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Acidentes custaram 2.500 milhões por ano
Os acidentes de viação tiveram, entre 1996 e 2010, um custo económico e social anual médio que rondou os 2.500 milhões de euros, revela um estudo que será hoje apresentado.
Segundo o estudo 'O custo económico e social dos acidentes de viação em Portugal', a que agência Lusa teve acesso, o valor total dos acidentes rodoviários entre 1996 e 2010 foi de cerca de 37.549 milhões de euros, o que representa cerca de 1,64 por cento (%) da produção em Portugal ao longo dos 14 anos em análise.
Neste contexto, os autores do estudo, Arlindo Donário e Ricardo Santos, investigadores da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), estimam um valor médio anual do custo económico e social dos acidentes de viação de cerca de 2.500 milhões de euros, o que significa cerca de 1,54 %, em média, do Produto Interno Bruto (PIB) português de 2010.
Para estes 2.500 milhões de euros contribuíram os cerca de 35% dos acidentes com vítimas mortais, 20% dos acidentes com feridos graves e os 45% respeitantes aos desastres com feridos ligeiros, adianta o documento, encomendado à UAL pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).
O valor médio anual dos acidentes rodoviários foi estimado tendo em conta a perda de produção dos mortos e feridos, que representou 40 por cento, e os danos nos veículos, intervenção directa de entidades fiscalizadoras e honorários pagos a advogados, além dos custos hospitalares, de transportes, de peritagens, com seguros, custas judiciais, funcionamento dos tribunais e com a segurança ou prevenção rodoviária, que anualmente custaram cerca de 1.245,6 milhões de euros.
O estudo concluiu também que o custo económico e social anual médio por acidentes com vítimas, entre mortos e ferido, ronda os 60 mil euros.
Já o custo económico e social anual médio por acidente com vítimas mortais ascende a 735 mil euros, o relativo a acidentes com vítimas mortais ronda os 121 mil euros e com feridos ligeiros atinge os 32 mil euros.
A análise mostra que o custo social anual dos acidentes rodoviários com vítimas mortais diminuiu entre 1996 e 2010, com excepção para 2007, o que se reflectiu numa descida do peso do custo, tendo passado de cerca de 41% em 1996 para cerca de 24% em 2010.
A descida do custo também se verifica com os feridos graves, que passaram de 30% em 1996 para cerca de 14% em 2010.
No entanto, as despesas com os feridos ligeiros aumentaram, verificando-se que a despesa passou de 30% para 61% em 2010.
Os autores salientam o aumento da contribuição dos feridos ligeiros para o custo global dos acidentes em Portugal.
A análise constata que contribuiu para a diminuição dos acidentes a construção de auto-estradas e as medidas políticas, nomeadamente as alterações do Código da Estrada, que agravaram as sanções pecuniárias e obrigaram ao pagamento imediato após verificada a infracção.
Os autores sustentam ainda que a crise económica que tem afectado o país nos últimos anos (pelo menos desde 2007) é «significativa no que toca à diminuição do número de mortos e feridos graves», mas não influenciou a evolução do número de feridos ligeiros durante o período em análise.
Neste contexto, consideram que tanto a crise como as políticas de «tolerância zero» explicam a evolução do total de vítimas, bem como das diferentes tipologias de vítimas no que toca aos acidentes rodoviários em Portugal.
Lusa/SOL