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Imigrantes aprendem "Português de sobreviviência"

florindo

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Out 11, 2006
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"Onde fica o banco?". "O banco fica perto do hotel"! "Muito bem!", entoa Elsa Freitas, de forma entusiástica. A construção frásica é simples para o Português que a docente há muitos anos se formatou a dar, durante o dia, aos alunos do secundário. Mas, à noite cada palavra dita na língua de Camões, ainda que com pronúncia da Europa de Leste, "é uma conquista".

Duas vezes por semana, na Escola Secundária da Boa Nova, em Leça da Palmeira (Matosinhos), há moldavos, ucranianos, letões, polacos, russos, americanos e alemães, que durante três horas se arriscam na difícil tarefa de aprenderem "o básico" na língua do país que os acolheram.

"A ideia do projecto "Português para todos" é que estas pessoas desenvolvam as competências necessárias do dia-a-dia. Aprendem Português ao nível elementar, de sobrevivência, como saberem dizer o que sentem quando forem ao hospital, para comprarem um bilhete de comboio ou pedirem uma informação na rua", explicou, ao JN, Elsa Freitas, docente de Português, para quem cada aula tem sido "um desafio".

À noite, na sala 4 do bloco A da secundária de Leça da Palmeira não há alunos nem professora. Mas sim 16 "aprendentes" e uma "formadora".

Lilita Sukere, 56 anos, natural da Letónia, está há sete meses a morar em Miramar, Vila Nova de Gaia. O gosto por aprender incentiva a letã, que nem se lembra do esforço que faz para todas as semanas rumar a Matosinhos.

"A crise que Portugal está a viver agora começou há cinco anos na Moldávia. Era muito complicado viver com um salário tão pequeno", desabafou Lilita, formada em Medicina, que veio "ao encontro da filha mais velha que já vivia no Porto". A médica espera trabalhar num hospital de Portugal. "Mas primeiro tenho de aprender a falar Português", interrompe, a sorrir.

Ainda assim, guarda no seu íntimo a vontade "de regressar à pátria". É que nos mais de 3000 quilómetros que a separam das suas origens estão ainda dois filhos.

Na secretária tem ao seu lado Olena Skulova, da Ucrânia, que de quando em vez ajuda Lilita com a tradução das palavras em russo.

Olena, engenheira de formação, vive na freguesia de Lavra há oito anos. Tempo suficiente para se ter casado com um português, mas não o "bastante" para conhecer a língua. "Falamos pouco em casa e como não quero ser mulher a dias, decidi aprender o português", disse Olena. "Bom dia" foram as primeiras palavras que a ucraniana aprendeu.

Para Elsa Freitas esta nova função veio "quebrar a monotonia de estar sempre a dar as mesmas matérias". "É muito gratificante", concluiu.

JN
 
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