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Os homens da xávega, impedidos, pelas quotas, de vender ou dar carapau pequeno, deitam-no ao lixo
Na xávega, os pescadores lançam as redes para cercar os cardumes, puxando-as para a praia através de cordas recolhidas por tratores
As gaivotas não precisam de pescar na praia da Torreira, Murtosa. Nas últimas duas semanas, toneladas de carapau foram mandadas para o lixo pelos pescadores da arte xávega
Acabado de pescar, mas já morto pelo arrastar na areia, o peixe ficou na praia à mercê dos pássaros
É carapau pequeno, com 12 a 14 centímetros de comprimento (T6), que deixou de poder ser pescado em Portugal há duas semanas pelo facto do país ter atingido o limite da quota anual
O problema, para os pescadores de xávega, um milhar em todo o país, é que, nas áreas onde pescam, quase todo o carapau é imaturo...
… não atingindo, muitas vezes por milímetros, os 15 centímetros permitidos para poder ser comercializado...
Sem o poder vender, e proibido de ser oferecido a instituições de solidariedade, confirma fonte fiscal, resta deitá-lo fora
Na xávega não há radares para escolher peixe à medida. É uma pesca cega. Só se vê quando as redes puxadas pelos tratores atingem a praia
A revolta resulta da constatação. "Nunca o mar teve tanto carapau e nós sem o podermos pescar", resume José Vieira responsável por uma companha (grupo de pescadores) em Mira
Marco Silva, dono de uma companha que dá trabalho a 20 homens e mulheres, vai fazer o último lanço do ano. "Não posso perder mais dinheiro", diz ao JN
No início desta semana deitou uma tonelada de sarda para o mar, também por não haver quota. Anteontem, foi meia tonelada de carapau
O último arremesso das redes não é diferente. "É um lanço razoável em quantidade, deve trazer uma tonelada de peixe, mas a maioria é carapau prematuro, que vai ficar na areia"
Marco calcula que não conseguirá fazer mais de 30 euros com a sardinha, o carapau crescido e algumas anchovas
"Se pudesse vender o carapau mais pequeno ganharia 500 euros", compara
O que vai arrecadar não dá para as despesas...
Só em gasóleo para o barco, tratores e pescadores que vêm de Cortegaça gastou ontem 200 euros...
"Para mim o mar acabou este ano". Acabou na Torreira, tal como nas vizinhas Mira e Vagueira
A solução, diz o vereador da Murtosa, Januário Cunha "é sensibilizar Bruxelas para a especificidade da arte xávega, de forma a que tenham uma quota própria para poderem trabalhar todo o ano"
Recentemente, foi criada uma comissão que falará com os responsáveis comunitários pela pescas.
JN