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Mortes solitárias em casa são "prova da desumanidade da sociedade"

florindo

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Out 11, 2006
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A Igreja Católica considerou, este domingo, que os casos de idosos encontrados mortos em casa são a "prova acabada de uma desumanidade da sociedade" e que os culpados por esta situação devem chamados à responsabilidade.

Nos últimos dias foram encontrados três idosos mortos em casa há vários dias. O caso mais mediático foi o de uma mulher encontrada morta no seu apartamento, em Sintra, oito anos depois de ter falecido.

"Estes casos só vêm evidenciar e incomodar quem, por acaso, tivesse a consciência adormecida e não reparasse quantas pessoas, sobretudo nas cidades, são abandonadas e isoladas pela família", disse à agência Lusa o bispo responsável pela Pastoral Social.

Para o bispo Carlos Azevedo, estas situações demonstram, "antes de mais, uma crise da família que não é capaz de manter uma relação com as pessoas que já estão dependentes de outras".

"É necessário humanidade e que as pessoas não tenham apenas critério de utilidade funcional, não tenham apenas o pragmatismo de quem é útil, e que não estejam a pôr as pessoas defuntas antes delas morreram", defendeu.

Carlos Azevedo afirmou que estas pessoas acabam por "permanecer vivas no Bilhete de Identidade, quando já morreram há muitos meses ou há muitos anos. Isto é a prova acabada de uma desumanidade da sociedade".

E defende que os responsáveis por estas situações sejam responsabilizados: "Quando as pessoas responsáveis por arrombar uma casa para ver se estava lá alguém não o fizeram, essas pessoas são responsáveis por esta desumanidade e a leviandade com que decidem fazer ou não fazer o que lhes compete é que deve ser também realçado".

E, acrescentou, "a pessoa concreta que tomou essa decisão deve ser também chamada à pedra, o que não inibe de certo modo a todo vermos como é que é possível criarmos pessoas tão insensíveis que não se desdobrem em resolver um caso destes".

Por outro lado, a quebra das relações de proximidades entre os vizinhos, acentuada nas cidades, é "também produtora de pessoas cuja família está afastada".

"Isto só vem evidenciar para que batamos com a mão no peito e reconheçamos na nossa consciência aquilo que estamos a produzir na sociedade", frisou Carlos Azevedo.

Para o coordenador do Instituto do Envelhecimento da Universidade de Lisboa, Villaverde Cabral, estes casos demonstram a "urgência" de uma intervenção face ao processo de envelhecimento demográfico português.

"É pena que tenha de haver casos trágicos como este para que a opinião pública tome consciência, através da comunicação social, do problema cada vez mais frequente do isolamento em que vive uma grande parte dos idosos", disse Manuel Villaverde Cabral.

Segundo o sociólogo, o envelhecimento demográfico da população portuguesa mantém-se "sem perspectivas de mudança a curto ou médio prazo" e faz de Portugal "um dos países mais envelhecidos do mundo".

Jornal de Notícias
 

florindo

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Mortes solitárias "não são raras", defende médico

O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, Mário Durval, disse, este domingo, que as mortes solitárias de idosos acontecem com frequência e estão relacionadas com a evolução demográfica e com o isolamento.

"Não é tão raro como isso. Cada vez há mais pessoas a viverem sozinhas e obviamente morrem desacompanhadas, só que normalmente as famílias dão por isso", justificou.

Segundo este médico, as mortes de idosos são muitas vezes comunicadas no próprio dia, ou dois ou três dias depois, na maior parte dos casos por "famílias que mantêm o contacto" ou por vizinhos.

Mário Durval salientou que "esta situação é consequência da evolução demográfica: há um aumento do número de idosos e um aumento do número de idosos que vivem sozinhos".

O delegado de saúde considerou que os casos de solidão são ainda mais graves nas cidades devido ao "anonimato".

"Nas periferias ou em zonas mais ruralizadas é mais fácil dar por isso quando os vizinhos deixam de aparecer ou quebram as rotinas".

O comandante dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde, corporação que foi chamada para recolher o corpo do idoso de 80 anos, encontrado morto em sua casa em S. Mamede Infesta, Matosinhos, afirmou também à Lusa que situações como esta "acontecem com alguma frequência".

Carlos Teixeira referiu que abrir a porta de uma casa de um idoso que vive sozinho e que não responde a conhecidos é como "entrar num prédio de onde sai fumo de uma janela", considerando que não se pode ignorar determinadas situações.

Mário Durval alertou, por outro lado, para a necessidade dos idosos terem um acompanhamento mais próximo por parte das instituições e lembrou que o corpo da idosa que morreu em Sintra só foi descoberto, oito anos após a sua morte, devido à penhora da casa onde residia.

"Para o Fisco e para a Segurança Social não existem pessoas, existem números. A nossa governação não vai no sentido de valorizar as pessoas", lamentou o especialista de saúde pública.

Mário Durval criticou também "o distanciamento técnico" das instituições fazem parte das redes de apoio desta população.

Nos últimos dias foram encontrados três idosos mortos em casa há vários dias, sendo o caso mais mediático o da mulher encontrada morta no seu apartamento, de Rio de Mouro (em Sintra).

Jornal de Notícias
 
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