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'A cama está posta para um novo Sidónio Pais'

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'A cama está posta para um novo Sidónio Pais'

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O professor universitário José Pacheco Pereira alertou hoje que Portugal vive numa ambiente propício ao surgimento de um novo Sidónio Pais montado num cavalo branco, populista e demagógico, que ponha em causa a democracia.

Ao participar, em Coimbra, no lançamento do livro ‘A Classe Média: Ascensão e Declínio, o antigo deputado do PSD salientou que o ambiente propício ao surgimento de alguém dessa natureza «existe por todo o lado, na Internet, nos jornais, nos grafitis» nas paredes.

«Isso é, quanto a mim, o maior risco para a nossa democracia. Não é tanto que haja um golpe militar, ou que haja uma tentativa autoritária», disse, frisando que o ambiente de crise o favorece, com «uma forte deslegitimação do sistema político, dos políticos e dos partidos».

Pacheco Pereira, também comentador político, salientou que Democracia e demagogia «são completamente diferentes, mas muito parecidas», pois «ambas têm uma forte presença daquilo a que podemos chamar opinião popular», com a segunda a recorrer muito aos meios que a Internet propicia.

«Estamos a atravessar um momento de muitos perigos. Essa possibilidade demagógica e populista virá pela televisão, por alguém que será simpático para um número significativo de pessoas e que fale a linguagem anti-política», afirmou, salientando que tanto pode ser de direita como de esquerda e até pode passar por eleições.

Na sua perspectiva, «o populismo ganha eleições e depois governa-se sem lei ou com pouca lei. E como há uma grande desagregação do sistema judicial e uma grande desagregação da autoridade do sistema judicial, uma desagregação, no fundo, do primado da lei, está criada essa cama».

Se «a cama está posta», diz que é uma questão de ver «quem se deita nela», pois já «houve tentativas que não vingaram».

Na sua intervenção no debate que se sucedeu ao lançamento do livro de Elísio Estanque, da Faculdade de Economia de Coimbra, Pacheco Pereira deixou ainda um alerta para as consequências das medidas de austeridade que Governo está a por em prática.

«Há que ser ponderado, e que ter em consideração não apenas questões de ordem económico-financeira, mas questões de natureza social e política», defendeu, acrescentando que no final pode não haver capacidade para introduzir dinamismo na economia, pela destruição de «uma classe média frágil».

Carvalho da Silva, ex-coordenador da CGTP, que também participou no debate, advertiu que o empobrecimento dos estratos considerados da classe média não esconde um outro facto, a «pobreza imensa» que existe.

«Este empobrecimento do emprego, das condições materiais das pessoas, dos salários, da retribuição do trabalho, vem associado a um empobrecimento da democracia, quer pela perda de dimensões do Estado Social, quer pela perda de liberdades na sociedade», acrescentou.

Na sua perspectiva, «uma pessoa que fica mais pobre fica menos livre e a democracia portuguesa está a ser muito atingida por este processo».

Carvalho da Silva, igualmente investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, defende que o caminho é o «de recomposição de outra utilização e outra distribuição da riqueza».

Elísio Estanque, autor do livro com a chancela da Fundação Francisco Manuel dos Santos, disse que pretendeu que a obra «tivesse alguma influência no debate político» actual.


Lusa / SOL
 
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