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Chineses já pedem subsídio de desemprego

florindo

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Há 25 chineses inscritos nos centros de emprego entre empresários, estudantes e domésticas. Associações admitem que muitos outros não pedem ajuda por orgulho.

A crise também está a atingir os negócios da comunidade chinesa, conhecida pelo empreendedorismo. Até Dezembro do último ano, 25 chineses estavam inscritos nos centros de emprego de todo o país, mais sete do que em 2008.

Estes números do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) vêm contrariar a ideia da maioria dos portugueses que, segundo um estudo recente sobre racismo do Observatório da Imigração, olha para os chineses como os imigrantes mais bem integrados apesar de não dominarem a língua nem conviverem com os cidadãos nacionais.

Todos com baixas qualificações

Dos actuais 25 desempregados, três eram empresários, 17 trabalhadores por conta de outrem (na área dos serviços, como vendedores e seguranças), quatro ex-estudantes e até uma doméstica. Segundo o SOL apurou, um destes quatro nunca trabalhou em Portugal, estando à procura do primeiro emprego.

A maioria dos inscritos são mulheres, na faixa dos 40 anos e residem em Lisboa. Em comum, têm qualificações muito baixas (menos do 1.º ciclo) e mal falam português. O que talvez explique o facto de, em alguns casos, o desemprego se arrastar de um ano para o outro: em 2008, 2009 e 2010 transitaram, respectivamente, quatro, oito e três chineses.

Neste período, segundo o IEFP, apenas quatro foram recolocados no mercado de trabalho (área da restauração e comércio).

Para Y Ping Chow, presidente da Liga dos Chineses em Portugal e empresário estabelecido no Porto há 48 anos, estes números são apenas uma pequena amostra da realidade. «Tenho a certeza de que neste momento há muito mais do que 25 à procura de trabalho», admitiu ao SOL, explicando que «muitos vieram da China há pouco tempo e perderam o emprego, mas não sabem que têm direito de pedir subsídio ao fim de seis meses».

Mas a maioria, acredita Chow, simplesmente recusa fazê-lo. «O facto de apenas 25 terem pedido ajuda ao Governo só mostra que o chinês é orgulhoso de si próprio», frisa o empresário, adiantando: «A Liga está disponível para ajudar estes e outros chineses que precisem».

Regresso à China

Enquanto uns pedem ajuda, outros há que preferem voltar às origens para reencontrar um caminho. A crise, garante Y Ping Chow, está a levar muitos «empresários» a regressarem ao país de origem. «Já juntaram algumas economias para poderem montar o seu próprio negócio lá. Ao contrário de outros países, como a Espanha, Portugal ainda não consegue atrair mão-de-obra especializada, o ordenado mínimo é muito baixo», sublinha o porta-voz da Liga, que estima que vivam actualmente em Portugal 20 mil chineses, incluindo os já naturalizados. Já o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, por seu lado, diz que, em 2009, últimos dados disponíveis, eram 14. 396 os chineses a viver em Portugal.

A verdade é que, nos últimos três anos, o número de chineses que se inscreveram na Segurança Social tem diminuído: de 2.361, em 2008, passaram para 1.671 em 2010. Neste momento, ao todo, 9.838 cidadãos desta nacionalidade têm enquadramento activo na Segurança Social.

«O desemprego cresceu tanto que atinge qualquer grupo de imigrantes. Não há razão nenhuma para que os chineses fiquem de fora» – disse ao SOL Jorge Malheiros, do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, lembrando que «muitas lojas chinesas já empregam nacionais e brasileiros» para facilitar o contacto com o público.

«O que é surpreendente», observa, «é serem tão poucos os ‘desempregados oficiais’, visto que a maioria dos que cá vivem tem idade activa». Para o geógrafo, «isso mostra também que provavelmente resistem melhor à crise e têm mais estratégias de sobrevivência».

Pequenas lojas sem futuro

«Juntar a força de várias pessoas para criar uma empresa maior». É esta, frisa Chow, a estratégia de futuro da comunidade: «As lojas pequeninas são cada vez mais substituídas por grandes armazéns».

Uma ronda pelo Martim Moniz, em Lisboa, bastou para confirmar o sufoco em que vive o pequeno comércio chinês. «Hoje só fiz três euros. Os clientes pagam com moedas de cêntimos», conta Wang, de 48 anos, proprietária de uma pequena loja de bijuteria, aberta há 15 anos no centro comercial da Mouraria.

Obrigada a baixar os preços para compor o lucro, a chinesa conta os cêntimos, guardados em saquinhos de plástico. Mal dão para pagar a renda de 600 euros pelos oito metros quadrados de espaço.

O futuro é uma incógnita: «Há muitos chineses a voltar para a China. Lá o ‘dinheilo’ é mais ‘segulo’. Aqui tem muito ladrão». Desde que aqui vive, Wang já foi assaltada duas vezes.

«Não há ‘dinheilo’. Há dias que não vende nada», desabafa a dona de um armazém de revenda de roupa, ali perto, enquanto faz e refaz contas no pequeno bloco de notas. Abriu o negócio há três anos com o marido, os únicos a trabalharem na loja, mas não sabe se vai aguentar até ao fim do ano. «É a ‘clise’».

SOL
 
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