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Estudantes querem cantinas abertas ao fim-de-semana
O micro-ondas chegou às cantinas de Lisboa, que os estudantes querem ver abertas ao fim de semana por terem cada vez mais dificuldade em suportar os custos com a alimentação, os estudos e as deslocações a casa.
A Associação Académica de Lisboa reivindica a abertura destes espaços ao fim de semana e prepara-se para lançar um projeto que intensifique a disponibilização de micro-ondas nas cantinas, uma opção já proporcionada por muitas faculdades.
Segundo o presidente da Associação Académica, Carlos Veiga, cerca de 30 por cento a 40 por cento dos estudantes em Lisboa são de outras localidades e ficam normalmente na capital ao fim de semana.
“As condições sociais são dificílimas para os estudantes conseguirem ir a casa todos os fins de semana. Ao terem de ficar cá não têm uma cantina onde possam alimentar-se”, afirma à agência Lusa o dirigente associativo.
Todas as cantinas da Universidade Nova estão encerradas durante o fim de semana, na Universidade Técnica de Lisboa (UTL) abrem apenas ao sábado para o almoço e das cinco que a Universidade de Lisboa possui, só uma abre ao sábado, de acordo com dados das instituições.
“Com o custo de vida a aumentar e as bolsas a serem cortadas, já há relatos de estudantes a terem de recorrer ao Banco Alimentar contra a Fome para se poderem alimentar”, frisa Carlos Veiga.
O custo médio de uma refeição na cantina é de 2,40 euros, mas alguns estudantes têm apenas “um euro por dia para se alimentarem”, diz o presidente da associação.
“Há uma operação micro-ondas, tanto pelo Serviço de Acção Social (SAS) como pelas associações”, indica, acrescentando que ainda não é uma realidade em todas as cantinas.
Contactada pela Lusa, a Universidade Nova de Lisboa afirma ter sete micro-ondas à disposição de alunos e funcionários, nas suas quatro cantinas.
Também a UTL colocou micro-ondas à disposição dos alunos nas suas cinco cantinas, uma decisão partilhada com as associações de estudantes, segundo o coordenador destes serviços, Carlos Mesquita.
O responsável afirma-se recetivo a medidas propostas pelos estudantes e diz que a instituição está atenta às dificuldades, mas também tem de ver se há sustentabilidade para os pedidos porque o orçamento “tem de chegar até ao fim”.
As refeições já são servidas abaixo do preço de custo, diz, admitindo a possibilidade de ser criado um menu mais económico.
Refere, porém, que hoje os alunos já não estão na faculdade o dia todo. Têm aulas de manhã ou tarde, pelo que “almoçam ou jantam em casa”.
Afirma que a utilização do micro-ondas é ainda residual na UTL, mas para Carlos Veiga o mais importante é dar ao estudante o poder de optar pela opção que lhe for menos onerosa: aquecer a própria refeição ou comprar na cantina.
“Estamos a falar de um flagelo social, uma situação que nós todos temos de lutar para resolver”, frisa.
Os estudantes defendem também que possa haver mobilidade entre as cantinas a nível nacional para que os alunos residentes noutros pontos do país possam frequentar os refeitórios das respetivas cidades quando vão a casa.
Lusa / SOL