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7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa

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E se um amigo estrangeiro lhe perguntar o que deve comer quando visitar Portugal, diga-lhe para começar com uma alheira de Mirandela grelhada, acompanhando com um cremoso queijo da Serra da Estrela. Depois, um aconchegante caldo verde que irá abrir o apetite para um prato bem cheio com arroz de marisco. Caso prefira o peixe, a sardinha assada deverá ser a escolha, assim como o leitão da Bairrada se for uma pessoa que aprecie mais carne. A refeição deve terminar, para satisfazer o apetite aos gulosos, com um pastel de Belém. A organização das 7 Maravilhas da Gastronomia organizou uma votação pública, entre 7 de Maio e 7 de Setembro, para ser eleitos os 7 pratos que dão sabor a Portugal. Foram registados 899.069 votos para escolher o que melhor representam a gastronomia tradicional portuguesa.
 
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Alheira de Mirandela

É um enchido curado pelo fumo. Tradicionalmente a alheira é feita usando uma mistura de diversas carnes, como a vitela, frango, peru ou animais de caça, ligadas por pão. É condimentada com sal, pimenta, colorau, noz-moscada, azeite ou banha, e alho. Terá sido criado por cristãos-novos que guardavam segredo da sua religião judaica que proíbe o consumo da carne de porco. Inventaram um chouriço onde a carne de ave substituía a carne de porco, para mostrar que eram cristãos assumidos. Na região de Trás-os-Montes, a alheira é comida grelhada, ou assada em lume brando, acompanhada por batata cozida com um fio de azeite, e grelos. Mais a sul, o mais natural é encontrar os menus com a alheira frita, batatas fritas e ovo estrelado. Ao grelhar a alheira, deve fazer cuidadosamente furos com um garfo para não rebentar. Caso seja fã da alheira frita, deve cortar nas duas pontas e dar um golpe longitudinal em toda a pele da alheira, no sentido do comprimento.
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Queijo da Serra

O Queijo da Serra é composto por poucos ingredientes, com base no leite cru e inteiro das ovelhas da serra da Estrela e da Mondegueira, é coalhado com flor de cardo e sal marinho. Existem 110 queijarias a produzir na região. Produzido essencialmente no Inverno, um bom queijo da serra dependia da temperatura das mãos das mulheres que o fabricavam nas frias casas de granitos típicos da região. O tempo de cura dura cerca de 60 dias em câmaras com temperatura e humidade controladas. O queijo da serra da Estrela é o mais antigo dos queijos portugueses, com referências que remontam à ocupação romana. Columela, oficial do exército romano, descreve o seu fabrico naquele que é considerado o primeiro Tratado de Agricultura. À temperatura ambiente, o queijo da serra torna-se fluido. Geralmente come-se à colher através de um buraco no topo acompanhado de bolachas de água e sal. Por ano, os agricultores da região da serra da Estrela produzem, em média, mil toneladas.
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Caldo Verde

Sopa de couve galega, tipicamente do norte de Portugal, mas muito divulgada por todo o país - provavelmente a mais famosa sopa portuguesa. É geralmente espessa e de cor predominantemente verde, uma vez que é feita com couve cortada em juliana. É uma sopa bastante simples e leve que deve ser comida no início da refeição. Como ingredientes leva, além da couve galega, batata, azeite, alho, cebola, água e sal, sendo preparada num pote de ferro com ajuda de uma colher de pau. À boa maneira típica minhota, o caldo verde é servido preferencialmente em tigelas de barro. Rega-se o caldo com um fio de azeite e deita-se lá dentro a indispensável rodela de chouriço. À parte vem a tradicional fatia de broa de milho. Vários artistas portugueses falam do caldo verde, desde Camilo Castelo Branco a Eça de Queirós, Júlio Dinis e a própria Amália Rodrigues na canção "Uma Casa Portuguesa". Também Fernando Pessoa era fã deste caldo verde feito basicamente com batata e couve.
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Arroz de Marisco

Quem vai à praia da Vieira de Leiria não pode sair de lá sem comer arroz de marisco. Diferencia-se dos restantes por ser servido directamente do lume num tacho de barro. A lagosta, os camarões e amêijoas, são bem acompanhadas pelos pimentos, coentros e arroz carolino. Ao fazer arroz de marisco é importante que tenha em atenção a quantidade de água, que deve ser superior ao dobro do arroz, para que este fique mais solto. Não o deixe cozer muito para não ficar empapado e tirar a piada toda ao prato. Em vez de usar caldos ou sopas de marisco para lhe dar mais sabor, experimente o seguinte: aproveite as cabeças dos camarões e rale-se assim que estiverem cozidas. Coe esta água e use-as para fazer o arroz. Dá um sabor mais intenso a marisco.
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Sardinha Assada

Na Península Ibérica o valor da sardinha é reconhecida desde o século XVI, como pode ser comprovado pelo recenseamento de peixes do litoral lusitano, realizado pelo desembargador Duarte Nunes do Leão. Diz-se que, em 1855, as sardinhas de Setúbal alcançaram uma menção honrosa na Exposição Internacional de Paris. A 15 de Janeiro de 2010, a sardinha portuguesa foi a primeira pescaria da Península Ibérica a obter o "rótulo azul" de certificação de sustentabilidade. Ao fazer sardinhas assadas, as brasas devem ser preparadas de modo a que, ao colocar as sardinhas sobre elas, o carvão esteja todo em brasa, mas sem charme. O melhor é preparar um mínimo de 8 sardinhas por pessoa. A expressão "puxar a brasa à sardinha" não surgiu por acaso, sendo este um aspecto fundamental da confecção deste prato português. Para melhor as saborear, estas devem ser comidas em cima do pão, tostado na brasa, com um fio de azeite.
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Leitão da Bairrada

Apesar de se saber que os romanos já apreciavam leitão, não são muitos os livros de gastronomia que o referem assado. A criação excedentária de porcos na Bairrada desde o século XVII impulsionou a comercialização deste prato. O documento mais antigo que se refere a esta iguaria é uma receita conventual de 1743, provavelmente do Mosteiro do Lorvão ou do Mosteiro da Vacariça, compilada num caderno de refeitório de 1900 por António de Macedo Mengo, numa receita semelhante à actual. Antes de se preparar a receita deve ter-se em atenção o animal. De preferência deve-se escolher um leitão nascido e criado na região da Bairrada. Bísaro e Malhado de Alcobaça são duas raças ideais devido às suas características. Tradicionalmente o leitão é apresentado inteiro. Antes de servir deve proceder-se à apresentação e verificação da boa assadura do leitão. Separação da cabeça do Leitão com um prato. Se a separação dos dois elementos for fácil, está confirmado que o leitão está bem assado.
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Pastel de Belém

Como meio de subsistência do Mosteiro dos Jerónimos, alguém pôs à venda os pastéis que haveriam de se tornar famosos entre os visitantes do Mosteiro da Torre de Belém, uma vez que Belém era longe de Lisboa. Em 1837, inicia-se o fabrico dos pastéis de Belém, em instalações anexas à refinação, segundo a antiga receita secreta, oriunda do convento, a qual é exclusivamente conhecida pelos mestres pasteleiros que os fabricam, até hoje, artesanalmente, na Oficina do Segredo. A qualquer hora do dia podem encontrar-se filas à entrada da fábrica dos pastéis de Belém, especialmente compostas por turistas. Lá dentro, nos salões, os pastéis comem-se ainda quentes, polvilhados de canela e açúcar em pó. Apesar de se poder comprar pastéis de nata na maioria dos cafés em Portugal, estes são diferentes dos de Belém. Como o nome indica, os primeiros são feitos com natas, ao passo que os pastéis de Belém são à base de gemas de ovo e açúcar.
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Pratos Típicos Não Contemplados no Concurso

Os pratos de caça não foram contemplados entre os finalistas do Concurso 7 Maravilhas da Gastronomia. As três receitas: Coelho do Porto Santo, Coelho à Caçador e Perdiz de Escabeche, não tiveram votos suficientes. Por outro lado, houve outros candidatos de peso a ficarem fora: Sopa da Pedra, Amêijoa à Bulhão Pato, Polvo Assado no Forno, a Chanfana e os Pastéis de Tentúgal.
 
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Coelho do Porto Santo à Caçador

Na Madeira não existe caça grossa, mas a ilha possui cultura de caça. Este prato é hoje uma referência gastronómica e cultural na pequena ilha do Porto Santo, ao ponto de quem visitar Porto Santo e não degustar o respectivo coelho é cometer um "pecado mortal". Em tempos remotos o coelho matou a fome a muitos porto-santense. Hoje, o habitante do Porto Santo come o coelho não porque tem fome mas sim porque tem prazer em saboreá-lo.

Ingredientes: Segurelha, alecrim, salva, cebola da madeira, alho seco da madeira, vinho caseiro da madeira, vinagre de vinho caseiro da madeira, sal e pimenta da terra.

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Coelho à Caçador

Coelho à Caçador é um prato tipicamente português muito apreciado.

Ingredientes:
· 1 coelho
· Vinho tinto
· 2 cebolas
· 1 alho
· Sal e pimenta
· Cravinho
· 1 folha de louro
· Farinha
· 2 colheres sopa de margarina
· 4 colheres sopa de azeite
· 2 tomates
Receita:
Corte o coelho aos bocados e ponha-o a marinar no vinho tinto com as cebolas e o alho cortados às rodelas, sal, pimenta, cravinho e o louro. Tire os pedaços de coelho da marinada, reservando o líquido, passe-os por farinha e aloure-os na margarina e azeite. Junte ao coelho as cebolas, os alhos, o louro e os tomates pelados e cortados aos bocados. Deixe ferver um pouco, junte o liquido da marinada e rectifique os temperos. Tape e deixe cozer suavemente até o coelho estar macio. Pode acompanhar o prato de coelho à caçador, com arroz, batata cozida, puré de batata e salada, além de um bom vinho na mesa.
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Perdiz de Escabeche

A Perdiz de Escabeche, foi um dos 21 finalistas das 7 Maravilhas da Gastronomia, representando a região da Beira Interior. De fazer crescer água na boca, a Perdiz de escabeche é confeccionada na panela com sal, dentes de alho por descascar, azeite e vinagre em partes iguais e quase a cobri-las. Coze muito lentamente, bem tapada. Primeiro limpam-se as perdizes e cozem-se num tacho tapado, com água, azeite, vinagre, cebola as rodelas, alhos esmagados, salsa, sal, pimenta, louro e a noz moscada. Quando as perdizes estiverem cozidas tiram-se e desfiam-se. Entretanto passe o molho pelo passe-vite e leve novamente ao lume, para rectificar os temperos. Junte as perdizes desfiadas e sirva no dia seguinte. Pode servir-se fria, acompanhada de batata frita ou salada.
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Sopa da Pedra

A sopa da pedra foi um dos candidatos finalistas às 7 Maravilhas da Gastronomia portuguesa. A Sopa da pedra é uma sopa típica da gastronomia portuguesa, em particular da cidade de Almeirim, situada no coração da região do Ribatejo, considerada a "capital da sopa da pedra". Ao contrário do que o nome indica, a sopa da pedra é uma sopa com muitos ingredientes, em que a pedra é apenas o pretexto. Aparentemente, esta designação encontra-se em muitas culturas ocidentais e tem como base uma lenda ou fábula.

A Lenda da Sopa da Pedra

Um frade andava no peditório. Chegou à porta de um lavrador, não lhe quiseram aí dar esmola. O frade estava a cair com fome, e disse :
- Vou ver se faço um caldinho de pedra.
E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se a olhar para ela, para ver se era boa para fazer um caldo.
A gente da casa pôs-se a rir do frade e daquela lembrança. Perguntou o frade:
- Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que é uma coisa boa.
Responderam-lhe:
- Sempre queremos ver isso!
Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra, pediu:
- Se me emprestassem aí um pucarinho.
Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de água e deitou-lhe a pedra dentro.
- Agora, se me deixassem estar a panelinha aí ao pé das brasas.
Deixaram. Assim que a panela começou a chiar, tornou ele:
- Com um bocadinho de unto, é que o caldo ficava um primor!
Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveu, ferveu, e a gente da casa pasmada pelo que via. Dizia o frade, provando o caldo:
- Está um bocadinho insosso. Bem precisava de uma pedrinha de sal.
Também lhe deram o sal. Temperou, provou e afirmou:
- Agora é que, com uns olhinhos de couve o caldo ficava que até os anjos o comeriam!
A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves tenras. O frade limpou-as e ripou-as com os dedos, deitando as folhas na panela. Quando os olhos já estavam aferventados, disse o frade:
- Ai, um naquinho de chouriço é que lhe dava uma graça.
Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço. Ele deitou-o à panela e enquanto se cozia, tirou do alforge pão e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era um regalo. Comeu e lambeu o beiço. Depois de despejada a panela, ficou a pedra no fundo. A gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou:
- Ó senhor frade, então a pedra?
Respondeu o frade:
- A pedra lavo-a e levo-a comigo para outra vez.
E assim comeu onde não lhe queriam dar nada.

Há outras versões desta história. No Brasil, o frade é substituído por um malandro ou Pedro Malasartes, e a dona da casa é uma senhora conhecida na comunidade por negar auxílio a quem quer que seja. O malandro aposta com um amigo que consegue todos os ingredientes da sopa de graça com a senhora avarenta. Esta movida pela curiosidade sobre a sopa de pedra, fornece-lhe um a um os ingredientes. Embora a história seja levemente diferente, esta versão passa a mesma moral, que a cooperação pode levar a resultados inesperadamente bons.

Sopa de Pedra

Ingredientes:

1/2 l de feijão-encarnado
1 kg de orelha e cabeça de porco
200 grs de entrecosto
250 grs de carne de vaca para cozer
100 grs de toucinho entremeado
1 chouriço
1 morcela
1 couve-lombarda
400 grs de batatas
2 cenouras
2 cebolas
2 dentes de alho
sal q.b.
1 farinheira
hortelã e coentros q.b. (facultativo)

Receita:

De véspera raspam-se e limpam-se bem a orelha e cabeça de porco, salgam-se juntamente com o entrecosto e põe-
-se o feijão de molho. No dia seguinte lavam-se as carnes e os enchidos e põem-se a cozer em água e sal. Separadamente, põe-se também o feijão a cozer em água. À medida que forem cozendo, vai se retirando as carnes sucessivamente, para não se espapaçarem, visto que a carne de porco coze muito mais depressa que a de vaca, o mesmo acontecendo com a morcela em relação ao chouriço. Logo que se retirarem todas as carnes, juntam-se cortadas em pedaços, a couve, as cenouras, a cebola, os alhos picados, e algum tempo depois as batatas também em pedaços. Entretanto, escorre-se o feijão, do qual se retiram duas conchas que se passam no passe-vite. Quando os legumes estiverem cozidos juntam-se-lhe os feijões inteiros e os passados. Deixa-se ferver tudo para apurar e rectifica-se de sal. Cortam-se as carnes de porco e de vaca em bocados, os enchidos em rodelas e o toucinho em fatias. Deitam-se as carnes na panela e logo que levantar fervura, adicionam-se os enchidos e o toucinho, servindo-se imediatamente. Empregando a farinheira deve pôr-se a cozer juntamente com as carnes, tendo em conta que o seu tempo de cozedura é muito rápido. Temperando com coentros, devem deitar-se ao mesmo tempo que os legumes. Se for o caso de se empregar hortelã, basta juntar um ramo ao mesmo tempo que os enchidos. Por gracinha põe-se em cada prato uma pedra redonda, tipo seixo rolado do rio, mas previamente bem lavada.
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Amêijoas à Bulhão Pato

Um dos candidatos finalistas às 7 Maravilhas da Gastronomia portuguesa, as Amêijoas à Bulhão Pato é um prato típico da culinária portuguesa, de origem da região de Estremadura. Alega-se que o nome deste petisco é um tributo ao Poeta português Raimundo António de Bulhão Pato após este ter mencionado um cozinheiro nos seus escritos. Será porventura a mais conhecida e encontrada receita nos restaurantes portugueses deste bivalve. É um prato muito comum em marisqueiras e cervejarias, a par com a salada de polvo, salada de ovas e camarão. O prato é confeccionado com amêijoas, azeite, alho, coentros, sal, pimenta e limão (para temperar antes de servir). Algumas receitas podem adicionar uma pequena porção de vinho branco. É um prato muito simples de confeccionar sendo na simplicidade que reside o seu encanto. Pequenas variações podem ser apresentadas por alguns restaurantes, como por exemplo Amêijoas à Bulhão Pato com molho glutão (Marisqueiras de Alcântara).
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Polvo Assado no Forno

O polvo assado no forno, o único prato dos Açores, finalista no concurso "7 Maravilhas da Gastronomia Nacional", não conseguiu ser eleito. Apesar de não terem conseguido eleger um prato entre as "7 Maravilhas da Gastronomia Nacional", os Açores conseguiram mesmo assim os seus objectivos de promover no concurso a sua gastronomia a nível nacional - onde é ainda pouco conhecida - ao contrário das paisagens naturais, onde os Açores já têm grande notoriedade. Recorde-se que a Confraria dos Gastrónomos dos Açores apresentou a concurso:
Nas entradas - A Linguiça Frita com Inhame e a Morcela Frita com Ananás;
Nas sopas - A Sopa do Espírito Santo;
Nos peixes - O Polvo Assado no Forno e o Bacalhau Frito com Molho Vilão com Minhotos;
Nas carnes - O Cozido das Furnas, o Bife Regional dos Açores, o Caldo de Nabos e a Alcatra;
No marisco - As Lapas Grelhadas, as Cracas Cozidas e o Cavaco Cozido com Molho Verde;
Nos doces - As Queijadas da Vila, o Pudim de Chá e o Bolo Dona Amélia.
Destas candidaturas, apenas a do polvo assado conseguiu chegar às 21 finalistas.

Polvo assado no forno à moda dos Açores

Ingredientes:

Polvo 2 kg
Cebola picada 200gr
Alho picado 50gr
Azeite 3 colheres de sopa
Manteiga Rainha do Pico 1 colher de sopa
Banha de porco 1 colher de sopa
Louro 1 folha
Colorau 1 colher sopa
Pimenta da terra moída 1 colher de chá
Pimenta da Jamaica 6 grãos de pimenta
Vinho Tinto Cavaco da ilha do Pico 1 copo

Modo de Confecção:

Num tabuleiro de ir ao forno colocar metade dos ingredientes (cebola, alho, azeite, manteiga, banha, louro, colorau, pimenta da terra e a pimenta da Jamaica) e por cima dispor o polvo cru previamente lavado e enxuto, cortado em pedaços grandes. Colocar por cima os restantes ingredientes e o copo do vinho. Vai ao forno tapado durante uma hora depois destapar e deixar alourar. Se desejar pode juntar batata aos cubos.
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Chanfana

A chanfana é um prato típico da Beira Litoral. Embora existam várias versões sobre o aparecimento deste prato, a versão mais correcta remete-nos à história de Portugal e às invasões francesas de 1810. Quando os franceses entraram pelo nordeste de Portugal entrando pela fronteira em Agosto de 1810, sofrem a grande derrota da batalha do Buçaco, em Setembro de 1810. Reagrupando as suas tropas, os militares franceses empurram as forças luso-britânicas para sul, estando presente pela Região Centro cerca de 3 anos. Durante estes 3 anos de ocupação, os militares franceses saquearam as populações ao redor dos seus quartéis os quais se situavam nos concelhos de Penacova, Vila Nova de Poiares. Os franceses saqueavam tudo quando podiam, cereais e animais, excluindo os animais velhos, pois eram muito duros para comer, assim nasceram as primeiras receitas de chanfana e lanpatana (esta na zona de Mórtágua a norte do Buçaco com a diferença de em vez de cabra velha era usado ovelha). Outra versão para o aparecimento deste prato é a de que este terá sido inventado pelas monjas do Mosteiro de Semide que, para evitar que os franceses lhes roubassem os rebanhos, mataram os animais e os cozinharam. Como os franceses tinham envenenado as águas, as monjas utilizaram vinho para a sua confecção. É um dos pratos tradicionais mais famosos, cozinhada nos caçoilos de barro preto do Olho Marinho concelho de Vila Nova de Poiares ou do Carapinhal, no concelho de Miranda do Corvo. O concelho de Miranda do Corvo é conhecido por ser a Capital da Chanfana que terá nascido em Semide. Em 2005 este concelho registou a marca "Capital da Chanfana". Com o objectivo de promover e salvaguardar os pratos confeccionados à base de carne de cabra, foi criada em 2003 em Miranda do Corvo, a Real Confraria da Cabra Velha. Vila Nova de Poiares constituiu a Confraria da Chanfana e possui o registo da marca: Vila Nova de Poiares Capital Universal da Chanfana. Em Miranda do Corvo existem dois pratos únicos derivados da chanfana: a Sopa de Casamento e o Negalho. Apesar de a chanfana ser típica de vários concelhos da Beira Litoral, a Sopa de Casamento e o Negalho são unicamente confeccionados na zona do concelho de Miranda do Corvo. Resultam do aproveitamento dos restos de Chanfana, no caso da Sopa de Casamento e das vísceras da cabra, no caso do Negalho. São ingredientes da chanfana: carne de cabra, vinho tinto, banha de porco, colorau, louro, cabeças de alho, sal e piri-piri. Para preparar, coloca-se a carne de cabra num caçoilo de barro preto e tempera-se com os ingredientes. No final, rega-se com vinho tinto que deve ser de boa qualidade. Vai ao forno de lenha, cerca de quatro a cinco horas e deixa-se lá ficar até apurar muito bem. Este prato foi um dos candidatos finalistas às 7 Maravilhas da Gastronomia portuguesa. Foi escolhido para figurar entre os três pratos de carne finalistas.
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Pastéis de Tentúgal

Os Pastéis de Tentúgal são doces típicos confeccionado em Tentúgal desde os finais do século XIX. Este doce foi um dos candidatos finalistas às 7 Maravilhas da Gastronomia portuguesa. Os Palitos Folhados faziam parte do receituário da doçaria do Convento de Nossa Senhora da Natividade – Carmelo de Tentúgal. Na doçaria portuguesa encontra-se uma grande variedade de folhados e recheios nos diversos tipos de Palitos Folhados, os do Convento de Tentúgal seriam porventura dos mais elaborados. No século XIX já era conhecida a sua confecção.

No início dos anos 1890, a Hospedaria da Dona Maria da Conceição Faria (1851-1940), única no caminho de Charrete de Coimbra à Figueira da Foz, inicia a confecção e comercialização dos Palitos Folhados como complemento à prestigiada cozinha aí praticada onde se distinguia o Cabrito e o Lombo de Porco assados no forno e a Lampreia na época. A receita e arte de confecção são ensinados à Dona Conceição Faria por uma familiar, auxiliar no Convento e prática na confecção da doçaria e do qual saiu, após o encerramento em 1898. O seu aspecto e gosto refinado, a qualidade e a divulgação dos Palitos Folhados da Dona Conceição Faria, levaram à alteração da sua designação logo nos primeiros tempos, associando ao "Pastel", o nome da Vila, criando e popularizando assim a designação Pastel de Tentúgal.

No século XX a Hospedaria mantém as suas características e após a implantação da República em 1910, Portugal conhece um grande desenvolvimento com a construção de estradas e o aparecimento dos primeiros automóveis. A partir do início dos anos 20, é a sua filha, Dona Branca Faria Delgado (1894-1982) que dá grande incremento e divulgação aos Pasteis de Tentúgal e manteve a casa até ao início dos anos 80. Para o seu prestígio contribuíram as frequentes visitas da classe abastada e de professores e estudantes da Universidade de Coimbra, que vinham a Tentúgal apreciar e encomendar os pastéis da Dona Branca Delgado que posteriormente divulgavam por todo o país. As apreciadas características do Pastel de Tentúgal encontram-se no folhado fino e estaladiço, único na doçaria portuguesa e no recheio de ovos. Inicialmente na sua confecção estava presente a amêndoa ralada que lhe requintava o gosto, devido à sua escassez esta veio a ser abandonada. Por encomenda e menos divulgada a forma Meia-Lua, era o pastel das bodas. A confeição manteve-se exclusivamente na família da Dona Conceição Faria até meados dos anos 50, altura em que apareceu um novo confeiteiro a comercializar, originando assim um novo ciclo do Pastel de Tentúgal. Os familiares da Dona Branca Delgado não lhe deram continuidade. Hoje, o pastel mantêm basicamente as mesmas características, a industrialização do seu fabrico tornou-se na principal empregadora e geradora de riqueza da antiga Vila. A confecção dos pastéis é muito sensível e a sua qualidade sofre alterações, com as características das farinhas, ovos e atmosféricas, assim como da componente humana em que a arte da pasteleira tem influência primordial em toda a sua confecção. A qualidade do Pastel de Tentúgal tem muito a ver com os "Saberes", da sua confecção e de quem os aprecia, como todos os doces.
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