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Roubo de cobre chega às eólicas, ao metro e até às prisões

florindo

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Cortar a meio postos eléctricos, arrancar pivôs de rega e carris de caminhos-de-ferro, galgar postos de transformação de energia.
Vale tudo, muitas vezes a própria vida, para os ladrões que fazem do furto de cobre uma fonte de rendimento.
O fenómeno disparou em todo o país, e muitos sucateiros chegam a pagar cinco ou mais euros por quilo de cobre, aceitando material em bruto.
Só no último ano, na área da GNR, o crime cresceu 61%, chegando aos 9.491 assaltos, ou seja, 26 por dia.
Os prejuízos, para empresas e particulares, passaram de oito para 26 milhões de euros.
Mas as redes organizadas estão a desbravar novos territórios.
Nos últimos meses, a GNR detectou furtos em parques eólicos que têm ocorrido sobretudo no Norte do país.
Apesar de «recente» e ainda por quantificar, o fenómeno está a causar preocupação às autoridades.
«Estamos a falar de autênticos profissionais.
Estes ataques exigem conhecimentos muito específicos, até porque as ‘torres’ têm sistemas de segurança internos, incluindo videovigilância» – disse ao SOL o tenente-coronel João Nascimento, chefe da divisão de análise e investigação criminal da GNR.
«Depois de desactivarem estes sistemas e as fontes de alimentação, limitam-se a puxar e a cortar os diversos cabos de cobre, que têm diferentes dimensões», refere o oficial. Muitas destas ‘empreitadas’ são levadas a cabo por «funcionários de empresas subcontratadas pela EDP, dada a experiência e os conhecimentos na área».

15 milhões de prejuízo na EDP

A EDP é, de resto, uma das empresas mais lesadas com este crime.
No ano passado, os 5.612 assaltos a postos de transformação e subestações causaram à eléctrica danos de 15 milhões de euros, mais sete milhões do que em 2010.
«Desde 2009 foram furtados cerca de quatro mil quilómetros de rede e 865 transformadores (equipamentos instalados nos postos de transformação).
Só estes últimos continham cerca de 346 toneladas de cobre», disse ao SOL fonte oficial da empresa, que tem investido na tecnologia para travar esta escalada.
«Temos vindo a instalar equipamentos anti-intrusão, desde câmaras de videoprotecção, aparelhos de sensorização que detectam movimento e temperatura, a sensores de movimento com GPS associado», acrescenta aquela fonte da empresa.
Até Maio deste ano, a EDP já sofreu 3.096 furtos, mais 46% do que no mesmo período de 2011.

Almeirim vai cortar estradas

Muitas vezes, é a própria população quem alerta a Polícia.
Foi isso que aconteceu em Maio, na freguesia da Terrugem, em Sintra: os habitantes de um condomínio aperceberam-se de movimentos suspeitos de um homem de 35 anos, que entrava e saía de um posto de transformação da EDP.
O mais caricato estava por vir.
Quando a patrulha da GNR chegou ao local, o ladrão já se tinha trancado no posto para evitar a ira dos populares.
E recusou sair, mesmo com a garantia de protecção dos militares.
Resultado: a GNR teve de recorrer ao piquete da EDP para entrar no edifício.
O episódio aconteceu em plena luz do dia, mas a maioria dos assaltos dão-se pela calada da noite, em áreas isoladas, longe dos aglomerados urbanos.
No concelho de Almeirim, os agricultores têm sido um alvo frequente, sofrendo milhares de prejuízos à conta do furto de maquinaria e pivôs de rega.
Para travar os ladrões, a Câmara aprovou este ano uma medida radical: proibir a circulação de veículos não autorizados entre as 19 horas e as sete da manhã em algumas estradas municipais – cerca de 11% do concelho.
Aos moradores e agricultores da zona serão atribuídos dísticos para facilitar a distinção face aos ‘invasores’.
«Os roubos não vão acabar. Mas a ideia é que a própria população denuncie à GNR quem não tiver dístico», diz Pedro Ribeiro, vice-presidente da autarquia.
Este flagelo começa a estender-se a locais mais ‘improváveis’, no interior das grandes cidades.
Neste momento, a PSP está a investigar cinco assaltos ocorridos já este ano no metropolitano de Lisboa.
Ao que o SOL apurou, os ladrões esperam que o metro encerre e introduzem-se nas estações onde o comboio circula à superfície.
Arrancam vários fios de cobre que se encontram nos túneis e que afectam a iluminação das estações e o funcionamento das escadas rolantes.
Actuam, segundo a Polícia, em grupos de dois a três elementos e têm idades entre os 20 e os 35 anos.
Fonte oficial do Metropolitano garante que muitas vezes os assaltantes são apanhados a tempo de evitar o furto.
«Quando isso não é possível, são fornecidas as imagens às autoridades», acrescenta.

Furtos na prisão

As autoridades detectaram recentemente um novo esquema no mínimo insólito.
A GNR identificou em Dezembro um preso que facilitava o acesso da mulher, filha e genro a certos locais do estabelecimento para que ali furtassem fios.
«O grande problema com que nos debatemos é que o cobre deverá continuar em alta nos mercados, o que propicia mais furtos», observa o tenente-coronel João Nascimento.
Desde 2009 que a cotação do metal mais do que duplicou nos mercados internacionais e, neste momento, chega a atingir os seis euros por quilo.
Mas para os criminosos – a maioria portugueses, mas também cidadãos do Leste da Europa e de etnia cigana – este não é o único atractivo do metal.
«O cobre pode ser reciclado vezes sem conta (derretido e transformado) e não perde as suas propriedades», nota o oficial, acrescentando que parte do material furtado acaba por ser escoado para o estrangeiro: «É uma matéria-prima apetecível sobretudo para países emergentes, como a Índia e a China [o maior consumidor mundial do metal]».
No que toca a redes internacionais, a GNR tem, aliás, referenciados cidadãos chineses por envolvimento, não em furtos, mas no topo da cadeia de escoamento.
Quando o metal reentra no mercado nacional, é geralmente pela mão de sucateiros – que ou o revendem ou, se tiverem licença, o derretem e reciclam.

Fonte: SOL
 
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