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Mesadas educam o sentido de responsabilidade

Luz Divina

GF Ouro
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Mesadas educam o sentido de responsabilidade



Semanadas ou mesadas ajudam a desenvolver a capacidade de tomar decisões de crianças e jovens. A quantia a atribuir deve depender da maturidade de quem recebe e do orçamento de quem dá.
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Dar ou não mesadas, eis a questão. Há várias perguntas nas cabeças dos pais. A partir de que idade será conveniente as crianças andarem com dinheiro nos bolsos? Será ou não uma boa decisão atribuir uma mesada aos filhos ou será preferível serem sempre os adultos a controlar os gastos? Que valor dar e quando dar? Quem estuda estes assuntos garante que dar uma mesada ou uma semanada aos mais pequenos não deve ser visto como um problema. Dar a oportunidade a uma criança de gerir o seu próprio dinheiro ajuda a estimular várias competências. Autonomia e responsabilização são duas palavras que encaixam perfeitamente neste tema.

Para a psicóloga Adriana Campos, responsável pelo serviço de Psicologia e Orientação do Agrupamento de Escolas de Leça da Palmeira e Santa Cruz do Bispo, é importante educar e disciplinar os mais novos para o uso consciente e responsável do dinheiro. Atribuir essa responsabilidade ajuda a promover o crescimento, a autonomia, a capacidade de tomada de decisões. Como explica à Educare.TV, gerir dinheiro ajuda a perceber que há coisas baratas e outras caras e que os euros não duram para sempre.

Em seu entender, será mais vantajoso atribuir uma semanada a crianças que tenham idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos. Um período de tempo mais curto, semana a semana, e não mês a mês, facilita essa gestão. Importante é também respeitar o dia em que se dá o dinheiro e cumprir a data acordada. E a quantia? Adriana Campos refere que é difícil estabelecer um valor. Tudo depende da maturidade da criança e do orçamento familiar disponível. De qualquer forma, o valor não deve ser demasiado elevado ou demasiado baixo. O mais importante, na sua opinião, é para que servirá o dinheiro.

Mikaela Öven tem três filhos, dedica-se à parentalidade e educação de crianças, tem o blogue Mamamia, é conselheira familiar, licenciada em Recursos Humanos, e já pensou no assunto. Em seu entender, cada família deverá decidir dar ou não uma mesada aos filhos depois de analisar as suas capacidades. A vários níveis. Ou seja, os pais têm de saber se estão ou não preparados para deixar uma criança gerir dinheiro. E, por outro lado, têm de avaliar se o filho tem ou não maturidade suficiente para o fazer. Habitualmente, os pais optam por dar semanadas aos filhos que têm entre 7 e 10 anos e só depois passam para as mesadas.

Cada caso é um caso. "A minha filha de oito anos tinha uma semanada de três euros, mas vai agora passar a ter uma mesada de 12 euros, um valor que para nós faz sentido e encaixa no nosso orçamento familiar. Cada família terá que ver o que faz sentido, tendo em conta a sua realidade e não a realidade dos amigos da criança", refere. Mikaela Öven é sueca e no seu país todos os bancos têm, nos seus sites, os valores médios que os pais devem atribuir aos filhos, por idades, que podem servir de base às negociações entre pais e filhos.

A idade faz diferença nesta questão. "Faz sentido aumentar com a idade, mas com valores maiores acho que se pode esperar que certas despesas serão também incluídas nesse valor. Por exemplo, um adolescente que recebe 100 euros por mês, será aceitável que esse valor inclua as despesas de roupa". Até porque, sublinha, "isso cria aprendizagens valiosas quando, por exemplo, tem que tomar a decisão de comprar as calças de ganga de marca, e gastar a mesada toda, ou comprar umas mais baratas para também poder comprar outras coisas".

Mikaela Öven olha para a semanada ou mesada como uma quantia de dinheiro que as crianças ou jovens podem utilizar como quiserem. Livre de tarefas obrigatórias. Ou seja, sem ser uma espécie de recompensa ou de castigo. "A ideia é a criança ter o direito, a responsabilidade, de poupar ou gastar, da forma que achar melhor para também poder viver as consequências das suas próprias escolhas. E essa ideia é a grande vantagem. Se os pais interferirem na forma como a criança gasta o seu dinheiro, as aprendizagens não são dela", refere.

Fazer a cama, lavar a louça, arrumar o quarto, levantar a mesa são tarefas do dia a dia que, para a mãe de três filhos, não devem ser remuneradas. "A criança deveria fazer estas coisas porque entende que está a contribuir para o bem-estar da família e o ganho é mesmo só esse". Mas há tarefas extraordinárias como, por exemplo, lavar o carro que podem dar dinheiro extra - poupando-se numa ida à oficina. "Para alguns pais isto até pode fazer mais sentido. Se a criança quiser dinheiro, terá de contribuir ‘fora do normal' e não há uma mesada fixa".

"A mesada ou semanada deve constituir um ganho de autonomia e não deve ser um fator de ostentação e cobiça. Cada pai e mãe têm de conhecer o seu filho e saber quanto pode delegar e, por outro lado, até que ponto o está a expor", afirma Margarida Gaspar de Matos, psicóloga e investigadora na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa. A questão, na sua perspetiva, tem a ver com o binómio autonomia e responsabilização que aliás faz parte do processo educativo."Há crianças que desde muito novas gerem uma mesada ou semanada, que inclui as refeições. Para outras é apenas para extras". Por isso, os valores devem necessariamente ser diferentes.

A investigadora recorda, a propósito, um estudo feito em 2010 que envolveu adolescentes entre os 11 e os 16 anos, numa amostra nacional representativa do 6.º, 8.º e 10.º anos. Os resultados demonstraram que 6,3% dos adolescentes não tinham mesada, 38,8% tinham até cinco euros por semana, 31,4% até 10 euros por semana, 17,4 até 20 euros por semana e 6,3% recebiam mais do que 20 euros por semana. Os rapazes e os mais velhos referiram ter uma semanada mais elevada.

"Neste momento, as escolas têm um sistema de cartões pré-pagos que os pais podem adquirir para terem maior certeza da aplicação das verbas. Mas não há nada melhor do que educar na responsabilização, na confiança e na autonomia, porque estratagemas são sempre possíveis", lembra Margarida Gaspar de Matos.




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