• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

A quem pertence a placenta.

Patricia Filipe

GF Bronze
Membro Inactivo
Entrou
Mar 16, 2010
Mensagens
5
Gostos Recebidos
0
Olá a Todos,

Estou grávida e gostaria de ficar com a minha placenta, mas já me avisaram que o hospital vai levantar problemas. Gostaria de saber se legalmente o hospital pode-me obrigar a entregar a minha placenta para ir para o lixo.
Obrigado.

Este texto pode ajudar:

O direito sobre a Placenta

Culturalmente a nossa sociedade deixou de dar valor á placenta. Na maioria dos casos ela é depositada no lixo hospitalar para ser congelada e mais tarde incinerada sem a mãe sequer a ter visto. Porém hoje em dia com o aumento no interesse em reviver antigas tradições de partos mais naturais e humanizados, muitas mulheres começam a reclamar o que é seu por direito, a sua placenta.


Recomendações Mundiais

Existem recomendações da OMS – Organização Mundial de Saúde para o nascimento, onde consta:

“ AS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE DEVEM

(…)

8- Preservar o direito das mulheres parirem em instituições, de decidir sobre a sua roupa e o bebé, sobre a alimentação, o destino da placenta, e outras práticas culturalmente significantes.”

Em Setembro de 2001, durante o V Congresso Mundial de Medicina Perinatal, os congressistas elaboraram um manifesto chamado de DECLARAÇÃO DE BARCELONA SOBRE OS DIREITOS DA MÃE E DO RECÉM-NASCIDO, com o objectivo a “conseguir que no século XXI, o processo reprodutivo humano, em qualquer parte do mundo, fosse obtido, em condições de bem-estar físico, mental e social, tanto para a mãe quanto para o filho”. A declaração no ponto 12, praticamente reproduziu o item 8 das recomendações da OMS, que se transcreve:

“12- As mulheres que dão à luz em determinada instituição tem direito a decidir sobre a vestimenta (própria e do recém-nascido), destino da placenta e outras práticas culturalmente importantes para cada pessoa.”

É óbvio que a placenta é parte do corpo da mulher, cujo a sua protecção é garantido tanto pela nossa Constituição, quanto pelo Código Civil. Não podem então existir dúvidas que a placenta pertence à mulher e que a ela cabe a decisão de dispor desta da maneira que mais lhe aprouver.

Mais, não existindo uma disposição expressa da lei para que haja o descarte da placenta para o lixo hospitalar, não há que se obrigar a proprietária do órgão a dispor sobre esta parte do seu corpo de tal maneira.

Não nos podemos ainda esquecer que algumas religiões, credos e crenças têm a placenta como parte integrante da sua doutrina e cultura. Encontramos aqui mais uma forma ilegal de obrigar a mulher a jogar a sua placenta para o lixo hospitalar, já que também pode entrar em conflito e impedir o pleno direito da liberdade religiosa, protegida pelo Artigo 41.º referente á Liberdade de consciência, de religião e de culto da Constituição Portuguesa.

Já os médicos pelo seu código de ética estão proibidos de exercer a sua autoridade de maneira a limitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a sua pessoa ou seu bem-estar. Sendo que a placenta é um órgão que cresce dentro do corpo da mulher durante a gravidez e é naturalmente eliminado após o parto não havendo portanto qualquer forma de atentado à integridade física da mulher não se encontra razão de qualquer tipo para oposição por parte dos médicos para que a proprietária do órgão placentário dispor desta parte do seu corpo da maneira que lhe convier. Excepto claro que haja exigência médica razoável que o impeça.

Talvez seja a falta de hábito em atender pacientes que queiram dar um destino diferente que o lixo que cause surpresa o pedido de levar a placenta para casa. Hospitais e profissionais têm actualmente uma visão moderna-tecnológica do parto que considera a prática de descartar a placenta para o lixo como padrão. Esta visão em conjunto com a falta de informação aliado á falta de hábito, e a algumas razões culturais provocam a imediata resposta: “Não, a placenta fica no hospital”. Não há fundamento legal ou moral para esta pretensão. As mulheres que desejem ficar com a sua placenta devem começar por explicar as suas razões e depois exigir o cumprimento deste seu direito. A placenta é um órgão que foi produzido pelo corpo da mulher para proteger o seu filho e que é inclusive um órgão perfeitamente sadio. Não há motivos médicos, legais ou morais para que este direito quando exigido não seja cumprido.

Culturalmente

A placenta sempre teve um papel importante em diversas culturas, dispondo geralmente de rituais para o seu tratamento após o parto.
Muitos povos acreditam que a placenta é o lar do espírito e a conexão directa com o mundo e a criação divina, sendo assim o canal directo entre o mundo espiritual e o mundo terreno, por onde a alma entra e começa a sua jornada. Muitas tradições após o parto cuidam tão bem da criança como da placenta. Nestas culturas tradicionais muitas pessoas não tem a certeza onde foi o seu local de nascimento mas sabem perfeitamente onde está enterrada a sua placenta.
Em alguns países do ocidente a placenta é incinerada ou usada com adubo para uma árvore que ficará assim associada ao nascimento daquela criança.

Cerimónias religiosas da tradição celta conhecidas como a “bênção da criança”. Idêntico a um baptismo, onde é escolhido o nome da criança e é plantada uma árvore que é fertilizada com a placenta da criança.
Na língua Gabbra a palavra placenta “aku” também significa parteira, pois são as duas que permitem a chegada do bebé ao plano terrestre.

Diferentes povos enterram a placenta pelos mais diversos motivos: os Maoris da Nova Zelândia enterram a placenta do recém-nascido no intuito de melhorar o relacionamento entre os humanos e a Mãe Natureza; os índios americanos Navajo enterram a placenta e o cordão umbilical em local sagrado (principalmente se o bebé morrer no parto).
No Sudão a placenta è considerada o espírito gémeo da criança e acreditam que deve ser enterrada num lucal que represente as expectativas e esperanças dos pais em relação ao filho. Já no Hawaii é enterrada sob um árvore que se torna a árvore sagrada da criança, este lugar para ela será sempre um lugar de protecção, acalento e da conexão com a sua essência.
No Camboja e na Costa Rica, enterra-se a placenta acreditando que a prática protege e assegura a saúde do bebé e da mãe. Se a mãe morrer no parto, o povo Aimará da Bolívia enterra a placenta num local secreto, para que o espírito da mãe não venha reivindicar a vida do seu filho. Já o povo Ibo (ou Igbo) da Nigéria considera a placenta como o gémeo morto do bebé e executa um verdadeiro funeral para ela.

Em zonas do continente africano é enterrada num campo estéril, na tentativa de o tornar fecundo. Há ainda povos africanos que a consideram parte espiritual da criança, aquela parte dela que a acompanhou do Céu para a Terra. Portanto a conservam e a usam para diferentes rituais pessoais e sociais. Outros porém num ritual intitulado “Iwo” que serve para devolver à Mãe Terra a força vital que usou a conceber e criar a criança e na sua busca pela vida, enterram a placenta e o cordão umbilical num vaso especial conhecido por “Isasum”. Este vaso foi previamente pintado pelo pai ou pelo homem mais velho da família com as cores branca, azul e vermelho que simbolizam a ancestralidade. Esta terra será um amuleto que o protegerá durante toda a vida. Enquanto os índios Guaranis da Amazónia guardam-na junto dos pertences mais valiosos da família, como recordação da ligação do bebé ao mundo espiritual.

No Nepal, a placenta è chamada de “bucha-co-salthi” que significa “amiga do bebé”. No Yemen a placenta è colocada num telhado para que os pássaros a comam e assim fortalecer o amor entre os pais da criança. Em algumas sociedades todas as placentas são enterradas num monte, o “monte das placentas”. La colina como é conhecida é o equivalente aos nossos cemitérios, só que está orientado para a vida e não para a morte.
As parteiras tradicionais da América central e meridional para reanimar uma criança nascida morta pegam fogo à placenta expelida, com o cordão ainda íntegro, ligado ao bebé, para que este retome á vida. Outras culturas conservam a placenta ao lado da criança até á queda do cordão, sem nunca cortá-lo (“Nascimento do Loto”), como sinal de extremo respeito pelos recursos endógenos e também na convicção que a placenta continue nutrindo a criança e lhe transmita ainda substâncias preciosas para o seu sistema imunológico até estar completamente seca, altura em que será transformada em remédios (tinturas) que servirão para curar a criança por longos anos e de várias doenças.
(Um estudo antropológico realizado por investigadores da Universidade do Minho dá conta da permanência em Portugal de rituais ligados ao destino a dar ao cordão umbilical (em tempos provavelmente também a placenta), logo que o umbigo sara. Alguns pais continuam a queimá-lo, com receio de que algum animal o coma, o que transformaria a criança em ladra, na idade adulta).
Ainda em algumas culturas e religiões, a placenta é comida, esta prática designa-se placentofagia. Na América do Norte nos últimos anos surgiram grupos conhecidos como “placentaeaters”, ou seja comedores de placenta. Reúnem-se após o nascimento da criança para partilhar uma refeição elaborada com a placenta. Nestes casos a placenta é acondicionada e conservada após o parto e a sua ingestão tem a função de restabelecer o útero, ter leite saudável, prevenir contra a depressão pós-parto e os equilíbrios hormonais.
Recentemente os média deram atenção ao facto de Tom Cruise membro da Cientologia ter comido a placenta da sua filha Suri, assim como da disputa no Supremo Tribunal Federal da cantora Glória Trevi pela sua placenta. Já o actor Matthew McConaughey contou num programa da CNN, nos Estados Unidos, que guardou a placenta do seu filho com a modelo brasileira Camila Alves e que vão plantá-la num pomar, seguindo tradições de diversas culturas, conforme noticiou o jornal “NY Daily News”. “Quando eu estava na Austrália, eles tinham uma “árvore das placentas” que ficava perto de um rio… e todas as placentas de toda a tribo, de todo o povo, de qualquer que fosse a tribo aborígene, iam para aquela árvore que era um enorme monumento para a saúde e força. Essa árvore se tornou mais alta e forte que todas as outras em seu redor. Era linda” comentou o actor.” Há ainda quem faça por exemplo um quadro simbolizando a árvore da vida utilizando o sangue da placenta como tinta.
Uso medicinal
A placenta pode ser um recurso precioso tanto para a criança como para a Mãe ao longo dos anos, pois a placenta possui muitíssimas virtudes terapêuticas, infelizmente pouco exploradas pela ciência. No uso empírico, não é somente considerado um forte reconstituinte, um anti-hemorrágico, anti-depressivo e um excelente estimulador da produção de leite. Portanto ideal para os cuidados no puerpério. Pode ainda ser usada em diversas doenças das mulheres e das crianças, desde ginecológicas até constipações, alergias, etc.
Na Europa, de maneira mais subtil e elaborada, as puérperas começas a tomar doses mínimas de pó de placenta para uma rápida recuperação após o parto. As parteiras mexicanas tradicionais usam a tintura de placenta para tratar infecções vaginais do papiloma vírus.
Homeopatas usam-na para tratar a imunidade e a saúde geral das crianças, especialmente quando o remédio provém da sua própria placenta que nestes casos é um poderoso remédio pois está em total ressonância com o paciente.
A tintura tem um uso vitalício e é como uma poção mágica pois contém células histamínicas que são um óptimo remédio imune que pode ser usado em traumas, choques, transições de idade, transições familiares, mudanças no geral, processos emocionais entre mãe-filho, processos espirituais entre outros. Já a mãe pode usá-la para se restabelecer fisiologicamente, emocionalmente, mentalmente, para a harmonia interior e a harmonia mãe-filho tanto após parto como durante toda a vida. A tintura pode ainda ser usada por outras pessoas e é óptima para lidar com questões de abandono, fraquezas, falta de nutrição (física, emocional, maternal/familiar), depressão, problemas espirituais, psíquicos, medos, ansiedade, entre outras enfermidades.
 

limarta

Novo
Membro Inactivo
Entrou
Jan 25, 2014
Mensagens
1
Gostos Recebidos
0
Cara Patricia,

estou muito interessada nesta resposta e gostava de saber se existe algo na lei portuguesa mais específico a este respeito. como sei se não existe na lei essa disposiçaõ expressa?

agradecida,
Marta


Olá a Todos,

Estou grávida e gostaria de ficar com a minha placenta, mas já me avisaram que o hospital vai levantar problemas. Gostaria de saber se legalmente o hospital pode-me obrigar a entregar a minha placenta para ir para o lixo.
Obrigado.

Este texto pode ajudar:

O direito sobre a Placenta

Culturalmente a nossa sociedade deixou de dar valor á placenta. Na maioria dos casos ela é depositada no lixo hospitalar para ser congelada e mais tarde incinerada sem a mãe sequer a ter visto. Porém hoje em dia com o aumento no interesse em reviver antigas tradições de partos mais naturais e humanizados, muitas mulheres começam a reclamar o que é seu por direito, a sua placenta.


Recomendações Mundiais

Existem recomendações da OMS – Organização Mundial de Saúde para o nascimento, onde consta:

“ AS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE DEVEM

(…)

8- Preservar o direito das mulheres parirem em instituições, de decidir sobre a sua roupa e o bebé, sobre a alimentação, o destino da placenta, e outras práticas culturalmente significantes.”

Em Setembro de 2001, durante o V Congresso Mundial de Medicina Perinatal, os congressistas elaboraram um manifesto chamado de DECLARAÇÃO DE BARCELONA SOBRE OS DIREITOS DA MÃE E DO RECÉM-NASCIDO, com o objectivo a “conseguir que no século XXI, o processo reprodutivo humano, em qualquer parte do mundo, fosse obtido, em condições de bem-estar físico, mental e social, tanto para a mãe quanto para o filho”. A declaração no ponto 12, praticamente reproduziu o item 8 das recomendações da OMS, que se transcreve:

“12- As mulheres que dão à luz em determinada instituição tem direito a decidir sobre a vestimenta (própria e do recém-nascido), destino da placenta e outras práticas culturalmente importantes para cada pessoa.”

É óbvio que a placenta é parte do corpo da mulher, cujo a sua protecção é garantido tanto pela nossa Constituição, quanto pelo Código Civil. Não podem então existir dúvidas que a placenta pertence à mulher e que a ela cabe a decisão de dispor desta da maneira que mais lhe aprouver.

Mais, não existindo uma disposição expressa da lei para que haja o descarte da placenta para o lixo hospitalar, não há que se obrigar a proprietária do órgão a dispor sobre esta parte do seu corpo de tal maneira.

Não nos podemos ainda esquecer que algumas religiões, credos e crenças têm a placenta como parte integrante da sua doutrina e cultura. Encontramos aqui mais uma forma ilegal de obrigar a mulher a jogar a sua placenta para o lixo hospitalar, já que também pode entrar em conflito e impedir o pleno direito da liberdade religiosa, protegida pelo Artigo 41.º referente á Liberdade de consciência, de religião e de culto da Constituição Portuguesa.

Já os médicos pelo seu código de ética estão proibidos de exercer a sua autoridade de maneira a limitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a sua pessoa ou seu bem-estar. Sendo que a placenta é um órgão que cresce dentro do corpo da mulher durante a gravidez e é naturalmente eliminado após o parto não havendo portanto qualquer forma de atentado à integridade física da mulher não se encontra razão de qualquer tipo para oposição por parte dos médicos para que a proprietária do órgão placentário dispor desta parte do seu corpo da maneira que lhe convier. Excepto claro que haja exigência médica razoável que o impeça.

Talvez seja a falta de hábito em atender pacientes que queiram dar um destino diferente que o lixo que cause surpresa o pedido de levar a placenta para casa. Hospitais e profissionais têm actualmente uma visão moderna-tecnológica do parto que considera a prática de descartar a placenta para o lixo como padrão. Esta visão em conjunto com a falta de informação aliado á falta de hábito, e a algumas razões culturais provocam a imediata resposta: “Não, a placenta fica no hospital”. Não há fundamento legal ou moral para esta pretensão. As mulheres que desejem ficar com a sua placenta devem começar por explicar as suas razões e depois exigir o cumprimento deste seu direito. A placenta é um órgão que foi produzido pelo corpo da mulher para proteger o seu filho e que é inclusive um órgão perfeitamente sadio. Não há motivos médicos, legais ou morais para que este direito quando exigido não seja cumprido.

Culturalmente

A placenta sempre teve um papel importante em diversas culturas, dispondo geralmente de rituais para o seu tratamento após o parto.
Muitos povos acreditam que a placenta é o lar do espírito e a conexão directa com o mundo e a criação divina, sendo assim o canal directo entre o mundo espiritual e o mundo terreno, por onde a alma entra e começa a sua jornada. Muitas tradições após o parto cuidam tão bem da criança como da placenta. Nestas culturas tradicionais muitas pessoas não tem a certeza onde foi o seu local de nascimento mas sabem perfeitamente onde está enterrada a sua placenta.
Em alguns países do ocidente a placenta é incinerada ou usada com adubo para uma árvore que ficará assim associada ao nascimento daquela criança.

Cerimónias religiosas da tradição celta conhecidas como a “bênção da criança”. Idêntico a um baptismo, onde é escolhido o nome da criança e é plantada uma árvore que é fertilizada com a placenta da criança.
Na língua Gabbra a palavra placenta “aku” também significa parteira, pois são as duas que permitem a chegada do bebé ao plano terrestre.

Diferentes povos enterram a placenta pelos mais diversos motivos: os Maoris da Nova Zelândia enterram a placenta do recém-nascido no intuito de melhorar o relacionamento entre os humanos e a Mãe Natureza; os índios americanos Navajo enterram a placenta e o cordão umbilical em local sagrado (principalmente se o bebé morrer no parto).
No Sudão a placenta è considerada o espírito gémeo da criança e acreditam que deve ser enterrada num lucal que represente as expectativas e esperanças dos pais em relação ao filho. Já no Hawaii é enterrada sob um árvore que se torna a árvore sagrada da criança, este lugar para ela será sempre um lugar de protecção, acalento e da conexão com a sua essência.
No Camboja e na Costa Rica, enterra-se a placenta acreditando que a prática protege e assegura a saúde do bebé e da mãe. Se a mãe morrer no parto, o povo Aimará da Bolívia enterra a placenta num local secreto, para que o espírito da mãe não venha reivindicar a vida do seu filho. Já o povo Ibo (ou Igbo) da Nigéria considera a placenta como o gémeo morto do bebé e executa um verdadeiro funeral para ela.

Em zonas do continente africano é enterrada num campo estéril, na tentativa de o tornar fecundo. Há ainda povos africanos que a consideram parte espiritual da criança, aquela parte dela que a acompanhou do Céu para a Terra. Portanto a conservam e a usam para diferentes rituais pessoais e sociais. Outros porém num ritual intitulado “Iwo” que serve para devolver à Mãe Terra a força vital que usou a conceber e criar a criança e na sua busca pela vida, enterram a placenta e o cordão umbilical num vaso especial conhecido por “Isasum”. Este vaso foi previamente pintado pelo pai ou pelo homem mais velho da família com as cores branca, azul e vermelho que simbolizam a ancestralidade. Esta terra será um amuleto que o protegerá durante toda a vida. Enquanto os índios Guaranis da Amazónia guardam-na junto dos pertences mais valiosos da família, como recordação da ligação do bebé ao mundo espiritual.

No Nepal, a placenta è chamada de “bucha-co-salthi” que significa “amiga do bebé”. No Yemen a placenta è colocada num telhado para que os pássaros a comam e assim fortalecer o amor entre os pais da criança. Em algumas sociedades todas as placentas são enterradas num monte, o “monte das placentas”. La colina como é conhecida é o equivalente aos nossos cemitérios, só que está orientado para a vida e não para a morte.
As parteiras tradicionais da América central e meridional para reanimar uma criança nascida morta pegam fogo à placenta expelida, com o cordão ainda íntegro, ligado ao bebé, para que este retome á vida. Outras culturas conservam a placenta ao lado da criança até á queda do cordão, sem nunca cortá-lo (“Nascimento do Loto”), como sinal de extremo respeito pelos recursos endógenos e também na convicção que a placenta continue nutrindo a criança e lhe transmita ainda substâncias preciosas para o seu sistema imunológico até estar completamente seca, altura em que será transformada em remédios (tinturas) que servirão para curar a criança por longos anos e de várias doenças.
(Um estudo antropológico realizado por investigadores da Universidade do Minho dá conta da permanência em Portugal de rituais ligados ao destino a dar ao cordão umbilical (em tempos provavelmente também a placenta), logo que o umbigo sara. Alguns pais continuam a queimá-lo, com receio de que algum animal o coma, o que transformaria a criança em ladra, na idade adulta).
Ainda em algumas culturas e religiões, a placenta é comida, esta prática designa-se placentofagia. Na América do Norte nos últimos anos surgiram grupos conhecidos como “placentaeaters”, ou seja comedores de placenta. Reúnem-se após o nascimento da criança para partilhar uma refeição elaborada com a placenta. Nestes casos a placenta é acondicionada e conservada após o parto e a sua ingestão tem a função de restabelecer o útero, ter leite saudável, prevenir contra a depressão pós-parto e os equilíbrios hormonais.
Recentemente os média deram atenção ao facto de Tom Cruise membro da Cientologia ter comido a placenta da sua filha Suri, assim como da disputa no Supremo Tribunal Federal da cantora Glória Trevi pela sua placenta. Já o actor Matthew McConaughey contou num programa da CNN, nos Estados Unidos, que guardou a placenta do seu filho com a modelo brasileira Camila Alves e que vão plantá-la num pomar, seguindo tradições de diversas culturas, conforme noticiou o jornal “NY Daily News”. “Quando eu estava na Austrália, eles tinham uma “árvore das placentas” que ficava perto de um rio… e todas as placentas de toda a tribo, de todo o povo, de qualquer que fosse a tribo aborígene, iam para aquela árvore que era um enorme monumento para a saúde e força. Essa árvore se tornou mais alta e forte que todas as outras em seu redor. Era linda” comentou o actor.” Há ainda quem faça por exemplo um quadro simbolizando a árvore da vida utilizando o sangue da placenta como tinta.
Uso medicinal
A placenta pode ser um recurso precioso tanto para a criança como para a Mãe ao longo dos anos, pois a placenta possui muitíssimas virtudes terapêuticas, infelizmente pouco exploradas pela ciência. No uso empírico, não é somente considerado um forte reconstituinte, um anti-hemorrágico, anti-depressivo e um excelente estimulador da produção de leite. Portanto ideal para os cuidados no puerpério. Pode ainda ser usada em diversas doenças das mulheres e das crianças, desde ginecológicas até constipações, alergias, etc.
Na Europa, de maneira mais subtil e elaborada, as puérperas começas a tomar doses mínimas de pó de placenta para uma rápida recuperação após o parto. As parteiras mexicanas tradicionais usam a tintura de placenta para tratar infecções vaginais do papiloma vírus.
Homeopatas usam-na para tratar a imunidade e a saúde geral das crianças, especialmente quando o remédio provém da sua própria placenta que nestes casos é um poderoso remédio pois está em total ressonância com o paciente.
A tintura tem um uso vitalício e é como uma poção mágica pois contém células histamínicas que são um óptimo remédio imune que pode ser usado em traumas, choques, transições de idade, transições familiares, mudanças no geral, processos emocionais entre mãe-filho, processos espirituais entre outros. Já a mãe pode usá-la para se restabelecer fisiologicamente, emocionalmente, mentalmente, para a harmonia interior e a harmonia mãe-filho tanto após parto como durante toda a vida. A tintura pode ainda ser usada por outras pessoas e é óptima para lidar com questões de abandono, fraquezas, falta de nutrição (física, emocional, maternal/familiar), depressão, problemas espirituais, psíquicos, medos, ansiedade, entre outras enfermidades.
 
Topo