• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Furto de armas só foi descoberto dias depois de acontecer

florindo

Administrator
Team GForum
Entrou
Out 11, 2006
Mensagens
38,985
Gostos Recebidos
346
O furto de dez armas de guerra que se encontravam numa arrecadação do quartel da Carregueira, em Sintra, só começou a ser investigado na última segunda-feira, mas tudo indica que foi cometido dias antes, entre o Natal e a passagem de ano. Daquele quartel, onde estão a ser interrogados os cerca de 350 comandos que integram as três companhias do batalhão, terão sido levadas dez armas, nomeadamente espingardas automáticas G3 e metralhadoras HKMP5.

A confirmar-se que as armas terão desaparecido no período das festas, como uma fonte revelou, então os ladrões tiveram entre nove a três dias para as retirarem do quartel e, eventualmente, as negociarem ou esconderem, uma vez que as investigações só começaram no dia 3 deste mês, quando o furto foi comunicado pelo comando da unidade de Comandos.

"Confirmo que houve um incidente com material de guerra. Não vou falar de armas nem de quantidades, porque há muita invenção e muita especulação em relação ao assunto", disse ontem ao PÚBLICO o tenente-coronel do Exército Hélder Perdigão sobre a notícia publicada ontem pelo Correio da manhã. Apesar de este oficial não ter querido adiantar quantas e quais as armas que terão desaparecido, outras fontes militares garantem que foram levadas duas espingardas automáticas G3 e outras tantas metralhadoras HKMP5. As restantes seis armas desaparecidas são, supostamente, pistolas de 9 milímetros e metralhadoras Uzi.

Sem querer adiantar como é que o material de guerra terá desaparecido, o porta-voz do Exército declarou, no entanto, que a Polícia Judiciária Militar (PJM) "está a investigar desde segunda-feira". Nesse dia parte do efectivo da Unidade da Carregueira ainda pôde sair para o exterior, situação que deixou de se poder verificar no dia seguinte, quando todos os militares, desde oficiais, passando pelos sargentos e praças, começaram a ser interrogados. "Toda a gente está a ser interrogada e vai permanecer no quartel até que a PJM entenda o contrário", afiançou Hélder Perdigão.

Apesar de não existir ainda qualquer certeza, admite-se que o material de guerra possa ter sido furtado no período compreendido entre o Natal e a passagem de ano, altura em que havia menos gente dentro da unidade e, em consequência, havia menos hipóteses de ser surpreendido o autor/autores do furto.

A circulação dentro das instalações militares está, por norma, divida em três áreas, cada uma delas identificada com uma cor diferente (vermelho para as zonas mais sensíveis, amarelo para as que são consideradas de acesso mais ou menos reservado e verde, que por princípio é aberto a todos os militares, independentemente do posto e das funções que desempenham). O caso das arrecadações com armas, dos paióis e das salas de operações e comunicações é, normalmente, classificado com cor vermelha. Os locais de armazenamento de material de guerra são, por norma, de acesso exclusivo aos comandantes das unidades, aos mecânicos de armamento e aos seus superiores directos que ali exerçam funções.

Acesso restrito

No caso da Carregueira o acesso às arrecadações das armas é restrito. Apesar de não ter sido revelado se alguma porta foi arrombada ou se foi utilizada qualquer chave falsa, os interrogatórios da PJM começaram, precisamente, pelas pessoas com acesso à zona.

O PÚBLICO falou também com o director da PJM, o tenente-general Eduardo Manuel Alves dos Reis, o qual confirmou que uma equipa do piquete daquela polícia, que reporta directamente ao Ministério da Defesa, continuava ontem a interrogar os militares. A PJM tem por missão investigar todas as ocorrências de natureza criminal ocorridas em instalações militares e proceder igualmente às investigações relativas a casos de deserção ou de traição.

O tenente-general Alves dos Reis disse ainda que, de momento, o caso da Carregueira é o único do género que está a ser investigado pela PJM. "Os furtos de armas e de munições são muito raros. São casos que não são habituais e que, quando acontecem, dizem respeito apenas a um ou dois cartuchos desaparecidos."

"Crime muito grave"

Ontem à tarde os portões do quartel da Carregueira mantinham-se fechados, não permitindo sequer a entrada das inúmeras equipas de reportagem que ali acorreram. Tratou-se de uma situação normal para as chefias militares, tendente a evitar a saída de pessoas e informações.

Para além dos esclarecimentos prestados pelo director da PJM e do porta-voz do Exército, apenas o ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, se referiu ao furto, considerando-o como "um crime muito grave". Falando sobre o fecho das portas do quartel, o ministro considerou que a opção tomada pelo Exército foi a adequada.

Os grandes furtos de armas de que há memória em Portugal ocorreram na segunda metade da década de 1970. Nessa altura, temendo-se uma guerra civil, algumas forças políticas trataram de arranjar armas para os respectivos seguidores. Havia, por exemplo, operários navais que tinham em sua posse espingardas automáticas e munições.

Algum do armamento desviado dos quartéis há 35 anos ainda hoje permanece por encontrar. Há cerca de três anos, quando a Polícia Judiciária procedia a buscas na barragem da Aguieira, na região de Coimbra, procurando os cadáveres de jovens que foram assassinadas por um cabo da GNR, foram encontradas diversas espingardas G3 que pertenciam aos lotes roubados décadas antes.

Público
 

florindo

Administrator
Team GForum
Entrou
Out 11, 2006
Mensagens
38,985
Gostos Recebidos
346
DIAP delegou na Judiciária Militar investigação a desaparecimento de armas na Carregu

O Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa delegou na Polícia Judiciária Militar a investigação relativa ao desaparecimento de armas de guerra no Centro de Tropas Comando, na Carregueira, Sintra, revelou hoje, quarta-feira, aquele órgão do Ministério Público.

No caso dos crimes envolvendo as Forças Armadas, "a investigação é sempre dirigida pelo Ministério Público, que pode delegar as diligências de investigação na Polícia Judiciária Militar", refere uma "informação" do DIAP, em resposta a uma questão colocada pela agência Lusa.

"Desde a reforma do Código de Justiça Militar, a justiça militar foi integrada na jurisdição civil/comum. O DIAP de Lisboa tem uma secção para os crimes militares e o Ministério Público é assessorado pelos militares juristas designados pelos diferentes ramos das Forças Armadas", acrescenta o DIAP, dirigido pela procuradora-geral adjunta Maria José Morgado.

O DIAP explica também que "não há investigações autónomas de crimes militares há vários anos, nem fora da jurisdição comum", acrescentando que, "no caso concreto, o processo é do DIAP de Lisboa porque foi participado a este Departamento, não obstante a assessoria militar ou delegação de competências".

Fonte do Centro de Tropas Comandos disse à Lusa que a investigação recai sobre o desaparecimento recente de "duas espingardas automáticas G-3 de 7,62 milímetros, duas pistolas metralhadoras HK MP5 de nove milímetros e mais seis pistolas USP".

Entretanto, o Exército Português anunciou no dia 7 deste mês, através de um comunicado, que a fase inicial do inquérito relativo ao desaparecimento de armas no Centro de Tropas Comandos foi concluída.

Segundo o Exército, "a investigação até agora efectuada, num esforço conjunto da Polícia Judiciária Militar com a unidade, permitiu apurar o modo como ocorreu" o incidente.

"As investigações vão prosseguir, no sentido do total esclarecimento da situação, dando origem aos processos subsequentes que se revelarem adequados", acrescentava a mesma nota.

O Exército avançou ainda que o Centro de Tropas Comandos "assumiu a sua actividade normal" a partir daquele dia, depois de os militares que ali prestam serviço terem estado retidos vários dias ao abrigo do inquérito e para efeitos de interrogatórios.

Jornal de Notícias
 
Topo