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Primos podem se casar e ter filhos normais?

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Fev 29, 2008
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Existe muita discussão quanto ao casamento entre primos, mas, mesmo assim, muitos deles se casam. No livro “A Consanguinidade em Contexto”, o médico geneticista Dr. Alan H. Bittles comenta enganos comuns a respeito do casamento entre primos, sob os aspectos legais, culturais, religiosos e médicos.


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O casamento entre primos é tabu em grande parte do mundo. Nos Estados Unidos, 31 dos 50 Estados consideram ilegal a união entre primos de primeiro grau ou o permite somente em determinadas circunstâncias. No Brasil, não existe proibição legal. O casamento consanguíneo encontra resistência por parte da igreja católica. Aproximadamente 2% dos casais brasileiros têm esse grau de parentesco. No Sul da Ásia e no Oriente Médio, por outro lado, 20 a 50% dos casamentos são entre primos de primeiro grau ou parentes ainda mais próximos. Mais de 10% da população mundial estão casados com um primo em segundo grau ou mais próximo, ou têm pais que são primos.

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Em exemplos famosos, Charles Darwin (autor da Teoria da Evolução das Espécies) e sua esposa Emma (foto) eram primos em primeiro grau. Os avós de Darwin também eram primos. Culturas onde o casamento entre primos é comum reforçam os seus benefícios sociais e econômicos, tais como o fortalecimento dos laços familiares e a manutenção das riquezas na família. Os opositores desse tipo de união argumentam que o casamento entre primos de primeiro grau aumenta o risco de transmissão de anormalidades genéticas.

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Mas, para o Dr. Bittles (foto), 35 anos de pesquisas sobre as consequências biológicas do casamento entre primos levaram-no a acreditar que os riscos foram muito exagerados. Sem dúvida, as crianças cujos pais são parentes próximos têm maior risco de herdar doenças genéticas, mas os riscos de doença e morte precoce são apenas 3 a 4% mais altos do que no resto da população. E os riscos se aplicam principalmente aos casais que são portadores de doenças que normalmente são extremamente raras. “Em mais de 90% dos casamentos entre primos, o risco de ter um filho com uma anomalia genética é o mesmo que para a população em geral”, afirma Bittles. Além disso, diversos estudos a respeito das consequências deste tipo de matrimônio não consideram a influência de fatores não genéticos sobre a saúde infantil, como, por exemplo, o status sócio-econômico, a dieta materna durante a gravidez e infecções.

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Algum grau de endogamia (acasalamento entre indivíduos aparentados) foi a norma durante uma grande parte da história da humanidade. Do contrário, como nós nos reproduzimos no começo da humanidade? Os cientistas calculam que os primeiros povos a migrar da África possuíam entre 700 a 10.000 reprodutores. Diante desses números reduzidos e do fato de que tais pessoas estavam dispersas em pequenos grupos e, muitas vezes, casadas dentro da sua tribo, parece inevitável que algum nível de acasalamento entre parentes próximos tenha acontecido.

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Uma vantagem do casamento entre parentes biológicos próximos é o fenômeno chamado de “purificação”, no qual genes de doenças são expostos e removidos da sequência genética. Graças a esse fenômeno, o casamento entre parentes no início das populações humanas, manteve a ocorrência de desordens genéticas baixa. Hoje, o casamento entre primos está em ascensão em regiões com grande fluxo de imigrantes vindos de áreas onde a prática é mais comum, como o Norte da África, Oriente Médio, Ásia Central e Meridional. A longo prazo, a redução das famílias e a maior mobilidade em muitas partes do mundo sinalizam que o casamento entre primos deve diminuir,causando mais problemas para a população, no que diz respeito a doenças.

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Todos os casais, primos ou não, podem ter filhos afetados por problemas de origem genética. Para aqueles que não são da mesma família, este risco é de cerca de 3%. Se o casal tiver códigos genéticos parecidos e defeituosos, que ocorre mais frequentemente se forem primos em primeiro grau, a chance de ter um filho com uma doença recessiva aumenta para 6% a 8% (50% a mais). Mas isso só se àqueles que não têm histórico familiar de doença genética. Se os primos de primeiro grau já tiverem um filho com doença recessiva, o risco de recorrência aumenta para 25%, ou 1 em 4 por gestação (independente do número de gestações), “Doenças genéticas na família também podem elevar o risco, mas é preciso uma avaliação mais detalhada”, explica a Dra. Fernanda Teresa de Lima, geneticista do Hospital Albert Einstein, de São Paulo.

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É de suma importância para todos os casais, primos ou não, o acompanhamento médico e nutricional no momento em que eles escolhem ter um filho. Várias medidas podem ser tomadas para que se previna a ocorrência de doenças genéticas. “Para casais com o código genético parecido, é interessante que seja feito também um acompanhamento genético com o médico geneticista. Pelo menos de uma a três consultas, para que possamos ter certeza de que não há nenhuma dúvida restante”, explica a Dra. Fernanda. Durante este acompanhamento, será feito o heredograma (a construção da árvore genealógica do casal, que faz um levantamento genético das doenças recessivas na família). Caso não seja encontrado nenhum histórico de doença recessiva na família, a chance de o casal consaguíneo ter um filho com doença recessiva é de 6%. Vale lembrar que hoje, no Brasil, o aborto não é autorizado em nenhum dos casos de doença genética recessiva.




Fonte: vocesabia
 
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