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Líbia: Viagem ao Leste da Líbia depois de violentos confrontos

florindo

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Out 11, 2006
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De Sirte a Raj Lanuf, no Leste da Líbia, percorre-se centenas de quilómetros quase todos em linha recta. De um lado, o mar. Do outro o deserto. Nas bermas das estradas, surgem casas destruídas, carros queimados, destroços de material de guerra, homens vestidos à pressa de soldados e de armas na mão e sucessivos postos de controlo.

Há dias, toda esta zona era controlada pelos militares. Mas uma razia das tropas de Muamar Kadafi, há três dias, voltou a colocar tudo no sítio. O regime tratou de mostrar aos jornalistas as vitórias, mas omitiu como foram ganhas as batalhas.

Percebe-se pelos buracos nas paredes e por alguns despojos abandonados que as batalhas foram curtas e grossas. E que certamente os rebeldes debandaram, apressadamente, perante o poderio militar com a ajuda de aviões que assustam só com o barulho. Pouco a pouco, o regime de Muamar Kadafi 'recupera' o país e há quem vaticine que a queda de Benghazi, a 'capital' dos rebeldes, esteja por um fio.

Até lá, a exibição dos triunfos, feita pelo regime, é bem enquadrada pelo loucura entusiástica do povo que idolatra o líder líbio. Ou melhor, dos homens, por que as mulheres mal podem sair de casa. São eles que montam as carrinhas e jeeps, de lenços verdes na cabeça e bandeiras verdes nas mãos, disparam para o ar, gritam, cantam e repetem uma frase há mais de 40 anos batida: "Alá e Muamar, é tudo que a Líbia precisa".

Raj Lanuf representou, há uma semana, uma autêntica medalha de ouro exibida pelos rebeldes e até fez com que a comunidade internacional começasse a calcular que a 'estrela' de Kadafi estava apagar-se. O caso não era para menos: a pequena cidade é vizinha da maior refinaria do país e fica a meio caminho entre Benghazi e Sirte, a cidade natal e feudo de Kadafi. Controlar a região seria um duro golpe para o líder líbio. Mas horas de bombardeamento resultaram num fogo na refinaria, que ninguém imagina como poderá terminar, bem visível a dezenas de quilómetros pelo fumo intenso.

Na cidade, o povo jura que os rebeldes combateram com "mercenários da Somália, Nigéria, Egipto e Zaire" e que "violaram mulheres, queimaram mesquitas, mataram muita gente e pilharam o hospital

Dos corpos e feridos, ninguém sabe onde param. Das mulheres, nem vê-las. Do hospital, dá para ver portas e janelas partidas, camas destruídas e medicamentos atirados para a rua. O médico, Mohamed Shaeed, involuntariamente fora de serviço, mostra-se indignado e acusa os rebeldes de "quererem destruir o país, sem respeitar ninguém, nem sequer um hospital". Lá fora, o povo empunha cartazes gigantes com o rosto de Kadafi e um homem aponta para a cara do líder e grita: "Este é o meu pai e a minha mãe, é pai de todo o povo líbio".

Quase 42 anos depois de ter chegado ao poder, a 'religião' Kadafi continua a dominar a Líbia. Resta saber até quando.

Jornal de Notícias
 
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