BPI sobe mais de 5% após reforço accionista de Isabel dos Santos
BPI sobe mais de 5% após reforço accionista de Isabel dos Santos
As acções do BPI fecharam a subir mais de 5%, a reflectir o anúncio feito na segunda-feira, que revelou que a Santoro, de Isabel dos Santos, reforçou no capital do banco para quase 20%.
Os títulos subiram 5,05% para 0,416 euros, tendo atingido um ganho máximo de 7,83% para 0,427 euros. A subida foi acompanhada por uma liquidez significativa. Mudaram de mãos 972,9 mil acções do banco liderado por Fernando Ulrich, um volume que supera ligeiramente a média diária de 912,2 mil registada nos últimos seis meses.
Foi também revelado esta terça-feira que o BPI convocou a assembleia-geral para 31 de Maio, com o objectivo de autorizar a gestão a deliberar aumentos de capital por entradas de dinheiro.
Investidores vão ainda votar supressão de direito de preferência dos accionistas em reforços de capital.
A Santoro pagou 0,50 euros por cada acção que comprou aos espanhóis do CaixaBank, passando a deter 19,4% do banco português, contra os anteriores 9,9%.
Apesar da reacção em alta dos títulos, o BESI nota que este movimento “reduz a probabilidade de o Caixabank lançar uma OPA sobre o resto do BPI no médio prazo”.
Na nota de “research” diária que envia aos clientes, o BESI acrescenta esta notícia “não é uma completa surpresa” e “não vê racional no negócio”, uma vez que o banco espanhol tinha comprado recentemente a posição de 19% do Itau no BPI.
"Embora a compra de uma participação de 9,436% directamente ao CaixaBank possa configurar alguma surpresa, a natureza desta operação surge em linha com as notícias mais recentes sobre as intenções da Santoro em reforçar a sua posição no Banco BPI", refere o CaixaBI, salientando que "o tema mais relevante no curto prazo" para o BPI "prende-se com o cumprimento do requisitos de capital exigidos ao sector pela autoridade bancária europeia (EBA)".
Com este movimento, o CaixaBank passou a deter 40% do capital do BPI e a Santoro mais 19%.
O BESI acredita que a CMVM vai reconhecer que não há obrigação de lançar uma OPA sobre o BPI.
Uma posição contrária à defendida por Pedro Lino, da Dif Brokers. "Em princípio, pode haver uma concertação de accionistas no BPI", explicou ao Negócios Pedro Lino.
O administrador da Dif Broker sublinha que, após esta operação, "La Caixa e Isabel dos Santos já ultrapassam largamente os 50% de capital no BPI e, efectivamente, vão controlar a maioria do capital do banco".
Deste modo, "não se percebe porque não há uma OPA", defende o mesmo especialista.
"A operação foi feita ao mesmo preço: 0,50 euros por acção.
Ou seja, parece-me que se trata da repartição da posição do Itaú em dois passos. É a mesma operação, mas feita em duas fases", refere um analista do sector que preferiu não ser identificado. O mesmo especialista defende que o valor da operação aponta para que os accionistas do banco estejam "alinhados".
Boa compra para Isabel dos Santos, que deverá acompanhar aumento de capital
Depois dos recentes reforços na estrutura accionista do BPI, La Caixa e Isabel dos Santos deverão acompanhar um futuro aumento de capital.
Esta é a opinião dos analistas, que vêem a compra de acções por parte dos angolanos como um sinal de que estão dispostos a participar nesta operação.
"O que se percebe é que Isabel dos Santos estará disposta a acompanhar um aumento de capital do BPI", defende Pedro Lino. Para o administrador da Dif Broker, esta aquisição é um "voto de confiança no BPI".
"Esta é uma operação que fazia sentido. Depois do reforço do La Caixa, o BPI passou a ter uma estrutura accionista difícil de manter-se no médio prazo", considera um analista do sector financeiro que preferiu não ser identificado.
A Santoro fez "uma boa compra, aproveitando os preços baixos actuais para reforçar no sector financeiro português", acredita Pedro Lino.
Jornal de Negócios