Santander representa 73% das perdas potenciais com actuais “swaps” nas empresas públicas
Os instrumentos de gestão do risco financeiro das empresas públicas tinham, em Setembro passado, um valor negativo de 1.530 milhões de euros. O Santander Totta tem em tribunal acções judiciais relativas a operações cujas perdas potenciais estão avaliadas em torno de 1.113 milhões de euros.
Os “swaps” do Santander Totta representam 73% das perdas potenciais com instrumentos de gestão do risco financeiro que o sector empresarial do Estado registava em Setembro de 2013.
O Santander Totta colocou acções judiciais nos tribunais ingleses relativamente a nove “swaps”, com o objectivo de provar a sua validade. Estas operações tinham perdas potenciais associadas de 1.113 milhões de euros, de acordo com o relatório do Orçamento do Estado para 2014, tornado público esta terça-feira, 14 de Outubro.
A validade destes contratos foi questionada pelo IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, quando este organismo realizou um relatório para a renegociação da carteira de derivados financeiros das empresas públicas. O Estado chegou a acordo com todos os bancos que tinham vendido estes produtos às empresas públicas, à excepção do Santander, com que se encontra em litígio judicial. O presidente do banco de direito português, António Vieira Monteiro (na foto), contou, na comissão parlamentar de inquérito que está a analisar este tema, que propôs ao Estado português uma operação de financiamento a longo prazo como contrapartida para cancelar os seus "swaps".
O processo de renegociação com a banca iniciou-se no final do ano passado, numa altura em que as perdas potenciais destes “swaps” superavam os 3.000 milhões de euros.
A 30 de Setembro, após a renegociação com a banca, as perdas potenciais das operações de derivados financeiros situavam-se em 1.530 milhões de euros. O que significa que os “swaps” do Totta correspondiam, no final do mês passado, a 73% do valor de mercado de todos os 48 instrumentos de gestão do risco financeiro ainda activos (o IGCP optou por manter vários "swaps" vivos, por não apresentarem estruturas consideradas especulativas).
Este é número mais recente do valor das perdas potenciais que os contratos de “swaps” representam para as empresas públicas. O último valor oficial era relativo a 31 de Março de 2013, ainda antes de grande parte do processo de negociação com a banca, e, nessa altura, as perdas potenciais ascendiam a 2.633 milhões de euros.
Para reduzir as perdas até aos 1.530 milhões de euros, o Governo conduziu acordos com os bancos para o cancelamento de contratos cujo valor de mercado ascendia, na altura em que ocorreu essa eliminação, a cerca de 1.500 milhões de euros. Para isso, aceitou pagar aos bancos pouco mais de 1.000 milhões de euros, argumentando que conseguiu poupar cerca de 500 milhões de euros face ao valor que teria de pagar se as perdas potenciais se tornassem em reais (se os bancos decidissem, unilateralmente, cancelar os contratos).
Fonte: Jornal de Negócios