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Marinho Pinto acusa a polícia de 'continuar com tiques da ditadura'
O bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, acusou hoje a polícia de «continuar com tiques da ditadura» e pediu a responsabilização dos agentes que terão agredido dois jornalistas, na manifestação de quinta-feira, em Lisboa.
«É lamentável que num Estado de Direito democrático tenhamos uma polícia com os mesmos tiques com que actuava nos tempos da ditadura, não houve actos de violência que justificassem a violência policial», criticou o bastonário, em declarações à Lusa, após ter falado sobre 'Cidadania, Justiça e Estado de Direito', na Escola Infanta D. Maria, em Coimbra.
Marinho Pinto classifica os incidentes de «agressão qualificada à liberdade de expressão» e exortou o ministro da Administração Interna e os sindicatos das polícias a criticarem a actuação policial, «a dizerem uma palavra, mas não uma palavra branqueadora, sobre o que se passou».
«Agredir jornalistas que não cometeram nenhum acto de violência revela o atraso que temos na nossa democracia, que é muito grande ainda o caminho a percorrer», disse, sublinhando que, «as greves gerais em Portugal têm sido «marcadas pela actuação negativa dos polícias».
O bastonário sustenta que «a polícia não pode ser um elemento de perturbação pública, nem pode tratar todas as pessoas como se fossem criminosas, tem limites para a sua atividade e tem que respeitá-los, não pode fazer o que quer».
Marinho Pinto defende que os agentes que terão estado envolvidos nos incidentes durante a manifestação devem ser responsabilizados, através de «acções disciplinares» e exorta a uma selecção mais criteriosa dos candidatos a agentes.
«Os polícias têm de ser bem preparados e não pode ser qualquer pessoa a ir para polícia, assim como não pode ser qualquer pessoa que vai para magistrado ou advogado», afirmou.
Durante a manifestação, dois jornalistas, um da agência Lusa e outro da AFP, ficaram feridos em incidentes com as forças policiais, no Chiado, em Lisboa, enquanto recolhiam imagens da manifestação organizada pela Plataforma 15 de Outubro, no âmbito da greve geral convocada pela CGTP.
Na sessão com estudantes da Escola Infanta D. Maria, Marinho Pinto apelou à «participação activa» dos jovens na sociedade.
«É importante que tenham consciência de que o país será o que todos nós quisermos e para poder fazer com que a nossa vontade modele este país, para que haja um escrutínio democrático das decisões, é preciso estar informado, estar atento», observou.
Lusa/SOL