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“Nós agora estamos com medo de tudo”

Rotertinho

GF Ouro
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V. Castelo: Intimidação marca julgamento de assalto ao Museu do Ouro
“Nós agora estamos com medo de tudo”

"Nós, agora, estamos com medo de tudo. Daqui para a frente o nosso medo é total." As primeiras declarações de uma das testemunhas-chave ao Tribunal de Viana do Castelo, ontem, expressam bem o clima de intimidação e terror que paira sobre o julgamento do assalto ao Museu do Ouro, em 2007.

O homem, que só falou na ausência dos arguidos, é o dono do stand de motas que está sob protecção policial, depois de a sua loja, em Santo Tirso, ter sido alvo de um atentado, na terça-feira de manhã. Dois advogados de defesa também se dizem ameaçados.

Na sessão de ontem, o colectivo de juízes ordenou que o empresário, os dois filhos e um funcionário vão continuar com protecção policial 24 horas por dia e enquanto decorrer o julgamento. O dia de depoimentos ficou marcado pela ausência da filha do dono do stand por estar "apavorada". "Ela não come, não dorme, só chora. Está num estado de nervos que não consegue sair da cama", disse o pai da jovem, no início do seu depoimento.

A jovem testemunha terá sido, segundo a acusação do Ministério Público, a pessoa com quem dois dos arguidos falaram quando se dirigiram ao seu estabelecimento para pedir ajuda ao seu irmão, que nesse mesmo dia viajou para Espanha. O objectivo dos arguidos era obter apoio para o amigo, que fora baleado durante o assalto e que acabaram por abandonar junto ao Hospital da Trofa, onde morreu.

À tarde, no tribunal, o filho do dono do stand confirmou que conhecia os arguidos, com a excepção de Bruno Ferreira, o único que está em prisão preventiva. "O Bruno, que faleceu, e o Telmo são os que conheço melhor, há mais de dez anos. Os outros vieram depois com eles", referiu ao Tribunal.

O último a ser ouvido foi o funcionário do stand, que durante toda a sessão garantiu ter visto o arguido Miguel Ângelo no estabelecimento onde trabalha, no dia do assalto ao Museu do Ouro. Mas a testemunha foi confrontada com o depoimento que prestou na Polícia Judiciária, em que garantia ter visto o arguido Tiago. Para o advogado, as contradições "estão a mostrar a verdade".

O advogado do dono do Museu do Ouro, Horácio Lages, não valoriza o clima de intimidação e prefere sublinhar que "foi feita uma importante prova para se perceber o que aconteceu realmente".

PSP VIGIOU TESTEMUNHAS

As três testemunhas tidas como "fundamentais" para o caso e que ontem estiveram no tribunal foram acompanhadas de perto por agentes do corpo de segurança pessoal da PSP do Porto, durante todo o dia.

Os agentes tiveram de zelar também para que as testemunhas não se cruzassem depois dos depoimentos e que não tivessem qualquer contacto com os arguidos.

A pedido do Ministério Público, os cinco jovens que estão sentados no banco dos réus – acusados de, a 7 de Setembro de 2007, terem feito o violento assalto ao Museu do Ouro e à ourivesaria Freitas, em Viana do Castelo, que acabou na morte de um dos assaltantes e deixou quatro pessoas feridas, tendo uma delas ficado tetraplégica – não puderam assistir aos depoimentos das três testemunhas ligadas ao stand em Santo Tirso.

ADVOGADO DE DEFESA DIZ ESTAR A SER AMEAÇADO

"Estás a levantar poeira que estava assente, mas vais-te arrepender, tu e a tua colega." É apenas um pequeno excerto das mensagens de telemóvel, em tom ameaçador, que o advogado Miguel Brochado Teixeira recebeu na madrugada de anteontem. Já apresentou queixa no Ministério Público.

"As mensagens vêm identificadas e dirigem-se a mim e à minha colega", sublinhou o causídico, que viu também o seu Audi ser vandalizado durante a madrugada, no Porto. "Fui ver o meu carro, cerca da meia-noite, e estava intacto. Mas quando cheguei de manhã tinha os vidros partidos", contou.

No final, o advogado vincou que o clima de medo que estão a querer criar em torno do julgamento não está a surtir efeito. "Estamos no caminho da verdade. E quem está com medo deste julgamento é que está, seguramente, ligado a esta violência sobre os advogados e as testemunhas", afirmou Miguel Brochado Teixeira.


Correio da Manhã
 
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