Emigração: Portugueses continuam a ser Operários no Estrangeiro!
A emigração dos últimos anos é diferente da das décadas de 1960 e 1970, mas a maior parte dos portugueses que vivem em países como a Suíça, a França, o Luxemburgo ou o Reino Unido, continuam a ser operários e a ter trabalho pouco qualificado.
O perfil do emigrante português mudou mas a maioria continua a trabalhar em profissões não qualificadas no estrangeiro. O primeiro relatório oficial do governo sobre o fenómeno da emigração revela que em países como a França, a Suíça, o Luxemburgo ou o Reino Unido, os emigrantes nacionais continuam a trabalhar como operários, em linhas de montagem e noutras profissões não qualificadas. Só uma percentagem reduzida de emigrantes tem cargos de chefia ou se dedica a áreas científicas e intelectuais. Isto apesar de a emigração qualificada ter aumentado 87% numa década, e de segundo o Observatório da Emigração, 11% do total de licenciados portugueses residirem noutro país. E nem o Reino Unido, para onde têm emigrado os portugueses mais qualificados, é excepção: mais de um terço dos portugueses, possuem profissões indiferenciadas.
Suíça
Entre os portugueses emigrados na Suíça em 2012:
- 75% têm o ensino básico;
- 14% o ensino secundário completo;
- 5% eram licenciados.
Mais de um quarto da comunidade portuguesa, segundo o Censos suíço, trabalham como operários e 23% estão ligados à área dos serviços ou vendas.
Os restantes são:
- Operadores de máquinas (10%);
- Técnicos de nível intermédio (8%);
- Administrativos (4%);
- Profissões intelectuais ou científicas (4%);
- Quadros superiores da administração pública, dirigentes ou quadros superiores em empresas (3%);
- A agricultura ocupa 2% dos emigrados na Suíça.
Reino Unido
O Reino Unido tornou-se nos últimos anos, um dos principais destinos da emigração portuguesa, e segundo o governo, dos portugueses mais jovens e qualificados.
A idade média dos emigrantes no Reino Unido, de acordo com o último recenseamento, de 2011, é de 34 anos:
- Mais de um quarto (28%) dos emigrantes nacionais completaram o ensino básico ou secundário;
- Um quinto (19%) eram licenciados;
- Quase tantos (22%) não completaram qualquer grau de ensino.
Também em 2011, dois terços (64%) dos portugueses no Reino Unido estavam empregados e 25% eram inactivos. No desemprego estavam 4677 emigrantes oriundos de Portugal (6%).
E apesar de no Reino Unido existirem mais licenciados do que em outros países da Europa, quase um terço (29%) tem empregos não qualificados:
- Mais de 10% são trabalhadores qualificados dos sectores da indústria e da construção;
- 22% ocupam-se da área dos serviços pessoais e protecção ou da operação de máquinas e em linhas de montagem.
- Os especialistas de profissões intelectuais e científicas são apenas 10% do total de emigrantes e só 7% são quadros superiores ou dirigentes.
Embora predomine o emprego nas profissões mais desqualificadas, o peso das profissões qualificadas entre os portugueses emigrados em Inglaterra e no País de Gales é maior do que nos outros principais países de destino da emigração portuguesa e o Reino Unido aparece como o principal pólo de atracção da emigração qualificada portuguesa, sublinha o relatório.
França
Os últimos dados sobre a população emigrante em França são de 2010:
- Há três anos, mais de metade (54%) dos portugueses a viver no território francês estavam em idade activa e tinham entre 25 e 54 anos. Mais de um terço (39%) ultrapassou os 55 anos: número que se explica pelos fluxos migratórios das décadas anteriores.
Em 2010, 61% dos portugueses estavam empregados:
- 24% eram reformados;
- 5% não tinham emprego (29.616 desempregados);
- Dos que tinham trabalho, mais de 40% eram operários e cerca de um terço (32%) trabalhavam nos serviços ou como administrativos.
- Os portugueses com ocupações técnicas intermédias representavam 12% do total e 8% eram comerciantes, pequenos empresários ou independentes. Só 5% eram quadros superiores ou especialistas em profissões intelectuais.
Luxemburgo
Continua a receber emigrantes portugueses, mas a comunidade continua a ser pouco qualificada:
- A maioria (59%) tinha em 2011, o ensino básico;
- Só 3% completou o ensino superior.
As baixas qualificações reflectem-se no tipo de trabalho:
- 60% eram trabalhadores indiferenciados: um terço (34%) eram não qualificados, sobretudo empregados de limpeza, e mais de um quinto (26%) operários.
- Os restantes 8% eram operadores de máquinas ou trabalhavam em linhas de montagem e só 5% tinham profissões intelectuais ou científicas e 3% eram quadros superiores.
Trata-se de uma população emigrada pouco qualificada, apesar da chegada de novos emigrantes, resume o relatório.
Os 12 países onde há mais portugueses emigrados
Alemanha
É o 7º país do mundo onde há mais portugueses e recebeu 11.000 novos emigrantes nacionais em 2013 (+25,9% que em 2012). Em 2013, viviam na Alemanha cerca de 104.000 portugueses, menos do que os 108.000 em 2000. São mais homens (56%) do que mulheres e metade têm entre 40 e 64 anos. Em 2012, segundo o relatório do governo, 444 nacionais pediram naturalização alemã.
Bélgica
É um dos novos destinos da emigração nacional. Em 2012, a Bélgica recebeu 129.000 portugueses e tornou-se o 6º país com mais emigrantes oriundos de Portugal. Em 2013, viviam em território belga, um total de 31.500 portugueses. Ainda assim, o número de cidadãos nacionais a pedir a naturalização belga, de acordo com o relatório do governo, não aumentou e tem variado anualmente entre 150 e 300.
França
Os portugueses emigrados em França aumentaram de 567.000 em 2005 para 588.000 em 2010, e são a terceira maior comunidade residente (11% do total de imigrantes) a seguir aos argelinos e marroquinos.
Segundo o Censos de 2010:
- 40% dos portugueses emigrados em França eram operários;
- 32% administrativos;
- 8% comerciantes;
- 5% quadros superiores.
Noruega
A emigração tem vindo a aumentar, ainda que continue a ser residual. Em 2000 entraram 50 portugueses na Noruega, número que em 2013 foi já superior a 800. Segundo os dados oficiais, a Noruega é actualmente, o 10º país para onde mais portugueses emigram, tratando-se de um destino emergente e recente. Em 2000 viviam na Noruega 700 portugueses, enquanto em 2013, já eram 2000.
Brasil
Só entre 2010 e 2011, o número de entradas de portugueses aumentou de 798 para 1,56 milhão. Em 2013, 2913 emigrantes nacionais emigraram para o Brasil, o que representou 5% do total das novas entradas em território brasileiro. Entre 2012 e 2013, a emigração portuguesa cresceu 29,6%. O Brasil é o 7º país do mundo para onde mais portugueses emigram, revela o relatório.
Canadá
A emigração para o Canadá é hoje mais reduzida. Desde 2000, o número de entradas anuais manteve-se entre as 200 e as 700. Mas a tendência é de crescimento, ainda que ténue (5% ao ano). Em 2013, 523 novos portugueses escolheram o Canadá para viver e trabalhar (mais 3,4% que no ano anterior). A comunidade portuguesa é pequena e representa apenas 0,2% do total de imigrantes no Canadá.
Holanda
O número de entradas de portugueses tem subido. Em 2011, segundo o relatório do governo, emigraram para a Holanda mais de 1,7 milhão de cidadãos nacionais, o que torna o país o 8º para onde mais portugueses emigram actualmente. O número de emigrantes nacionais a viver na Holanda aumentou mais de 60% entre 2000 e 2013, passando de 9500 para 15.486.
Reino Unido
É actualmente, o país para onde mais portugueses emigram, sobretudo os qualificados. A entrada de nacionais cresceu exponencialmente de cerca de 1800 entradas em 2000 para mais de 30.000 em 2013 (+47,3% do que em 2012). Os portugueses estão já entre as cinco principais comunidades de imigrantes no Reino Unido. Entre 2000 e 2013, o número de portugueses triplicou.
Espanha
A emigração para Espanha cresceu bastante entre 2000 e 2007, mas sofreu um declínio a partir de 2008, devido à crise na construção civil. Mesmo assim, a Espanha continua a ser o 4º país para onde os portugueses mais emigram: em 2012 foram 6000. O ano em que recebeu mais emigrantes nacionais foi 2007 (27.000). Entre 2008 e 2009, o número caiu 42%, para menos de 10.000, e tem continuado a baixar.
Estados Unidos
Desde 2000, a emigração portuguesa tem diminuído. Nesse ano, entraram 1343 emigrantes nos E.U.A., contra 811 em 2012. O número de nacionais a viver nos Estados Unidos caiu para metade desde 2000: o número de entradas não tem sido suficiente para compensar o número de mortes e de regressos a Portugal. Ainda assim, os E.U.A. ainda são o terceiro país do mundo com mais portugueses (158.000).
Luxemburgo
As entradas de portugueses no Luxemburgo representam um quinto do total de entradas de estrangeiros e não têm parado de aumentar desde 1999. Em 2012, o Luxemburgo recebeu 5193 novos emigrantes portugueses. No ano 2000, e a título de comparação, foram 2193. O número de portugueses emigrados no Luxemburgo teve um crescimento de quase metade (46%) em 10 anos.
Suíça
Desde 2003 que o número de entradas de portugueses na Suíça é bastante expressivo, acima de 10.000 por ano. Os portugueses são actualmente a segunda maior comunidade de imigrantes, a seguir à alemã, e a Suíça é o segundo país para onde mais nacionais emigram. Só em 2013 entraram no país quase 30.000 novos portugueses, o que representou uma subida de 106% face a 2012.
Antena Lusa/online.