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Um homem, uma mulher e uma casa. Branca

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Estreia hoje, quarta-feira, nas salas portuguesas "Jogo limpo", em que Naomi Watts e Sean Penn protagonizam um "thriller" político que se transforma num profundo drama humano, mais perturbante por se tratar de uma história verídica.


Quando "Fair game", com o título português de "Jogo limpo", foi anunciado como a única entrada norte-americana na competição pela Palma de Ouro no festival de Cannes deste ano, além da estranheza do facto em si, todas as atenções se centraram na mais recente obra de um realizador mais conotado com um certo tipo de cinema-espectáculo.

É verdade que Doug Liman, que deu nas vistas com um belíssimo filme independente, "Go - A vida começa às 3 da manhã", tem assinado êxitos de público, como "Identidade desconhecida", "O sr. e a sra. Smith" e "Jumper", mas o padrão de qualidade dos seus trabalhos é sempre acima da média. E tem o bom hábito de trabalhar com os melhores actores.

Aqui, as presenças de Sean Penn e Naomi Watts garantiam, desde logo, o interesse ao material, mas, ao constatar o tema do filme, percebe-se de imediato o que motivou o interesse do festival gaulês. É que, baseando-se num caso verídico, tratado pelos próprios protagonistas em livro - "Fair game", de Valerie Plame, e "The politics of truth", de Joseph Wilson -, o filme coloca o dedo na ferida da política interna e externa norte-americana. E faz sangue...

"Jogo limpo" e "A política da verdade" seriam, desde logo, expressões caras ao universo de Doug Liman, que muito tem jogado com a verdade e as suas aparências. Mas, aqui, a ficção deriva de uma realidade absolutamente impensável.

Tudo começou em 2003, quando Joseph Wilson, diplomata de carreira, escreveu um artigo de opinião no jornal "New York Times", denunciando a manipulação orquestrada pela administração Bush da informação recebida pelos serviços secretos sobre as armas de destruição maciça detidas ou não pelo regime de Saddam Hussein, tendo em vista a justificação para a invasão do Iraque.

Empresária e agente da CIA

Ora, o que Joseph Wilson não sabia é que, por detrás da actividade empresarial da mulher, Valerie Plame, se escondia, na realidade, uma agente da CIA. E, para o desacreditar, a Casa Branca não hesita em desmascarar a sua própria operacional... O resultado, além do escândalo político que se gerou, foi uma enorme crise matrimonial, que os dois tiveram de superar.

Reside aí a grande força de "Jogo limpo", o filme. Por um lado, não perde a força enquanto elemento de denúncia política, numa tradição de um cinema da ala mais liberal de Hollywood, cujas raízes remontam, sobretudo, aos anos 60, quando o cinema norte-americano teve a capacidade de nos oferecer obras como "Os homens do presidente" ou "Os três dias do condor".

Mas é sobretudo ao nível do intenso drama humano que nos apresenta que o filme convence, fazendo-nos sentir e compreender os dilemas enfrentados pelas personagens centrais, em toda a sua dimensão. Algo que tem também muito a ver com o notável trabalho dos actores.

Para Sean Penn, o elemento político da história deve ter sido determinante para que tenha sido ele o escolhido, depois de se ter falado em Russell Crowe.

Curiosamente, Naomi Watts "substitui" a também falada Nicole Kidman, de quem foi colega de curso e é ainda hoje grande amiga. O espectador não ficou a perder com a troca, muito pelo contrário...

JN
 
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