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Era uma vez um violino muito brilhante que brilhava mais que o Sr. Virgolino cantante.
Um dia o Sr. Virgolino ficou muito rouco de tanto cantar e na sua vez puseram a tocar o violino brilhante. Esta substituição efectuou-se durante uma semana. O tempo suficiente para que o Sr. Virgolino recuperasse a voz e pudesse cantar. Mas depois quem dizia ao violino que ele já não podia tocar? Reuniram-se numa sala os principais conselheiros do reino.
O Sr. Virgolino tem maior graça porque canta com a própria voz.
O violino é melhor pois é mais brilhante.
Mas nem por isso supera o Virgolino cantante!
Depois de reunidos várias horas chegaram enfim a uma conclusão: A melhor solução era reunir os dois: um cantava e o outro tocava.
Todos os dias depois da sesta o rei reunia numa sala o violino e o Sr. Virgolino e assistia a um verdadeiro concerto. No final, ria muito e batia palmas. E assim chegou o dia de S. Nunca à tarde. O dia em que o rei faz anos. Convidou então um enorme grupo de suas majestosas criaturas e sentando-se na sala de música deu-se início ao concerto.
Lá, lá, lá...
Zim, zim, zim...
Pá, pá, pá...
Lim, lim, lim...
Tentando superar-se um ao outro, o violino e o Sr. Virgolino armaram uma valente discussão musical.
Até que em pleno êxtase dos espectadores, eis que salta uma corda ao violino. Esta bate na cabeça do Sr. Virgolino, que atordoado pela pancada cai, não sem antes ter agarrado a haste do violino, rebolando-se os dois no chão.
Pensando que fazia parte do número, os magnânimos convidados batiam palmas e riam. O rei não sabendo se havia de rir ou ficar envergonhado mandou sair de fininho os musicais artistas. Assim terminou o concerto. A festa do rei foi um espectáculo nunca antes assistido em qualquer outro. O pior é que tanto o violino como o Sr. Virgolino nunca mais foram os mesmos. O violino brilhante deixou de tocar e o Sr. Virgolino está difícil de cantar.
Talvez se voltem a ouvir no dia de S. Nunca à tarde. No dia em que o rei faz anos.