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A Farinha Mágica

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Fev 29, 2008
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A Farinha Mágica

Era uma vez um rei que se deixava levar com freqüência pela cólera,
mesmo pelos motivos mais insignificantes. Um dia entrou com ar furioso
na cozinha do palácio, gritando : - Esta é única ! - Que aconteceu? -
perguntou-lhe a rainha, voltando-se surpreendida para o marido e parando
de brigar com o cozinheiro. - Que aconteceu? - prosseguiu o rei, com voz
tremula de raiva -. Imagine que passei toda a manhã na caça, sem abater
sequer um javali. Gastei todas as minhas flechas, bati com a cabeça em
uma árvore e voltei ao palácio com um miserável ouriço ! Um sorriso
transpareceu no rosto rosado e gentil da rainha. - Deverias aprender a
apurar mais a mira - disse-lhe ela, em tom de doce censura. Estas
palavras fizeram aumentar até o máximo a cólera do rei, que se
considerava o melhor caçador de todo o pais, embora talvez não existisse
outro mais desajeitado.

Parecia que até os animais sabiam disso, visto que passavam por junto
dele sem medo, dançando defronte do seu arco esticado e pouco se
importando com as flechas que sibilavam no ar, cravando-se nos troncos
das árvores mas nunca na caça. Mais de uma vez as lebres tinham zombado
dele, e os javalis haviam passado bem por perto da sua pessoa, roçando-o
até, como para lhe fazer compreender que as suas flechas de prata não
lhes podiam fazer nenhum mal. - Por que não te exercitas no pátio do
palácio, com os nossos estúpidos criados? - prosseguiu a rainha que,
algumas vezes, se permitia aborrecer o seu augusto esposo. Em vez de
responder, o rei rangiu os dentes e arrancou da cabeça o barrete,
jogando-o no chão e pisando-o num ímpeto de raiva concentrada. Quando se
acalmou um pouco, a rainha dirigiu-lhe de novo a palavra, sempre
sorrindo: - Vês que te irritaste inutilmente? Aquilo era demais para o
rei. Um novo ímpeto de raiva invadiu o soberano; mas, descobrindo nesse
momento alguns pastéis enfileirados em cima da mesa, ficou admirado de
que os mesmos não lhe tivessem aguçado a gula, aplacando-lhe ao mesmo
tempo a fúria. - Magníficos e apetitosos, estes pastéis!. . . E depois
de engolir um, disse, fazendo estalar a língua de encontro ao céu da
boca: - Estão realmente deliciosos! Em um abrir e fechar de olhos
engoliu o rei mais de dúzia e meia.

- Bons! . . . Excelentes ! . . . Bravo, cozinheiro!… Estes pastéis te
honram, - exclamou, falando ao cozinheiro. - Majestade! - respondeu o
cozinheiro - a farinha com que preparei estes pastéis foi-me dada por
uma tia minha, feiticeira, que mora em cima da colina. - E’? E onde
arranja ela esta farinha tão boa? E sem aguardar resposta, fez
desaparecer outros cincos pastéis, devorando-os com avidez. - Não comas
mais - advertiu-o a rainha .- Poderiam fazes-te mal. Por única resposta,
o monarca voltou-se para o cozinheiro, dizendo-lhe em tom ameaçador: -
Escuta, cozinheiro: gostarias que amanhã cedo eu te mandasse cortar a
cabeça? - Por piedade, Sire! Que dizeis? - exclamou o pobre homem,
começando a tremer de susto. Fadas poloneses - Pois bem; se não queres
que eu te mande cortar a cabeça, prepare-me logo mais um cesto destes
pastéis, que mandarás servir para meu jantar. A rainha intrometeu-se de
novo. - Sê razoável, meu marido! Se comeres mais pastéis, vais ficar
doente na certa… Mas o rei glutão não lhe deu ouvidos e, depois de ter
lançado um último olhar eloqüente ao cozinheiro, voltou-lhe as costas e
foi até ao terraço onde ficava situado o aquário no qual viviam os seus
peixinhos de ouro. Como ainda tinha na mão um dos pastéis, esfarelou um
pouco dele na água, e depois entrou nos seus apartamentos.

Sua filha, a princesa Flávia, achava-se em um dos aposentos e, com os
cotovelos apoiados no peitoril da janela, escutava um som de mística que
subia do parque. O rei aproximou-se da janela e, olhando para baixo,
avistou um estranho tocador de violino, com os cabelos eriçados e
revoltos pelo vento do outono. Tocava com entusiasmo e estava cercado
por uma dúzia de garotinhos que gritavam e dançavam em volta dele,
batendo palmas. - E’ o tocador mágico ! - gritou alegremente a princesa.
E, saindo do aposento, apressou-se a descer ao parque para escutar
melhor a deliciosa música do estranho violinista. O rei contemplou por
um instante o tocador, depois se retirou para o interior do aposento,
onde o seu olhar caiu sobre um espelho. Se bem que o seu rosto fizesse
lembrar a feia cara de uma rã, ele se considerava o soberano mais belo
do mundo, e de cada vez que contemplava a própria imagem, procurava ter
nos lábios um sorriso gracioso. Mas nesse dia o sorriso não apareceu.
Mal viu o rosto refletido no espelho, o rei deixou escapar um grito de
horror. Seu pescoço se alongara improvisamente, e assemelhava-se ao de
um cisne. Sua cabeça estava agora distanciada dos ombros pelo menos dois
palmos. - O que foi que me aconteceu? - balbuciou o pobre soberano,
empalidecendo -. Que brincadeira é esta? Estarei talvez sonhando? E
acreditando que se tratasse na realidade de um terrível pesadelo, deu
forte beliscão na própria coxa

e em seguida dirigiu de novo o olhar para o espelho. Mas… ai dele! O
pescoço crescera ainda mais! - Que devo fazer?… E’ melhor correr
imediatamente ao meu médico ! Dito isto, o rei dirigiu-se correndo para
a porta, mas, como não levara em conta o comprimento do pescoço, bateu
com a cabeça na bandeira e sentiu uma dor aguda que lhe fez ver
estrelas. No mesmo instante, a rainha saiu ao terraço para dar uma
olhadela ao aquário, mas quando se aproximou do tanque dos peixinhos de
ouro, teve tamanho espanto que por pouco não caiu na água. Os dois
bichinhos tinham ficado de um tamanho enorme e continuavam a crescer a
olhos vistos, até que ficaram tão gran- des que saltaram para fora do
tanque e caíram no chão, abrindo a boca. Com os olhos arregalados de
espanto, a rainha não sabia o que pensar. Mas, lembrando-se de repente
de que, sem água, os peixes iriam morrer, agarrou- os pela cauda e foi
jogá-los no lago que havia perto do castelo. - Assim poderão viver -
murmurou -. Mas como terá acontecido um fenômeno tão estranho? Sem
dúvida deve tratar-se de alguma bruxaria ! Naquele lago viviam os peixes
mais estranhos e maravilhosos da terra. Havia, por exemplo, um magnífico
esturjão que funcionava como barômetro, indicando as mudanças de tempo
com as barbatanas; outro peixe sabia dizer “bom dia” e “boa noite”; um
pequeno salmonete fazia graciosas cabriolas e cantava como um melro.

Eram, em suma, animais raríssimos, e só o peixe- falador custara
verdadeira fortuna. - Esperemos que os outros peixes não façam mal aos
dois que joguei agora no lago! - disso consigo a rainha. Depois,
aproximou-se de novo da margem e, olhando para as águas imóveis e
transparentes, viu os dois pobres peixes de ouro que estavam a um canto,
olhando um para o outro com ar assombrado. - Que ira dizer o rei? -
pensava a rainha, voltando sobre os seus passos .- Quando souber disto,
irá certamente ficar furioso! Mas justamente naquele momento viu surgir
diante dos olhos o marido, e um grito agudíssimo escapou- se-lhe da
boca. - Que vejo?… Como foi que o teu pescoço se alongou dessa
maneira? . . . Ah! . . . Ai de nos! . . . Também os dois peixes de ouro
ficaram compridos como serpentes! - Que me importam os peixes? - gritou
o rei -. O meu pescoço cresceu tanto assim? - E continua a crescer! -
balbuciou a rainha, soluçando. - Chama depressa o médico da corte ! -
bradou o monarca, levantando os bravos para segurar a cabeça e mantê-la
firme, porque começara a balouçar de um lado para o outro, como um
girassol. Atraídos por aqueles gritos, não tardaram a acudir todos os
cortesãos, os servos e os pajens. Mas quando se acharam na presença do
soberano, não puderam conter formidável risada. Como teriam podido
resistir, diante de espetáculo

tão ridículo? Chegado o médico, examinou atentamente o rei, apalpou-lhe
todos os membros, mas não soube diagnosticar. O caso era realmente
extraordinário. De repente, no meio daquela confusa barafunda, avançou
uma velha que brandia uma vassoura na mão direita e tinha um aspecto
verdadeiramente assustador, com os cabelos avermelhados e alguns dentes
verdes que lhe surgiam para fora dos beiços, como as presas de um
hipopótamo. Todos os olhares se fixaram nela. Calçava uns velhos
chinelos e dançava como uma endemoninhada, gritando como uma possessa.

- E’ a tia do cozinheiro da corte! . . . E’ a feiticeira ! - gritaram
alguns empregados, tomados de pavor. - Por que veio ao castelo? - Que
quererá? Finalmente um mordomo aproximou-se dela, com decisão, e
perguntou-lhe - Que queres aqui, velha feiticeira? A megera parou de
dançar e, indicando o rei com o dedo indicador da mão descarnada e
adunca, respondeu: - Cheguei tarde demais!… O rei já comeu a farinha
mágica ! . . . A multidão calou-se de chofre. O soberano aproximou-se da
velha e perguntou-lhe, com voz tremula de cólera: - Que dizes?
Explica-te, maldita bruxa! Ela pousou um olhar zombeteiro no soberano e
depois começou a cantar:

“Eu dei ao cozinheiro um saco de farinha, ele a levou para fazer
pastéis. O presente destinava-se a rainha, mas o rei quis comer logo os
pastéis. . .” - Continua! . . . Continua! gritaram todos. “A farinha
mágica que eu lhe dei tem estranhos poderes concentrados. Olhem só como
está ficando o rei e também olhem para os peixinhos dourados!” O rei não
podia mais, porém soube dominar a sua cólera e disse, voltando-se para a
tia do cozinheiro: - Tudo isso é verdade. Eu comi os pastéis preparados
com a tua farinha e atirei algumas migalhas aos meus peixes de ouro, que
ficaram compridos como serpentes. Entretanto o meu pescoço continua a
crescer. Como se pode remediar tudo isso, velha feiticeira? A megera
estendeu de novo uma das suas mãos aduncas para o soberano e respondeu
cantarolando:

“O pescoço crescera, crescera sempre, até por cima das árvores poderes
olhar; e os dedos das tuas mãos crescerão até que prazia a Deus faze-los
parar; e os dos pés também aumentarão até com os braços se poderem
comparar. - Que dizes? - bradou o monarca, hor- rorizado. Por única
resposta a feiticeira indicou ao rei os dedos dos seus pés, que já
tinham arrombado os sapatos e cresciam a olhos vistos. Depois recomeçou
a cantar:

“Quem da farinha mágica comer por força terá de se dar mal. . . Homem,
criança, mulher ou animal, seus efeitos terá de sofrer!” Em seguida
acenou para o palácio, exclamando: - O1hem para ali! Todos os olhares se
dirigiram para a cozinha real, da qual vinha saindo um estranho
escaravelho, cujas pernas eram compridas como as de um cavalo, enquanto
o resto do corpo ficara normal. - Comeu um pouco da farinha mágica -
acrescentou a feiticeira, parando de cantar -. Vejam que efeito
extraordinário! Ao verem aquilo, mulheres e crianças começaram a soltar
gritos altíssimos, assustando o pobre escaravelho, que procurou
esconder-se em um canto. - Agora vou levar o resto da farinha -
prosseguiu a feiticeira, dirigindo-se para a cozinha. Mas o rei perdeu a
paciência e intimou-a com voz terrível: - Não te movas daí, maldita
feiticeira! Naquele momento a rainha apareceu no pátio, juntamente com a
filha e com o violinista mágico. - Se a tua farinha provocou todos estes
males, terás de remediá-los imediatamente, do contrário te mandarei
lançar as feras! - acrescentou o rei, fitando a feiticeira do cimo do
seu desconforme pescoço. A velha deu uma gargalhada, pulou de lado, e
depois respondeu: - Eu nada sei… Não posso fazer coisa alguma ! -
Como! Quererás recusar-te e remediar o mal que causaste? - bradou o
soberano, furibundo.

- Hi! Hi! Hi! - riu-se a feiticeira, recomeçando a dançar -. Eu não
posso fazer coisa alguma ! - Afoguem-na no lago! - disse a rainha. -
Vamos queimá-la viva! - sugeriu o médico da corte. - Que seja enforcada!
- berraram os criados. - Joguemo-la dentro de água fervente! - gritaram
os pajens. - Silêncio! - ordenou o rei, erguendo a voz -. Vão chamar
imediatamente o cozinheiro. Alguém correu a chamar o cozinheiro, pondo-o
a par de tudo o que acontecera. O pobre diabo lançou-se de joelhos
diante da feiticeira, exortando-a a socorrer o soberano, mas a velha
recuou alguns passos e botou a língua de fora, em sinal de zombaria. -
Meu pai ! Meu pobre pai ! - gritou naquele momento a princesa -. O seu
pescoço continua a crescer! O soberano atingira o paroxismo do
desespero, e, chamando alguns guardas que assistiam a cena,
ordenou-lhes:

- Agarrem essa velha! - Em seguida, voltou-se para a tia do cozinheiro,
acrescentando: - Se não me deres imediatamente um remédio, far- te-ei
arrastar pelos cabelos ao longo das ruas da cidade e serás açoitada até
morreres. A megera respondeu ainda dessa vez com uma gargalhada rouca e
zombeteira. - Levem-na para a prisão! - ordenou então o desesperado
soberano. Naquele momento, o violinista mágico aproximou-se

do rei e disse-lhe: - Em vez de a mandardes matar, Majestade, peço- vos
que a mandeis entregar a mim. O rei consentiu. Todos ficaram em
silêncio. Os guardas soltaram a feiticeira, que começou a estrilar como
uma danada. - Queres socorrer o nosso soberano? - perguntou- lhe o
violinista -. Concedo-te um minuto de tempo para me responderes. -
Respondo-te apenas que o pescoço do rei continuará a crescer ainda ! -
urrou a velha, agitando no ar a vassoura. - Pois bem; então, dança! -
exclamou o violinista. E apoiando o violino ao ombro, começou a tocar.
Desde as primeiras notas, as pernas esqueléticas da megera começaram a
agitar-se convulsivamente, iniciando uma dança que, pouco a pouco, se
foi tornando vertiginosa. Ao fim de um quarto de hora, o violinista
parou de tocar e a feiticeira deixou-se cair ao chão, extenuada. -
Queres socorrer o rei, maldita feiticeira? - perguntou de novo o
tocador. - Digo-te apenas que o pescoço do rei continuará a crescer! -
sibilou a velha, respirando com dificuldade. Então o violinista
recomeçou a tocar, primeiro devagar, depois com maior celeridade,
obrigando a feiticeira a dançar com uma fúria, com tal ímpeto que até os
sapatos lhe saíram dos pés. - Dança, dança ! Maldita megera ! . . . E a
velha continuou a rodopiar como uma folha em um remoinho de vento, até
que o violinista lhe

concedeu novo momento de trégua. - Piedade! - gemeu então a feiticeira,
deixando-se cair ao chão -. Sinto-me morrer! - Dize-me de que maneira se
pode restituir ao rei o seu aspecto normal! - gritou o jovem, com voz
ameaçadora -. Fala depressa, antes que te faça recomeçar a dançar. Então
a megera pôs-se de pé com grande dificuldade e, fitando o rei com os
seus olhinhos semelhantes aos de uma víbora, recomeçou a cantilena:

“No vale de Rawa cresce uma flor, vermelha nas pontas e no centro azul;
ao luar deve ser pulverizada e comida juntamente com um olho de urubu!”
0 rei soltou profundo suspiro de alívio. - Jura-me que esse é o
verdadeiro remédio! - disse ele a feiticeira. - Juro-o. - Pois bem;
ficaria na cadeia até comprovarmos a eficácia do teu remédio. Os guardas
arrastaram a velha para uma cela das prisões reais e um mensageiro foi
enviado imediatamente em busca da preciosa flor. - Terei de esperar pelo
menos três dias! - suspirou o soberano -. 0 vale de Rawa fica muito
longe, e no entanto meu pescoço continuará a crescer! De fato, ele não
podia mais tocar na cabeça com as mãos e seus dedos cresciam
desmesuradamente. A rainha pensou em oferecer uma xícara de chá ao seu
augusto consorte, mas para poder chegar-lha

aos lábios foi obrigada a entrar no palácio e a dar- lha de uma das
janelas do primeiro andar. - Por que não procuras uma maneira de torcer
o pescoço? - disse-lhe ela, com voz soluçante -. Tenta torcê-lo um
pouco. 0 rei hesitou um momento e depois se esforçou tanto que conseguiu
enrolar o pescoço, dando-lhe assim o feitio de um saca-rolhas. - Bravo!
- exclamaram os cortesãos. Daquela maneira ele podia ao menos
estender-se na cama e passear pelo palácio sem bater com a cabeça nas
bandeiras das portas. A pouca farinha que restava foi destruída,
juntamente com os pastéis que o cozinheiro preparará para o jantar. No
dia seguinte a tarde, o mensageiro estava de volta, trazendo um ramo de
flores vermelhas e azuis que colhera no vale de Rawa. 0 soberano
apressou-se a engolir o pó obtido esfarelando uma daquelas flores ao
luar, juntamente com um olho de urubu, em seguida se deitou. Na manhã
seguinte teve o prazer de verificar que o pescoço e os dedos dos pés e
das mãos tinham retomado o comprimento natural. Então ordenou que a
feiticeira fosse posta em liberdade. Mas quando a velha soube que toda a
sua farinnha fora destruída, desandou berrar com uma fúria, e não se
afastou do palácio real senão quando viu aparecer o violinista mágico. A
multidão de cortesãos, de domésticos e de pajens, seguiu-a com o olhar,
rindo-se a bandeiras despregadas. Mas de repente, todos emudeceram e

começaram a recuar assustados. De um canto do pátio surgira o gigantesco
escaravelho, cujas pernas tinham crescido de maneira assustadora. -
Chama um soldado e ordena-lhe que mate aquele pobre animal! - exclamou a
rainha, voltando-se para um pajem. Mas, como nenhum soldado ousasse
aproximar-se daquele monstro, o violinista começou a tocar uma melodia
lânguida e doce que teve o efeito de encantar o escaravelho. Então os
archeiros apontaram os seus arcos, e alguns minutos depois o animal caía
ao chão, ferido mortalmente. Alguns cientistas providenciaram depois
para fazê- lo embalsamar e expor no museu da capital, onde ainda é
conservado como uma surpreendente raridade.

FIM
 
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