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Quase toda a poupança em Portugal é feita por apenas 20% das famílias
Em Portugal existe uma elevada concentração da poupança, com quase 90 por cento da poupança das famílias portuguesas a ser feita por apenas 20 por cento dos agregados familiares, segundo um estudo promovido pela APS.
Na prática, isto significa que um quinto das famílias portuguesas é responsável pela esmagadora maioria da poupança feita no país, cuja taxa de poupança caiu de quase 24 por cento do rendimento disponível em 1985 para 10 por cento no final dos anos 90.
«Desde então tem estado estável, à excepção do período entre 2005 e 2008, no qual baixou para 7 por cento.
Esta queda terá resultado do aumento da taxa de juro neste período, à qual as famílias terão reagido, dado o elevado nível de endividamento, com a redução da poupança, em vez de reduzirem o consumo», lê-se no estudo conduzido por vários especialistas das universidades do Minho e de Coimbra, e que contou com a supervisão do presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), Pedro Seixas Vale, e dos economistas Miguel Cadilhe e João Talone.
No extremo oposto, existem 30 por cento de famílias em Portugal que apresentam uma taxa de poupança negativa, isto é, gastam mais do que aquilo que ganham.
«A queda da taxa de poupança contribuiu para os desequilíbrios económicos que se avolumaram nos últimos anos e que resultaram na crise da dívida soberana», alertam os autores do estudo, explicando que «os países com crises da dívida soberana partilham tendências decrescentes da taxa de poupança».
E consideram que «a saída da crise da dívida soberana, que limitou as possibilidades de financiamento externo da economia portuguesa, ameaçando estrangulá-la, terá de passar pela recuperação da importância da poupança no discurso e na prática dos portugueses».
O estudo aborda ainda o papel do Estado na promoção da poupança. "Dada a sua contribuição fortemente negativa para a poupança nacional, pensamos que o melhor contributo que o Estado poderá dar para o desígnio do aumento da poupança da economia portuguesa será ele próprio poupar», defendem.
«Um segundo contributo seria todas as medidas de política económica terem em consideração o seu impacto sobre a poupança» e «um terceiro contributo seria a defesa da estabilidade e previsibilidade das políticas de promoção de poupança que forem adoptadas, condição essencial para o seu sucesso», realçam os especialistas.
Segundos os autores, «alterações como as que tiveram lugar, em 2006 e 2008, na remuneração dos certificados de aforro são incompatíveis com a existência de uma relação de confiança entre o Estado e os aforradores».
Ainda assim, «as perspectivas de recuo do Estado Social, motivadas pelas dificuldades de financiamento do Estado e pela dinâmica demográfica, e o aumento das restrições no acesso ao crédito, dois dos principais factores explicativos da quebra da taxa de poupança nas últimas décadas em Portugal, e nos países desenvolvidos, bem como a imperiosa necessidade de reduzir o défice externo, sugerem que a taxa de poupança poderá conhecer uma tendência crescente nos próximos anos», dizem os autores.
E concluem que «os indicadores económicos indiciam que essa tendência poderá estar já a ocorrer».
Lusa / SOL
Em Portugal existe uma elevada concentração da poupança, com quase 90 por cento da poupança das famílias portuguesas a ser feita por apenas 20 por cento dos agregados familiares, segundo um estudo promovido pela APS.
Na prática, isto significa que um quinto das famílias portuguesas é responsável pela esmagadora maioria da poupança feita no país, cuja taxa de poupança caiu de quase 24 por cento do rendimento disponível em 1985 para 10 por cento no final dos anos 90.
«Desde então tem estado estável, à excepção do período entre 2005 e 2008, no qual baixou para 7 por cento.
Esta queda terá resultado do aumento da taxa de juro neste período, à qual as famílias terão reagido, dado o elevado nível de endividamento, com a redução da poupança, em vez de reduzirem o consumo», lê-se no estudo conduzido por vários especialistas das universidades do Minho e de Coimbra, e que contou com a supervisão do presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), Pedro Seixas Vale, e dos economistas Miguel Cadilhe e João Talone.
No extremo oposto, existem 30 por cento de famílias em Portugal que apresentam uma taxa de poupança negativa, isto é, gastam mais do que aquilo que ganham.
«A queda da taxa de poupança contribuiu para os desequilíbrios económicos que se avolumaram nos últimos anos e que resultaram na crise da dívida soberana», alertam os autores do estudo, explicando que «os países com crises da dívida soberana partilham tendências decrescentes da taxa de poupança».
E consideram que «a saída da crise da dívida soberana, que limitou as possibilidades de financiamento externo da economia portuguesa, ameaçando estrangulá-la, terá de passar pela recuperação da importância da poupança no discurso e na prática dos portugueses».
O estudo aborda ainda o papel do Estado na promoção da poupança. "Dada a sua contribuição fortemente negativa para a poupança nacional, pensamos que o melhor contributo que o Estado poderá dar para o desígnio do aumento da poupança da economia portuguesa será ele próprio poupar», defendem.
«Um segundo contributo seria todas as medidas de política económica terem em consideração o seu impacto sobre a poupança» e «um terceiro contributo seria a defesa da estabilidade e previsibilidade das políticas de promoção de poupança que forem adoptadas, condição essencial para o seu sucesso», realçam os especialistas.
Segundos os autores, «alterações como as que tiveram lugar, em 2006 e 2008, na remuneração dos certificados de aforro são incompatíveis com a existência de uma relação de confiança entre o Estado e os aforradores».
Ainda assim, «as perspectivas de recuo do Estado Social, motivadas pelas dificuldades de financiamento do Estado e pela dinâmica demográfica, e o aumento das restrições no acesso ao crédito, dois dos principais factores explicativos da quebra da taxa de poupança nas últimas décadas em Portugal, e nos países desenvolvidos, bem como a imperiosa necessidade de reduzir o défice externo, sugerem que a taxa de poupança poderá conhecer uma tendência crescente nos próximos anos», dizem os autores.
E concluem que «os indicadores económicos indiciam que essa tendência poderá estar já a ocorrer».
Lusa / SOL