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O filme brasileiro com mais espetadores na história do país, «Tropa de Elite 2», que conta a continuação da saga do capitão Nascimento, comandante do Batalhão da Polícia Especial do Rio, estreia em Lisboa na quinta-feira.
Interpretado por Wagner Moura, o capitão Nascimento volta às telas desta vez como subsecretário de Segurança Pública do Rio e terá de lidar com inimigos mais poderosos.
Se a primeira trama era uma denúncia clara da corrupção da polícia carioca, a continuação, que na ficção dá um salto de 15 anos em relação à história original, é uma crítica ao comportamento dos políticos do mais alto escalão, em Brasília.
«É uma ficção, mas baseada em factos que a gente sabe que acontecem no Brasil. E o segundo aborda realmente o cerne, toca na raiz da questão», afirmou a atriz Tainá Muller, que no filme encarna a jornalista policial Clara.
Êxito de vendas desde a estreia, com 1,25 milhões de espetadores apenas no primeiro fim-de-semana de exibição, o filme superou blockbusters internacionais como «Eclipse» e «Avatar», exibidos na mesma altura nos cinemas brasileiros.
O estrondo de bilheteira na abertura manteve-se nas semanas seguintes, a atingir a marca dos 10 milhões de espetadores em Novembro do ano passado, um mês após o lançamento.
Pouco tempo depois, o filme ultrapassou o mitológico «Dona Flor e seus Dois Maridos», que há mais de 30 anos se mantinha como líder na lista dos filmes mais vendidos do cinema brasileiro.
Nessa época, ficção e realidade misturaram-se na cabeça dos moradores do Rio, que viram o Exército brasileiro subir e ocupar o Complexo do Alemão após conflitos com traficantes do local.
A história bem urdida e marcante pela atuação de Wagner Moura, suscitou muitas discussões sobre o papel da ficção no imaginário dos cariocas, que passaram a apoiar as operações da polícia nas favelas.
«(O filme) ajudou porque as pessoas, de uma certa forma, simpatizaram com essa política da UPP e receberam melhor esse policial que foi ocupar os morros», opina Tainá, actualmente a interpretar Paula, em «Insensato Coração», da Rede Globo.
«A ficção às vezes tem esse poder de transformar a realidade e já era hora mesmo, porque o Brasil está vivendo outro momento, ninguém aguenta mais esse tipo de corrupção, já era a hora de mudar», sentenciou a atriz.
Lusa/SOL