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“Salvei dois polícias da morte”

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RoterTeufel

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Madeira: Ilha esconde autênticas histórias de coragem com final feliz
“Salvei dois polícias da morte”

"Se forem os dois, vamos os três", pensou Luís Miguel de Sousa, que no sábado, 20, dia em que as águas vindas da montanha varreram o Funchal, arriscou a própria vida para salvar dois polícias da morte certa. "Eu vou ser pai daqui a sete meses e só pensei que eles pudessem ter filhos para criar e atirei-me. Vi que iam morrer e não hesitei", conta emocionado ao CM.

O tatuador tinha saído da loja de tatuagens, na rua da Sé, quando ouviu gritos na rua. Foi até casa e voltou à rua quando, no jardim em frente ao Comando Regional da PSP, no centro do Funchal, se deparou com três agentes da PSP em perigo, depois de terem também eles arriscado as vidas para salvarem algumas pessoas da enxurrada. Mas, agora, ninguém se estava a aventu-rar por eles nas mortais águas castanhas que corriam a grande velocidade em direcção ao mar.

Alguns agentes ainda tentaram passar uma corda para os colegas, mas acabou por partir com a força da água. "Um amigo trouxe um jipe e lançámos o guindaste até eles, para passarem através do cabo". O primeiro passou mas o segundo não conseguiu, "porque a força da água aumentou de repente". Foi então que Luís Miguel de Sousa se lançou à água sem sequer pensar nas consequências."Quando os vi em apuros corri até eles e saltei lá para dentro. O que ia eu fazer? Deixá-los ir?", questiona, sem duvidar da reacção que teve naquele momento e que voltaria a repetir. "Um deles saiu da água só em t-shirt e cuecas, tal era a força da água", recorda Luís Miguel.

O homem, que diz não se sentir "herói nenhum porque só fiz o que devia", nunca mais viu os dois agentes da PSP depois daquele acto heróico. "Mas, na altura, depois de os ter tirado da água, foi uma sensação espectacular. O chefe veio agradecer-me", relembra.

"O SENHOR DECIDIU CHAMÁ-LOS MAIS CEDO"

De olhos cravados no chão, Agostinha seguiu atrás do caixão da irmã, Maria de Fátima Abreu, e de Marcelino Pita, seu sobrinho e filho de Maria. Ela com 42 anos e o menino de apenas 11. Estiveram desaparecidos algum tempo, juntamente com mais cinco familiares, três dos quais morreram e outros dois que continuam por encontrar. "Infelizmente o Senhor chamou-os mais cedo", lamentava um amigo próximo da família. Mãe e filho foram enterrados ontem, no Cemitério de Canhas, na terra onde Maria estava a construir uma casa.

Durante a missa de corpo presente, na Igreja de Canhas, que fica num alto, virada para o azul imenso do mar, a dor era o sentimento de todos. "O Marcelino era um aluno brilhante, pertencia ao quadro de honra da escola", disse um professor em lágrimas.

PORMENORES

42 MORTOS

O número oficial de mortos devido à tempestade mantém-se nos 42, de acordo com Conceição Estudante, porta-voz do Governo Regional.

16 FERIDOS

Dos dados fazem ainda parte 16 feridos e continuam desaparecidas oito pessoas. De referir que o número de desalojados é de 600.

PREJUÍZOS

Segundo o Governo Regional da Madeira, o valor dos prejuízos aponta para 1,4 mil milhões de euros de perdas em toda a ilha do Funchal.

MEDICINA LEGAL

A unidade de Medicina Legal, a funcionar no posto de Socorros do Aeroporto da Madeira, passa a laborar nas instalações do Hospital Dr. Nélio Mendonça.

'CORTE REAL' CUMPRIU MISSÃO

A fragata ‘Corte Real’ partiu ontem à noite da Madeira em direcção à Base Naval do Alfeite, em Almada. O navio tinha sido destacado para a Madeira logo após as enxurradas e tinha a bordo 230 militares, um helicóptero, equipas especializadas em escalada e em mergulho e um contentor com material de apoio a catástrofes. Mas na zona continua a corveta ‘Afonso Cerqueira’, com cerca de cem militares a bordo.

COMÉRCIO REABRE NA BAIXA DO FUNCHAL

Os trabalhos de limpeza na Baixa do Funchal continuam a todo o vapor. As ribeiras voltaram ao leito, depois de muitas máquinas terem trabalhado 24 horas para retirar o entulho. As lojas começam agora a reabrir. A sapataria Boa Hora reabrirá na próxima semana, garante ao CM o proprietário, João Fernandes, que já tem sapatos e chinelos em exposição. "Houve uma grande entreajuda entre vizinhos e as limpezas na rua têm corrido a 150%. Melhor era impossível", garante.

NOTAS

ENCONTRO: SÓCRATES E JARDIM

O primeiro-ministro, José Sócrates, reúne-se amanhã, em Lisboa, com Alberto João Jardim, para delinear um conjunto de medidas para diminuir o impacto negativo da tempestade

CAMIÕES: 500 POR DIA

Por cada dia que passa, cerca de 500 camiões despejam inertes limpos (pedras e lamas), na praia em frente à avenida do Mar. Ao todo são cerca de cinco mil metros cúbicos de inertes

COMÉRCIO: VINTE MILHÕES

O vice-presidente do Governo Regional da Madeira, João Cunha e Silva, anunciou o envio de vinte milhões de euros a fundo perdido em ajudas para o reestabelecimento do comércio


Fonte Correio da Manhã
 
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