça e 20 numa perna. Bastante debilitado, o homem não pôde, ontem à tarde, estar presente nos funerais.

O primeiro corpo a enterrar foi o de Leonel Sousa, de 26 anos, às 15h00, em Paços de Gaiolo. Ainda na capela mortuária, João, pai do jovem, aproximou-se do caixão. De lágrimas nos olhos e com os lábios a tremer olhou uma última vez para Leonel, mas as palavras não saíram. Apenas gritos de dor.

Uma hora depois, em Maureles, realizou-se o funeral de Abílio Rocha, de 31 anos. "Perdi o meu Abílio. Nunca mais o vou ver", gritava a viúva, Emília Cunha, que não aguentou a visão da urna a entrar na sepultura do cemitério paroquial. Teve de ser apoiada por psicólogos da autarquia local.

Uns quilómetros abaixo e uma hora depois, em Tabuado, foi a vez de Carlos Alexandrino, de 32 anos, ser enterrado. Apoiados pelos restantes filhos, os pais do jovem choraram convulsivamente. "Era um homem tão bom", dizia um amigo, visivelmente abalado.

DOIS ÚLTIMOS FUNERAIS SÃO HOJE

Enquanto ontem à tarde os funerais das três vítimas se realizavam, os corpos de André Queirós, de 27 anos, e António Barros, de 39, chegavam à capela mortuária de Soalhães, Marco de Canaveses. Os funerais são hoje numa única cerimónia, marcada para as 10h30.

Ontem, familiares de André Queirós marcaram presença no funeral de Leonel, cunhado daquele. As esposas dos dois trabalhadores são irmãs, pelo que neste acidente ficaram ambas viúvas. "Viemos apoiar a família do Leonel e dar--lhes um pouco de força. Éramos todos muito unidos e convivíamos muito. Está a ser muito difícil para nós enfrentar a realidade e aceitar que eles morreram", explicou, com voz embargada, Elisabete, tia de André Queirós.

PORMENORES

FERIDOS

António Pereira, de 56 anos, continua internado no hospital. Tal como Paulo Romeu, Fernando Barros teve alta hospitalar anteontem, ainda no dia do acidente.

BOMBEIROS

Vários elementos dos Bombeiros Voluntários de Marco de Canaveses marcaram ontem presença no funeral de Leonel de Sousa. O jovem de 26 anos era voluntário na corporação.

CONDUTOR

O CM tentou ontem falar com Fernando, condutor da carrinha e irmão de António, uma das vítimas. No entanto, por estar muito abalado, o trabalhador recusou.



Fonte Correio da Manhã
 
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