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Perguntas e respostas sobre hemorragias
Perguntas e respostas sobre hemorragias
A perda de sangue durante a gravidez é sempre causa de grande ansiedade e motivo para consultar o médico assistente. O risco, no entanto, nem sempre tem uma relação directa com a intensidade da perda. Na maioria dos casos, a gravidez prossegue normalmente, sem que seja necessário fazer nada.
A primeira metade da gravidez
Qualquer perda de sangue que ocorra nos primeiros três meses de gravidez pode ser considerada ameaça de aborto. Tal não significa que a sua gravidez esteja definitivamente em risco. No entanto, em 20 por cento dos casos, o aborto pode mesmo acontecer.
Quando contactar o médico?
Uma perda de sangue escassa não implica cuidados imediatos, embora deva ser comunicada ao médico, para que este avalie a situação. Já a existência de uma hemorragia abundante, associada a uma dor tipo menstrual intensa, significa que deve ser observada com maior brevidade.
Que exames serão realizados?
A observação clínica, por si só, pode ser conclusiva, particularmente quando o aborto é inevitável. Pode também identificar uma causa para a perda de sangue que não tenha a ver com a sua gravidez. No entanto, o médico poderá recomendar a realização de uma ecografia, para esclarecer melhor o seu quadro clínico.
O que pode ser avaliado pela ecografia?
Em primeiro lugar, poderá assegurar-lhe que tudo está aparentemente bem em relação à gravidez (lembre-se que esta é a situação mais provável, apesar do seu natural receio!). No caso de algo não estar a correr bem, pode ajudar o médico a perceber se ocorreu aborto e se este foi completo ou incompleto (ainda persiste produto da concepção dentro do útero). Permite ainda a identificação de duas outras situações que, antes da era das ecografias, nunca eram diagnosticadas: um aborto retido (embrião/feto não apresenta batimentos cardíacos numa fase da gestação em que já deveriam ser observados) e uma gravidez anembriónica (quando não se chega a observar formação do embrião).
Que procedimentos irão ser recomendados?
Se tudo estiver aparentemente bem com o embrião/feto, é provável que o médico recomende repouso e repetição da ecografia posteriormente. Considera-se, hoje em dia, que o repouso não modifica o prognóstico da gravidez na fase precoce da mesma, com algumas excepções (ex: eventual pequeno descolamento da placenta); portanto, caso o seu trabalho não seja pesado e lhe seja difícil interrompê-lo, pode manter a sua actividade habitual. Quando a avaliação mostrar que o aborto é inevitável, ou que já ocorreu, mas de forma incompleta, o médico pode propor-lhe que seja efectuada uma curetagem, ou que aguarde alguns dias para permitir que, de uma forma natural, o aborto aconteça de forma completa (se a hemorragia for ligeira). Nos casos anteriormente referidos de aborto retido ou de gravidez anembriónica, é possível que as mesmas recomendações sejam dadas e que, nalguns casos, o médico recomende a repetição do exame ecográfico para confirmar o diagnóstico. Ambas são situações em que a sua gravidez não tem viabilidade, com evolução a curto prazo para o aborto espontâneo.
O que é a curetagem?
É um procedimento efectuado sob anestesia, mediante o qual é removido o conteúdo do interior do seu útero. Esta será a opção imediata se as suas perdas de sangue forem abundantes, já que apenas essa remoção poderá permitir controlar uma hemorragia. Poderá também ter de vir a ser realizada naqueles casos em que se fica a aguardar o aborto natural, mas em que este não ocorre. Quando necessário, procede-se a um tratamento médico prévio que permitirá a dilatação do colo do útero de forma aproximada ao que ocorreria naturalmente. Em geral, o procedimento obrigará a um internamento inferior a 24 horas (varia em função da resposta do seu organismo a esta preparação prévia do colo do útero).
Há algum tratamento para evitar o aborto?
Não. A perda de uma gravidez na fase precoce (até às 12 semanas) indica, na maioria dos casos, que houve anomalias cromossómicas que levaram à inviabilidade embrionária/fetal. O aborto, nesta fase, constitui um espécie de processo de selecção natural, no qual não devemos intervir. Para ter uma noção de como uma gravidez evolutiva é verdadeiramente um milagre da vida, dir-lhe-emos que a percentagem de aborto atinge efectivamente os 60%, quando consideramos a gravidez desde o momento da concepção, havendo dois terços destas gestações que nem chegam a ser diagnosticadas, isto é, nem chega a haver falta menstrual. Em alguns casos previamente estudados, nomeadamente em que o aborto é recorrente (ver adiante), de causa conhecida, serão eventualmente aconselhados tratamentos médicos específicos. Para as ameaças de aborto mais tardias, não há também nenhuma arma terapêutica disponível; no entanto, a evolução para aborto passado o primeiro trimestre é seguramente mais rara e recomenda-se apenas repouso, com remissão da hemorragia a curto prazo.
Como é possível saber qual a razão do aborto?
Conforme já explicámos, após o diagnóstico de gravidez, a possibilidade de aborto atinge os 20%. Esta probabilidade existe em termos teóricos sempre que se engravida, aumentando ligeiramente se já ocorreu numa gravidez prévia. Sendo uma situação tão frequente, e embora se possa adivinhar a sua ansiedade para encontrar uma resposta ao «porquê eu?», a recomendação para a realização de estudos complementares reserva-se para as situações, raras, em que ocorram num casal três ou mais abortos consecutivos precoces (até às 12 semanas), duas situações de aborto retido ou gravidez anembriónica (não consensual) ou nos casos de aborto tardio de causa não identificada. Estes estudos são habitualmente direccionados em função da história clínica do casal e da situação de aborto específica, sendo alguns dispendiosos ou implicando intervenções do foro ginecológico mais complicadas do que a simples observação, pelo que devem ser efectuadas com indicação precisa.
Entre as causas que podem estar na sua génese, encontramos anomalias anatómicas uterinas (configuração do útero, miomas, polipos, por exemplo), doenças maternas não diagnosticadas, nomeadamente endócrinas ou de tipo auto-imune, e até alterações cromossómicas do casal. Infelizmente, a percentagem de casos em que a causa é identificada não é elevada, nem sempre havendo um tratamento eficaz a oferecer. Se o seu caso se enquadra dentro de uma destas situações, compreende-se a sua ansiedade, mas deve pensar em dois aspectos positivos: que afinal consegue uma parte substancial do milagre da vida, que é engravidar; e que tudo o que possamos dizer em temos médicos se refere a padrões estatísticos, ou seja, que embora a existência de três abortos consecutivos justifique um estudo complementar, tal não significa que, para uma percentagem de casais, isso não se enquadre numa situação completamente devida ao acaso, podendo haver gestações posteriores de modo perfeitamente normal!
A hemorragia na fase inicial da gravidez pode ter outro significado?
Efectivamente, existem complicações mais raras que se podem expressar pela perda de sangue: a gravidez ectópica e a mola hidatiforme. A gravidez ectópica pode ocorrer em cerca de 2% das gestações. Conforme o nome indica, consiste na implantação do produto da concepção numa localização anómala, isto é, fora do útero. As trompas são o local mais frequente. Para além da perda de sangue, a grávida sente habitualmente uma dor localizada lateralmente (diferente da menstrual) ou em todo o abdómen. O crescimento normal da gravidez numa trompa pode fazer com que esta distenda e acabe por ocorrer uma hemorragia, podendo então a grávida notar desconforto abdominal generalizado e tonturas ou sensação de desmaio. Trata-se de uma gravidez que não é viável, sendo o objectivo de qualquer tratamento diminuir os riscos para a grávida. A avaliação clínica e ecográfica irão permitir determinar qual o tratamento a efectuar.
A mola hidatiforme consiste no crescimento e formação anómala do tecido placentar. Nestas gestações, pode não haver formação de embrião ou este pode apresentar alteração do número de cromossomas. É também uma gravidez sem viabilidade. Raramente esse tecido placentar anormal pode ter capacidade de se manter no seu organismo, mesmo após ter sido eliminado o produto de concepção, pelo que é importante que mantenha vigilância médica nos meses seguintes.
A segunda metade da gravidez
A perda de sangue após as 20 semanas de gravidez é seguramente menos frequente, complicando apenas cerca de 2-5% das gestações.
Quando consultar o médico?
Os conselhos que já referimos mantêm-se. A perda de sangue deve ser avaliada, de forma mais rápida e urgente nesta fase, particularmente se for abundante e acompanhada de dor ou contracção. Nesta fase da gestação, uma hemorragia significativa pode não só ser um risco para a mãe, como também colocar em causa a sobrevivência do feto.
Qual pode ser o motivo da hemorragia?
Nesta fase, cerca de 60-70% das perdas de sangue têm causa placentar. Pode haver uma localização baixa (muito próxima do colo do útero) ou mesmo tratar-se de placenta prévia (oclui o colo do útero, colocando-se «abaixo» do feto); neste último caso, se a situação persistir na fase final da gravidez, será necessário realizar uma cesariana. Em ambos os casos, a placenta encontra-se na região mais inferior do útero, que se vai distendendo ao longo da gestação e que tem uma irrigação sanguínea diferente, tornando-se possível a hemorragia. Noutros casos, pode haver um descolamento de placenta. Muito raramente, este pode ocorrer numa área considerável da placenta, comprometendo de forma aguda o aporte de oxigénio e nutrientes ao feto, o que pode colocá-lo em risco. A grávida, por seu turno, pode apresentar anemia grave e alterações da coagulação, pelo que se trata também de uma situação de risco materno.
Em caso de descolamento significativo, costumam surgir contracções de carácter intenso e frequente e, muitas vezes, o útero parece não chegar a relaxar. Tal situação deve constituir sinal de alerta. Convém não esquecer a possibilidade de a perda de sangue ter uma causa diferente e menos preocupante: uma inflamação do colo do útero, varizes na região vulvar e vaginal que podem sangrar enquanto efectua a sua higiene pessoal, pequenas hemorragias (sangue vivo ou acastanhado) acompanhadas de muco que surgem quando o seu colo do útero se começa a preparar para o parto. Caso se encontre no último mês de gestação, esta situação não carece de atenção médica, desde que sem outros sintomas (contractilidade dolorosa ou perda de líquido amniótico, por exemplo). No entanto, antes deste período final, pode indicar uma ameaça de aborto tardio ou parto pré-termo, pelo que deve ser observada com brevidade.
Que exames será necessário realizar?
A observação clínica pode ser suficiente. Se a perda for abundante, pode ser necessário realizar uma ecografia para determinar a localização da placenta e/ou existência de algum sinal de descolamento. Poderá ainda efectuar um CTG para avaliar o bem-estar fetal e contractilidade, se já tiver atingido a idade gestacional adequada para que tal exame possa ser realizado.
Que procedimentos irão ser recomendados?
É provável que necessite de internamento hospitalar, no caso de a hemorragia ser significativa, pois há risco acrescido para si e para o feto. Se houver agravamento, ou se surgirem sinais preocupantes para a sua saúde ou a do seu bebé, pode ser necessário realizar uma cesariana (opção imediata se houver descolamento extenso da placenta). Nas situações de causa não placentar, poderá indicar-se algum tratamento específico, por exemplo para eliminar eventual infecção vaginal. . Nota: As indicações dadas neste texto são meramente informativas e não foram colocadas de forma exaustiva todas as situações clínicas possíveis. Cabe ao seu médico explicar-lhe qual o seu caso específico e as opções a tomar
Perguntas e respostas sobre hemorragias
A perda de sangue durante a gravidez é sempre causa de grande ansiedade e motivo para consultar o médico assistente. O risco, no entanto, nem sempre tem uma relação directa com a intensidade da perda. Na maioria dos casos, a gravidez prossegue normalmente, sem que seja necessário fazer nada.
A primeira metade da gravidez
Qualquer perda de sangue que ocorra nos primeiros três meses de gravidez pode ser considerada ameaça de aborto. Tal não significa que a sua gravidez esteja definitivamente em risco. No entanto, em 20 por cento dos casos, o aborto pode mesmo acontecer.
Quando contactar o médico?
Uma perda de sangue escassa não implica cuidados imediatos, embora deva ser comunicada ao médico, para que este avalie a situação. Já a existência de uma hemorragia abundante, associada a uma dor tipo menstrual intensa, significa que deve ser observada com maior brevidade.
Que exames serão realizados?
A observação clínica, por si só, pode ser conclusiva, particularmente quando o aborto é inevitável. Pode também identificar uma causa para a perda de sangue que não tenha a ver com a sua gravidez. No entanto, o médico poderá recomendar a realização de uma ecografia, para esclarecer melhor o seu quadro clínico.
O que pode ser avaliado pela ecografia?
Em primeiro lugar, poderá assegurar-lhe que tudo está aparentemente bem em relação à gravidez (lembre-se que esta é a situação mais provável, apesar do seu natural receio!). No caso de algo não estar a correr bem, pode ajudar o médico a perceber se ocorreu aborto e se este foi completo ou incompleto (ainda persiste produto da concepção dentro do útero). Permite ainda a identificação de duas outras situações que, antes da era das ecografias, nunca eram diagnosticadas: um aborto retido (embrião/feto não apresenta batimentos cardíacos numa fase da gestação em que já deveriam ser observados) e uma gravidez anembriónica (quando não se chega a observar formação do embrião).
Que procedimentos irão ser recomendados?
Se tudo estiver aparentemente bem com o embrião/feto, é provável que o médico recomende repouso e repetição da ecografia posteriormente. Considera-se, hoje em dia, que o repouso não modifica o prognóstico da gravidez na fase precoce da mesma, com algumas excepções (ex: eventual pequeno descolamento da placenta); portanto, caso o seu trabalho não seja pesado e lhe seja difícil interrompê-lo, pode manter a sua actividade habitual. Quando a avaliação mostrar que o aborto é inevitável, ou que já ocorreu, mas de forma incompleta, o médico pode propor-lhe que seja efectuada uma curetagem, ou que aguarde alguns dias para permitir que, de uma forma natural, o aborto aconteça de forma completa (se a hemorragia for ligeira). Nos casos anteriormente referidos de aborto retido ou de gravidez anembriónica, é possível que as mesmas recomendações sejam dadas e que, nalguns casos, o médico recomende a repetição do exame ecográfico para confirmar o diagnóstico. Ambas são situações em que a sua gravidez não tem viabilidade, com evolução a curto prazo para o aborto espontâneo.
O que é a curetagem?
É um procedimento efectuado sob anestesia, mediante o qual é removido o conteúdo do interior do seu útero. Esta será a opção imediata se as suas perdas de sangue forem abundantes, já que apenas essa remoção poderá permitir controlar uma hemorragia. Poderá também ter de vir a ser realizada naqueles casos em que se fica a aguardar o aborto natural, mas em que este não ocorre. Quando necessário, procede-se a um tratamento médico prévio que permitirá a dilatação do colo do útero de forma aproximada ao que ocorreria naturalmente. Em geral, o procedimento obrigará a um internamento inferior a 24 horas (varia em função da resposta do seu organismo a esta preparação prévia do colo do útero).
Há algum tratamento para evitar o aborto?
Não. A perda de uma gravidez na fase precoce (até às 12 semanas) indica, na maioria dos casos, que houve anomalias cromossómicas que levaram à inviabilidade embrionária/fetal. O aborto, nesta fase, constitui um espécie de processo de selecção natural, no qual não devemos intervir. Para ter uma noção de como uma gravidez evolutiva é verdadeiramente um milagre da vida, dir-lhe-emos que a percentagem de aborto atinge efectivamente os 60%, quando consideramos a gravidez desde o momento da concepção, havendo dois terços destas gestações que nem chegam a ser diagnosticadas, isto é, nem chega a haver falta menstrual. Em alguns casos previamente estudados, nomeadamente em que o aborto é recorrente (ver adiante), de causa conhecida, serão eventualmente aconselhados tratamentos médicos específicos. Para as ameaças de aborto mais tardias, não há também nenhuma arma terapêutica disponível; no entanto, a evolução para aborto passado o primeiro trimestre é seguramente mais rara e recomenda-se apenas repouso, com remissão da hemorragia a curto prazo.
Como é possível saber qual a razão do aborto?
Conforme já explicámos, após o diagnóstico de gravidez, a possibilidade de aborto atinge os 20%. Esta probabilidade existe em termos teóricos sempre que se engravida, aumentando ligeiramente se já ocorreu numa gravidez prévia. Sendo uma situação tão frequente, e embora se possa adivinhar a sua ansiedade para encontrar uma resposta ao «porquê eu?», a recomendação para a realização de estudos complementares reserva-se para as situações, raras, em que ocorram num casal três ou mais abortos consecutivos precoces (até às 12 semanas), duas situações de aborto retido ou gravidez anembriónica (não consensual) ou nos casos de aborto tardio de causa não identificada. Estes estudos são habitualmente direccionados em função da história clínica do casal e da situação de aborto específica, sendo alguns dispendiosos ou implicando intervenções do foro ginecológico mais complicadas do que a simples observação, pelo que devem ser efectuadas com indicação precisa.
Entre as causas que podem estar na sua génese, encontramos anomalias anatómicas uterinas (configuração do útero, miomas, polipos, por exemplo), doenças maternas não diagnosticadas, nomeadamente endócrinas ou de tipo auto-imune, e até alterações cromossómicas do casal. Infelizmente, a percentagem de casos em que a causa é identificada não é elevada, nem sempre havendo um tratamento eficaz a oferecer. Se o seu caso se enquadra dentro de uma destas situações, compreende-se a sua ansiedade, mas deve pensar em dois aspectos positivos: que afinal consegue uma parte substancial do milagre da vida, que é engravidar; e que tudo o que possamos dizer em temos médicos se refere a padrões estatísticos, ou seja, que embora a existência de três abortos consecutivos justifique um estudo complementar, tal não significa que, para uma percentagem de casais, isso não se enquadre numa situação completamente devida ao acaso, podendo haver gestações posteriores de modo perfeitamente normal!
A hemorragia na fase inicial da gravidez pode ter outro significado?
Efectivamente, existem complicações mais raras que se podem expressar pela perda de sangue: a gravidez ectópica e a mola hidatiforme. A gravidez ectópica pode ocorrer em cerca de 2% das gestações. Conforme o nome indica, consiste na implantação do produto da concepção numa localização anómala, isto é, fora do útero. As trompas são o local mais frequente. Para além da perda de sangue, a grávida sente habitualmente uma dor localizada lateralmente (diferente da menstrual) ou em todo o abdómen. O crescimento normal da gravidez numa trompa pode fazer com que esta distenda e acabe por ocorrer uma hemorragia, podendo então a grávida notar desconforto abdominal generalizado e tonturas ou sensação de desmaio. Trata-se de uma gravidez que não é viável, sendo o objectivo de qualquer tratamento diminuir os riscos para a grávida. A avaliação clínica e ecográfica irão permitir determinar qual o tratamento a efectuar.
A mola hidatiforme consiste no crescimento e formação anómala do tecido placentar. Nestas gestações, pode não haver formação de embrião ou este pode apresentar alteração do número de cromossomas. É também uma gravidez sem viabilidade. Raramente esse tecido placentar anormal pode ter capacidade de se manter no seu organismo, mesmo após ter sido eliminado o produto de concepção, pelo que é importante que mantenha vigilância médica nos meses seguintes.
A segunda metade da gravidez
A perda de sangue após as 20 semanas de gravidez é seguramente menos frequente, complicando apenas cerca de 2-5% das gestações.
Quando consultar o médico?
Os conselhos que já referimos mantêm-se. A perda de sangue deve ser avaliada, de forma mais rápida e urgente nesta fase, particularmente se for abundante e acompanhada de dor ou contracção. Nesta fase da gestação, uma hemorragia significativa pode não só ser um risco para a mãe, como também colocar em causa a sobrevivência do feto.
Qual pode ser o motivo da hemorragia?
Nesta fase, cerca de 60-70% das perdas de sangue têm causa placentar. Pode haver uma localização baixa (muito próxima do colo do útero) ou mesmo tratar-se de placenta prévia (oclui o colo do útero, colocando-se «abaixo» do feto); neste último caso, se a situação persistir na fase final da gravidez, será necessário realizar uma cesariana. Em ambos os casos, a placenta encontra-se na região mais inferior do útero, que se vai distendendo ao longo da gestação e que tem uma irrigação sanguínea diferente, tornando-se possível a hemorragia. Noutros casos, pode haver um descolamento de placenta. Muito raramente, este pode ocorrer numa área considerável da placenta, comprometendo de forma aguda o aporte de oxigénio e nutrientes ao feto, o que pode colocá-lo em risco. A grávida, por seu turno, pode apresentar anemia grave e alterações da coagulação, pelo que se trata também de uma situação de risco materno.
Em caso de descolamento significativo, costumam surgir contracções de carácter intenso e frequente e, muitas vezes, o útero parece não chegar a relaxar. Tal situação deve constituir sinal de alerta. Convém não esquecer a possibilidade de a perda de sangue ter uma causa diferente e menos preocupante: uma inflamação do colo do útero, varizes na região vulvar e vaginal que podem sangrar enquanto efectua a sua higiene pessoal, pequenas hemorragias (sangue vivo ou acastanhado) acompanhadas de muco que surgem quando o seu colo do útero se começa a preparar para o parto. Caso se encontre no último mês de gestação, esta situação não carece de atenção médica, desde que sem outros sintomas (contractilidade dolorosa ou perda de líquido amniótico, por exemplo). No entanto, antes deste período final, pode indicar uma ameaça de aborto tardio ou parto pré-termo, pelo que deve ser observada com brevidade.
Que exames será necessário realizar?
A observação clínica pode ser suficiente. Se a perda for abundante, pode ser necessário realizar uma ecografia para determinar a localização da placenta e/ou existência de algum sinal de descolamento. Poderá ainda efectuar um CTG para avaliar o bem-estar fetal e contractilidade, se já tiver atingido a idade gestacional adequada para que tal exame possa ser realizado.
Que procedimentos irão ser recomendados?
É provável que necessite de internamento hospitalar, no caso de a hemorragia ser significativa, pois há risco acrescido para si e para o feto. Se houver agravamento, ou se surgirem sinais preocupantes para a sua saúde ou a do seu bebé, pode ser necessário realizar uma cesariana (opção imediata se houver descolamento extenso da placenta). Nas situações de causa não placentar, poderá indicar-se algum tratamento específico, por exemplo para eliminar eventual infecção vaginal. . Nota: As indicações dadas neste texto são meramente informativas e não foram colocadas de forma exaustiva todas as situações clínicas possíveis. Cabe ao seu médico explicar-lhe qual o seu caso específico e as opções a tomar